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A última opção de uma velha política e a censura da ação direta


Arte: Heitor Vilela

Os ares carregados pelo caos político atacam novamente à mobilidade dos estudantes. Em diversos estados do país, se anuncia o corte do passe livre estudantil e o fim da meia passagem, o que prejudica a mobilização da juventude pela cidade.

Cortes no transporte público significa diminuir o direito de ir e vir, prejudicando profundamente a resistência cultural e consequentemente, o fervor da conscientização política. O momento é de instabilidade, com um presidente golpista no poder não sabemos o que esperar do cenário eleitoral de 2018, mas a esquerda tem uma certeza, Lula seria o ‘único’ nome para fazer oposição à direita fascista.

Existe uma sincronicidade nos fatos políticos e te aviso, nada na política brasileira acontece por acaso. Quiçá, venho explicar porque lutar contra os cortes do passe livre e a meia passagem estudantil está diretamente ligado ao fato dos ‘donos do poder’ estarem tentando impedir que a juventude se mobilize politicamente.

Mobilidade Urbana

O passe livre e a meia passagem são recursos conquistados com muita luta pelos estudantes, pois é um direito constitucional se locomover pela cidade com transporte público. Hoje, na maior parte dos estados brasileiros, o passe livre é falho e o que normalmente garante a mobilidade fora do horário das aulas é a meia estudantil. Por quê? As passagens são contadas para somente o ir e vir da aula, normalmente existe um atraso para a liberação do passe e o acaba acontecendo é que se recorre à meia estudantil para se locomover pela cidade.

E quem não tem dinheiro para pagar a meia estudantil e tem o passe livre mas não pode usa-lo pois ele nem sempre funciona? Se fode. E essa é a realidade vários estudantes brasileiros.

E justamente quando os estudantes teriam um motivo claro para se mobilizar politicamente - a prisão de Lula e a falta de candidatos para uma possível eleição em 2018 – se anuncia em diversos estados do Brasil cortes no transporte público para os estudantes. A passagem aumenta todo ano, ficando num preço praticamente impagável para maior parte dos trabalhadores, o que já exclui boa parte da população de uma luta digna pela ‘democracia’ e agora querem censurar o direito de ir e vir dos estudantes?

Coincidências políticas

“O passe livre não é esmola, o filho do prefeito vai de uber pra escola.”

Em São Paulo, o prefeito João Dória anunciou o fim do Passe Livre estudantil. Porém, no dia 18 de julho, os estudantes se reuniram em frente ao MASP, no ato O PASSE LIVRE FICA. Se desceu a 9 de julho em direção a prefeitura, e, eu rata de protesto e mídia ativista, não consegui achar o ato, mas achei a polícia pronta e em peso em frente à prefeitura. Porquê?

A polícia militar paulista agrediu uma mulher moradora de rua que estava nos arredores do ato, e os manifestantes pararam para ajuda lá. Consequentemente, o ato não chegou na prefeitura, mas na estação de metrô da Sé, estudantes fizeram um catracaço. Bandeiras do anarquismo sobrevoaram as catracas que eram puladas: fotógrafos, estudantes, jornalistas e manifestantes gritavam “se o passe reduzir, Joao Dória vai cair”.

Agora eu lhe pergunto, caro leitor, você ficou sabendo disso? Pois é, eu não achei o ato, e olha que procurei, venho lhe contar esse episódio, porque o Mídia Ninja divulgou imagens – inclusive vale a pena ver o vídeo da ação direta no metrô, é lindo.

Já no dia 19 de julho, mínima de 5 graus na cidade de São Paulo, o querido prefeito fascista – João Dória manda a guarda civil expulsar moradores de rua com jatos de água gelada, o que resultou em 4 mortes.

"Nenhum jato d'água. Nós mandamos investigar e fizemos isso através das câmeras. Sete câmeras foram checadas pela Guarda Civil Metropolitana e nenhum jato d'água foi colocado sobre moradores de rua", afirma o prefeito em coletiva de imprensa sobre o caso. É, Dória, você só molhou os cobertores dos moradores de rua, o que resultou em mortes.

Mas tá tudo bem, no dia 20 o prefeito fazia uma ação de marketing com a grande mídia o acompanhando entregar cobertores à alguns moradores da rua. Enquanto isso, no mesmo dia, um ato em defesa do ex-presidente Lula acontecia na Avenida Paulista, e simultaneamente, aconteciam atos em Brasília, Rio de Janeiro, Rio Branco e Porto Alegre. Os gritos eram claros “brasil urgente, lula presidente”.

Sabe o que é engraçado? A ‘esquerda’ institucionalizada de Lula e seus aliados nada falou sobre os cortes ao passe livre e muito menos sobre as mortes em decorrência das ações de Dória. Apenas um sentimento de que o nosso ex-presidente seria a ‘solução’ para as possíveis eleições de 2018.

Fascistas do Centro-Oeste

Já em Goiás, nosso querido governador Marconi Perilo anuncia o fim da meia passagem com a jogada de marketing de que agora todos os estudantes teriam o passe livre estudantil. O que cria uma falsa sensação de que isso seria justo e que agora os estudantes teriam mais mobilidade na cidade.

E, como de se esperar, mais uma vez a esquerda institucionalizada nada disse sobre o caso, assim como a imprensa fascista e comprada pelo governo tucano.

E qual a conexão disso tudo? A revolta estudantil chega para balançar o estado e tirar a atenção do povo de um ex-presidente condenado à corrupção. A luta é pelo direito de ir e vir, e mobilizar estudante e trabalhador pode movimentar o país como em 2013, uma luta que pode tem todo o poder de mudar os planos para 2018.

João Dória, prefeito de São Paulo, tem medo. Marconi Perillo, governador do estado de Goiás, tem medo.

Só digo uma coisa: aguardem os próximos capítulos da série House of Cards versão política brasileira.

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