Lee Aguiar
É pela vida das mulheres
Doce Viagem

8 de março histórico em Goiânia, 2017.
LEGALIZA!
O CORPO É NOSSO!
É PELA VIDA DAS MULHERES!
Abro os olhos entre o momento da consciência presente e a ilusão de sonhos esquizofrênicos, será que sonhava com um mundo utopicamente justo? Acordo olhando para as paredes pixadas de minha bolha particular, me esqueço que falta pedaços para os gritos cotidianos engasgados na janela da mente.
A cada dia que se passa percebo que nós mulheres precisamos debater mais sobre a emancipação. Como se apoiar e entender as diversas facetas do feminismo?
O feminismo não faz sentido se não for anticapitalista.
Tudo é um processo. Pra mim, aceitar que eu poderia abdicar do sutiã, usar cabelo curto, deixar meus pelos crescerem naturalmente sem me preocupar com a depilação, usar as roupas que eu queria sem vergonha de me aceitar foi um imenso processo interno.
Não minto nem omito: me aceitar doeu muito. Fugir dos padrões impostos (mesmo sendo uma mulher branca e magra) de feminilidade, sendo autêntica e colorida, não foi fácil. Me machuquei muito até aceitar que eu podia sim fazer tudo isso me sentindo linda e maravilhosa sendo quem eu sou.
Assim como todas as mulheres livres, aprendi a ser durona. Graças a várias mulheres feministas consegui acreditar em mim mesma como profissional e não me deixar abalar quando soltavam algo do tipo "você é estranha demais pra ser jornalista, assim ninguém vai te levar a sério".
Precisamos pontuar que o feminismo para ser verdadeiramente compreendido é necessário realizar recorte de classe e cor. O processo de empoderamento não será igual para todas as mulheres, o que me empodera pode não ser a mesma coisa pra você.
A moral dessa história é: você aprende a lutar e isso vira necessidade pois você não aceita mais não ser livre. O feminismo é a ideia radical de que mulheres também são pessoas. Você não é louca por ser você, acredite no seu instinto mana.
Os corpos estão entrelaçados em vísceras intrínsecas de fatalidades fúteis. O poder vigente está domando a cada segundo que se passa as mentes frágeis da população brasileira, que corre sem estudo, saúde e cultura.
Grito pelo empoderamento pois temos lutas importantes para serem travadas. Precisamos legalizar o aborto legal, seguro e gratuito para todas as pessoas com útero. Precisamos acabar com o feminicídio, com a violência contra a mulher, precisamos lutar contra as pessoas transfóbicas que não aceitam mulheres trans.
Precisamos acabar com o racismo que marca o corpo das mulheres negras, precisamos acabar com o genocídio que destrói mulheres indígenas e suas terras. Precisamos nos unir.
Nessa semana, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, venho clamar: SE EMPODERE e se prepare para a luta hermana.
Juntas somos fortes.
Se inspire: NI UNA A MENOS!