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Ditadura pós-moderna: Temer e aliados


A construção da sociedade se deu através do poder conquistado pelos seres humanos de exercer a agricultura. Talvez tenha sido a primeira revolução social, pois permitiu que seres humanos, organizassem um jeito de proteger e alimentar a raça de forma mais próxima do chamado civilização.

Porém, a conquista da sobrevivência e sua dissipação para vários grupos em lugares distintos, de alguma forma gerou o sentimento imperial que ainda perpetua na sociedade pós-moderna. A construção humana se constituiu pela busca do poder e soberania sob outros grupos.

O Brasil por sua vez, é um país onde a história começa com o massacre e a escravidão dos nativos indígenas; passando pela colônia, império e a república percebesse o mesmo padrão de quem conquista o poder. Desde os primórdios, com a catequese dos índios, uma pequena parcela direciona a educação de uma larga população, que por sua vez foi silenciada com diversas formas de opressão.

A construção por meio de um estupro, hora social – com a cultura esquecida e “reeducada” de acordo com princípios europeus; hora econômica – com as riquezas sendo retiradas desde o Pau-Brasil, café, escravos até o atual resto dos recursos naturais.

Atualmente a democracia. Substantivo feminino. “Governo em que o povo exerce a soberania”. Finalmente se teria justiça, pois a base democrática provém da igualdade e dignidade para todas as pessoas, independente da classe social.

Utópico, porém constitucional. Sem dúvida, a instabilidade política diminui a democracia, de forma que o controle do futuro fique solto ao ar, dando a possibilidade de uma parcela continuar no poder, como à milênios e afins. Na pós modernidade na sociedade se organizou com a compra de campanhas e políticos, o que reflete na venda de leis e direitos para favorecer uma parcela que domina a economia.

Donos da sociedade, o que querem? Recursos naturais, mão de obra barata e a extinção dos direitos trabalhistas? Geologicamente estratégico? Deem os seus lances, a democracia brasileira está à venda.

Educação

Educar os recém-chegados à Terra é uma função da família e sociedade. A construção do adulto é direcionada para sua entrada na engrenagem social, para isso ele precisa entender o contexto sócio-político onde vive.

“Para fortalecer a democracia é necessário humanizar a educação, torna-la mais acessível à realidade dos alunos. Educar uma formação do sujeito, e não um mero reprodutor. Quando ofertado ao aluno mais letramento, ao invés de apenas alfabetizar, tem-se uma democracia mais sólida. O aluno precisa compreender seu papel como sujeito histórico,” afirma Brunno Carvalho, estudante de Letras na Universidade Federal de Goiás.

A despolitização brasileira é fruto de um ensino ainda não encontrado nas escolas – principalmente as públicas, como funciona o sistema. Porque ele é assim, e existe direitos? Não se questiona autoridades ou verdades absolutas.

Os alunos antecipam sua rotina acordando cedo e comprometem horas de sono, prejudicando a formação do cérebro. Ficam na escola por um longo tempo e com a implantação de escolas integrais o problema se agrava. Durante 12 horas reservadas para o ensino, o aluno não adquire autonomia para exercer funções fisiológicas básicas do ser humano: ir ao banheiro, comer e descansar. Através desse sistema escolar, é ensinado aos jovens que a sociedade priva o direito à liberdade e escolha, não tendo poder sobre si mesmo.

“O ensino tecnicista cansa o aluno, pois não ensinamos que ele pode criar e inventar o novo ao invés de apenas reproduzir. Segregamos os jovens de acordo com a sua realidade financeira, separando bem quem é mão de obra e quem pensa em como e porque esse trabalho deve ser feito,” continua Brunno Carvalho.

Outro ponto, o ambiente escolar propicia que pessoas convivam com realidades similares a sua, isso por si só dificulta a visão ampla da desigualdade social. Não é ensinado que existe uma diferença econômica entre os status das profissões e quem a exerce.

“Uma grande parte dos brasileiros não tem acesso a direitos humanos, como água tratada, esgoto, comida, casa, saúde e afins. Elas não sabem quais são os seus direitos e o povo precisa entender até onde ele vai. Mas como eles saberiam? A educação é precária, autoritária e segregada.” Explica Gustavo San Martin, empreendedor e CEO da ONG AME.

A educação brasileira favorece à concentração econômica nas mãos de poucos. Porém, a democracia como sistema político defende que todos são iguais perante as leis, e que qualquer indivíduo tem direitos sociais garantidos pela constituição de 1988.

“Para mudar um conceito, uma cultura, alterar um padrão negativo de vivências e costumes em sociedade é preciso investir um valor maciço e constante em educação. Por exemplo, vivemos em um país onde ter um cartão de crédito significa ter mais dinheiro, mas ai esse cartão representa o dinheiro que você tem e mais um pouco, e de repente você não tem como pagar. Logo num país onde as taxas de crédito são extremamente altas e abusivas, porque não tirar essa cultura e implementar uma cultura de guardar e não consumir? Isso é um impacto na sociedade que vai muito além do que está no bolso da pessoa, mas no que tá na cabeça dela, nos desejos de consumo, e mudar isso pra uma pessoa que se cuida – pois se guarda,” analisa Roberto Veiga, formado em Relações Internacionais pela PUC Goiás.

O ser humano encontra-se em um processo evolutivo: físico, social e psicológico. Todavia, a forma que aprendemos a viver em sociedade foi construída como um jogo de xadrez: as peças sustentam o jogo e alguém controla as peças, para que elas desenvolvam de acordo com a cultura de consumo predominante.

Poder popular

Teatro de sombras em uma caverna profunda, Platão. Cômico, uma história que descreva a base da sociedade à 427 a.C.

Atualmente, vive-se em uma plutocracia conservadora, como afirma Brunno. “Existe no Brasil não somente uma democracia fragilizada, mas onde ocorreu o emparelhamento do estado burguês, onde teve uma perda da hegemonia do poder para as classes trabalhadoras”.

O conceito democrático é baseado na construção de uma civilização que convive de forma pacífica, pensando no bem estar da raça humana, todos trabalhando para sustentar à engrenagem social. Esse sistema de organização e administração tem como filosofia o poder nas mãos do povo, onde o representante seja escolhido pela maioria e é direito de qualquer um se candidatar, de acordo com as regras eleitorais.

Então por que perpetua pela cultura brasileira, a concepção de que somente pessoas com poder aquisitivo consideravelmente alto são as únicas capazes de chegar de fato à um cargo representativo?

Para Roberto Veiga, a única forma de entender o contexto atual é olhar para a história da construção da sociedade moderna do Brasil. “Não é qualquer um que se candidata, primeiro porque as pessoas acham que política é uma obrigação e não um direito. Os jovens não são ensinados à se interessar por política, e os que se interessam, na maioria das vezes já tem um lado definido. Acaba que os outros jovens definem sua ideologia ou criam um conceito em relação a quem está no poder de acordo com a opinião pública. Em raras exceções a pessoa fala porque ela tem conhecimento de fato histórico ou político do que realmente são evidências desse processo e não somente citações ou publicações midiáticas avulsas sobre determinada situação política.”

A política então fica à mercê do capital, dificultando a ascensão do trabalhador ao cargo máximo de poder institucional, a presidência. O Lula foi o primeiro presidente eleito que representou de forma mais próxima o trabalhador, pela sua construção social. Um homem analfabeto que conseguiu implementar medidas que diminuíssem a desigualdade, e de certa forma, unificou a esquerda com a eleição de seu primeiro mandato.

Porém, Lula e sua sucessora Dilma, assim como todo político, tiveram que se adequar as exigências das grandes empresas, para favorecer o ‘crescimento’ econômico. Com isso, o poder social passa para a mão de grandes empresários, pois uma mão de obra barata e calada garante mais lucro.

O momento político que o Brasil enfrenta é um paradoxo monetário. Dilma, no seu segundo mandato, decidiu não diminuir o investimento social – como Fies, Prouni, Minha casa minha vida, farmácia popular etc; mesmo o país estando em uma crise financeira. Se o Partido dos Trabalhadores tivesse um conceito neoliberal extremo, talvez direcionasse o dinheiro em investimento na indústria, o que beneficiaria os grandes empresários e geraria movimentação da economia.

A pausa do governo Dilma em consequência do impeachment, e a iniciação do governo Temer trouxe uma séries de reformas sociais que irão impactar gerações. A reforma trabalhista, a PEC 241, reforma da previdência, e o cancelamento de auxílios sociais são de suma importância para que o brasileiro fique cada dia mais apático politicamente, que seu custo de vida fique mais barato para o governo e que trabalhe dobrado sem receber mais por isso, calado.

A construção política vem da educação precária, resultando na apatia pela luta dos direitos, que foram dificilmente reconquistados com o fim da ditadura militar. Já as pessoas que tem dinheiro ou um networking continuam no poder. Roberto Veiga explica, “a geração que cresceu na democracia perde o interesse na situação política quando vê que o sistema é muito grande, ela não se sente como um ponto influenciador dentro dessa sociedade que ela mesma vive. Já os adultos que viveram a ditadura e a redemocratização, não sente que consegue mudar algo pois viveu em uma época confusa de transição e opressão. Normalmente, essas pessoas reclamam dos políticos mais do que realmente interveem. Os idosos, eu acredito que eles se veem um pouco isolados, talvez por acharem que estão velhos para fazer uma ‘revolução’ ou já tem uma família. Enfim, essas questões unem as três gerações dentro de uma só característica: apatia política.”

Ditadura pós-moderna

As contradições entre a realidade, o mundo que se é empurrado a acreditar e crença na ilusão mostram claramente que não vivemos em um estado democrático de direito.

“A desigualdade cresce cada vez mais porque o sistema criado tem essa finalidade, de um lado você tem uma sociedade que se mata para alcançar um padrão de vida que não tem, onde o salário mínimo não paga todos os direitos que essa pessoa deve ter - casa, escola, comida, saúde e lazer. E acaba que as gerações crescem dentro de uma família ciente que o dinheiro não da no fim do mês, de que ela deseja consumir igualmente o que os outros consomem e ela não pode. Do outro lado você tem pessoas com a condição financeira que as permitem ir e vir. E elas não vão abrir mão desse padrão de vida, porque estas já entendem que por vários motivos esses são seus direitos. Esse é o diagnóstico da desigualdade social, e sua herança é o confronto contínuo entre essas duas classes e essa extrema desigualdade devia ser combatida pelo Estado Brasileiro e as reformas do governo Temer não mostram ter a preocupação de lidar com essa questão central,” constata Arthur Prufer, formado em Ciências Sociais pela PUC-RIO.

Ditadura. “Um regime governamental onde todos os poderes do Estado estão concentrados em um indivíduo, um grupo ou um partido. O ditador não admite oposição a seus atos e ideias, possui poder e autoridade absoluta.” O Brasil, com Temer e seus aliados, encaminha para uma ditadura regida pelo dinheiro, onde a compra de leis e direitos do povo cessam a forma mais pura de liberdade, o conhecimento e poder econômico individual.

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