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  • Foto do escritorJM

“Un auto menos, un cuerpo sano, un alma libre”

Na capital do cerrado é comum sofrer com o trânsito. Goiânia, uma cidade nova que cresce sem fronteiras, um lugar onde não se discute mobilidade urbana. Porém, um lugar onde se locomover é sinônimo de morte - seja de alma pelo estresse que se enfrenta diariamente ou morte literal, já que é uma das capitais onde se ocorre mais acidentes de trânsito.

Se falar de trânsito já é difícil para a realidade goiana, imagina falar de ciclismo, sustentabilidade, segurança? Normalmente, como de costume do povo brasileiro, só se discute mobilidade quando acontece alguma coisa.

E na noite de ontem (27), ocorreu um protesto de ciclistas na capital. O motivo? João Henrique Pacheco sofreu um acidente de bike, o jovem ciclista está em coma no Hospital de Urgências de Goiânia.

O motivo do protesto era claro: reunir ciclistas para mostrar que não podemos aceitar esse tipo de acidente em uma cidade com o porte de Goiânia. Cerca de 60 pessoas se juntaram em frente ao hospital e desceram de bicicleta a Avenida 85 até o local do acidente.

Agora, caro leitor, te pergunto: E os carros que viram os ciclistas fechando a rua, o que fizeram? Gritaram a indignação de serem atrapalhados à seguir normalmente no trânsito. É, falar de mobilidade é complicado nessa cidade. Em Goiânia temos a cultura de que andar de bicicleta serve somente para passeios, a maior parte das pessoas não enxerga a bike como meio de transporte, inclusive nosso estado, que criou ciclovias abertas apenas aos domingos em horário comercial.

Se locomover é um direito de qualquer cidadão, é o ir e vir. Dar acesso às pessoas é dever do estado, que deve criar formas para que a convivência entre pedestres/deficientes/motos/carros/bikes/skates seja mútua e segura. Quiçá, seja dever do povo lutar por mobilidade, ou até se educar sobre a mobilidade do outro.

As ruas de Goiânia vivem esburacadas, nossas calçadas são desniveladas e pequenas – isso quando não são praticamente inexistentes, temos um sistema de transito problemático pois não é inclusivo. Mais carros que pessoas na rua, menos ônibus que pessoas dentro dele, milhares de motoqueiros que fazem o que querem no trânsito, poluição, e pra completar: acidentes diários por desrespeito.

Caos diário de uma grande metrópole, alguém poderia dizer. Mas, talvez, seja culpa de um sistema dominó de irresponsabilidade e babaquice. Começamos pelo básico: o DETRAN nada mais é que uma máfia. Primeiro porque o curso de retirada da carteira de motorista é absurdamente caro – o que segrega quem tem condições reais para dirigir na cidade, e ineficiente, pois não educa de fato as pessoas a dirigirem, já que a prova viva disso é nosso transito caótico.

Já que estamos falando de estado e suas responsabilidades, sabemos que manter e melhorar a infraestrutura da cidade é dever do município. Não é o que vemos com as ruas, asfalto, “ciclovias”, faixas de pedestre...

Temos ainda um transporte público ruim, caro e ineficiente. Mais carros por pessoa que São Paulo, milhares de motos que não fazem a menor ideia do que estão fazendo no transito – ou os motoristas dos carros que não sabem lidar com elas?

E, no meio desse caos que é o transporte em Goiânia, temos os ciclistas. Que deveriam ter o direito ao acesso à cidade, porém, são assassinados ou machucados diariamente. Não temos espaço nas ruas, não podemos subir nas calçadas e expulsar os pedestres, não podemos andar na faixa de ônibus, os carros não respeitam. O que fazer?

Lutar por mobilidade urbana significa lutar pelo direito de todas as pessoas de se locomoverem com igualdade e dignidade, afinal, é de fato um direito humano de ir e vir como bem quiser e um dever do estado nos prover o acesso.

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