- Guilherme Turati
GIRLS ON FILM: 10 FILMES DIRIGIDOS POR MULHERES QUE VOCÊ PRECISA ASSISTIR
Mesmo parecendo ser um lugar liberal, a indústria cinematográfica ainda trás um grande déficit quando o assunto é igualdade entre os gêneros. Mulheres ainda recebem menos que seus parceiros de cena e representam um pequeno percentual por trás das câmeras.
Entre os anos de 2007 a 2012 a New York Film Academy realizou um estudo que mostrou que o número de diretoras consistia em apenas 9% dos filmes avaliados, sendo que 34.5% das mulheres costumam realizar documentários e apenas 16.9% dirigem filmes de narrativa. Em 2016, de acordo com a San Diego State's Center for the Study of Women in Television and Film, esse número caiu para 7%, quando analisados os 250 maiores filmes do ano.
Mesmo com tudo isso, grandes nomes como Sofia Coppola continuam a produzir todo ano filmes de grande qualidade. Você pode conferir abaixo alguns exemplos:
1. A Girl Walks Home Alone at Night (2014) – Ana Lily Amirpour

Um filme rodado em preto e branco se passa em uma fictícia cidade iraniana (Bad City), um lugar que cheira a morte e solidão, onde os habitantes da cidade não sabem que estão sendo perseguidos por uma vampira solitária. O filme se balanceia entre o triste e o sinistro, une o horror gótico com uma atmosfera lynchiana e faz o uso de uma icônicas trilha sonora e figurino.
2. Across the Universe (2007) – Julie Taymor

O musical de 2007 usa como base a discografia dos Beatles, tanto para situações quanto para o nome dos personagens. O filme se passa nos anos 60 e conta a história de amor entre Jude e Lucy, entrelaçada com o movimento anti-guerra e protestos sociais dos anos 60.
O tom é construído de acordo com as músicas, começando com canções mais leves como All My Loving, With a Little Help From My Friends e I’ve Just Seen a Face enquanto é mostrada a evolução do relacionamento entre os dois principais protagonistas, transitando por canções da época mais psicodélica da banda inglesa quando o grupo segue Dr. Robert (interpretado por Bono Vox, líder do U2) e sua trupe em viagens regadas a drogas, chegando até Revolution, Strawberry Fields Forever, Because e Helter Skelter casando belamente com cenas durante a guerra do Vietnã e revoltas populares.
3. Palo Alto (2013) – Gia Coppola

Palo Alto tece três histórias de luxúria adolescente, tédio e auto-destruição: a tímida e sensível April, dividida entre um namoro ilícito com seu treinador de futebol e uma paixão não correspondida por Tedd; Emily, que oferece favores sexuais a qualquer menino para atravessar seu caminho; E as façanhas cada vez mais perigosas de Teddy e seu melhor amigo Fred, cujo comportamento pode ou não ser sociopata.
O filme captura brilhantemente a juventude na América contemporânea, este é o tipo de filme que faz você querer assistir imediatamente tudo que a diretora fará, que é tudo que uma estreia por trás das câmeras deve ser. Deve ser o gene Coppola.
4. Lost in Translation (2003) – Sofia Coppola

Duas almas perdidas visitam Tóquio - a jovem e negligenciada esposa de um fotógrafo e uma estrela de cinema arruinada lançando um comercial de TV - e encontram um estranho consolo e liberdade pensativa para serem reais na companhia um do outro, longe de suas vidas na América. Os dois são solitários e não há muito detalhe ou definição para eles, que é certamente intencional.
A maneira de Coppola de utilizar música e localização para melhorar esta experiência é francamente brilhante em sua nuance. Just Like Honey nunca mais será a mesma.
5. Things to Come (2016) – Mia Hansen-Løve

Nathalie ensina filosofia em uma escola em Paris. Ela é apaixonada por seu trabalho e particularmente gosta de passar o prazer de pensar. Casada com dois filhos, ela divide seu tempo entre sua família, ex-alunos e sua mãe muito possessiva. Um dia, o marido de Nathalie anuncia que a está deixando para outra mulher. Com a liberdade empurrada sobre ela, Nathalie deve reinventar sua vida.
Isabelle Huppert te guia através de um filme simples, mas torna cada cena vital, o que o torna ainda mais pessoal e intimista. Um filme leve sobre arte, filosofia e o tempo.
6. The Lure (2015) – Agnieszka Smoczynska

Um musical gótico polonês com uma bela fotografia sobre sereias adolescentes homicidas contratadas para cantar em uma boate. Obviamente essencial.
The Lure conta a história de duas irmãs que precisam encarar cruéis e sangrentas decisões quando uma delas se apaixona por um rapaz, despertando na outra irmã um sentimento de preocupação e posse.
Com cores e músicas que transmitem uma sensação de estar em um bizarro videoclipe dos anos 80, a produção ainda conta com estranhas cenas de sexo com escamas e sangue e um desfecho inesperado. Se nada disso despertar sua curiosidade, não sei o que irá.
7. Raw (2016) – Julia Ducournau

Na família de Justine todos são vegetarianos e veterinários. Ao entrar na faculdade de veterinária, onde sua irmã mais velha também estuda, a garota se vê obrigada a comer carne pela primeira vez na vida como parte do trote. Essa situação desencadeia consequências pelas quais ninguém esperava.
Raw é o segundo longa-metragem da diretora e é o que o cenário cinematográfico precisava desesperadamente esse ano. É algo original, perturbador e grotesco. Ducournau consegue obter este estranho realismo absurdo nas performances que aumentam a atmosfera geral de uma maneira encantadora.
O filme leva-nos através de um exame de identidade, crescente sexualidade, vício, liberdade e a linha entre homem e animal, mas no final do dia, é uma história sobre duas irmãs e seu amor uma pela outra.
8. Persepolis (2007) – Marjane Satrapi, Vincent Paronnaud

A animação é uma adaptação do livro de mesmo nome escrito pela protagonista. Persepolis conta a história de Marjane, que cresceu durante os anos 70 em meio aos conflitos da Revolução Iraniana.
A garota sempre se sentiu deslocada, desde sua infância, sua adolescência como uma fã de punk até sua vida adulta como uma imigrante num país totalmente diferente do seu.
A animação não te oferece uma história tradicional, ela te tira do sua zona de conforto e te entrega personagens reais, algo estimulante, uma protagonista que luta desesperadamente por seus direitos, principalmente o de ser ouvida.
O filme é um olhar penetrante e interessante sobre a sociedade, a religião e a guerra no Irã através dos anos 70 - 90, todos envolvidos em uma encantadora história coming-of-age. Divertido, perspicaz e chocante este filme merece ser visto por todos.
9 – The Edge Of Seventeen (2016) – Kelly Fremon Craig

O filme narra os dramas da vida de Nadine, seus problemas familiares, com sua melhor amiga e o sentimento de estar perdida no mundo.
The Edge Of Seventeen é um filme fácil de relacionar, por conta da excelente atuação de Hailee Steinfeld e de um roteiro que não tenta se provar demais, é atual e consegue fugir das constantes representações piegas da juventude atual.
Muitos desses filmes adolescentes de descoberta têm suas cabeças nas nuvens e afirmam que a vida se ajustará a você, quando, na realidade, é exatamente o oposto. É tudo sobre a perspectiva e a atitude, e essa mudança na realidade de Nadine é evidente e nítida.
É um filme honesto e real, o roteiro cria uma experiência única que lembra o sentimento de assistir uma das comédias de John Hughes, como Sixteen Candles ou Ferris Bueller's Day Off, mas empurra gentilmente esse estilo para a era digital sem se sentir abertamente derivado.
10 – Fat Girl (2001) - Catherine Breillat

Elena tem 15 anos, é bonita e confiante. Sua irmã, Anais, tem 12 anos, é insegura e come constantemente. De férias, Elena encontra um jovem estudante italiano que está determinado a seduzi-la. Anais é forçada a assistir em silêncio tudo que acontece, conspirando com os amantes, mas acaba sentindo ciúmes e desejos semelhantes. Suas ações, no entanto, têm consequências trágicas imprevistas para toda a família.
Fat Girl um filme cáustico e brutal que aborda os preconceitos do amor e sedução da maneira mais dramática e dolorosa. Uma exploração brutal da sexualidade em uma sociedade patriarcal.