JM
Cadê a meia-passagem?
Em Goiânia, a meia passagem está em risco. Com o “novo” passe livre, um direito conquistado em 2013 pode deixar de existir. O término da meia passagem é uma afronta ao livre-arbítrio do cidadão, que a partir de agora vê a iminência de ser cerceado seu direito de caminhar livremente pelo espaço urbano.
No mês passado, o secretário da Segov (Secretaria de Governo), Tyrone Di Martino, reuniu-se com o governador Marconi Perillo (PSDB) para tramar suas esquisitices de sempre.
Segundo Martino, cada estudante vai receber duas passagens por dia. Se o aluno, por exemplo, tiver que utilizar mais de duas viagens para ir e voltar da faculdade, terá de pôr a mão no bolso, e gastar alguns trocados para estudar.
Sem dúvida, a jogada de alterar as regras do passe-livre é uma sacada de marketing de Marconi e sua trupe. Mas, obviamente, vossa excelência não tem criatividade, e cai facilmente no discurso de seus publicitários do Palácio Pedro Ludovico. Ou tudo isso é mera cretinice.
No entanto, desponta no ar uma forma, reconheçamos, brilhante de aprisionar os estudantes, uma vez que o direito de mobilidade do espaço urbano está seriamente comprometido.
Lançado em agosto de 2013, o passe livre atendia aproximadamente 8 mil estudantes que recebiam a Bolsa Universitária. No entanto, em fevereiro de 2014, o número de alunos cadastrados subiu para mais de 50 mil, pois o serviço deixou de ser destinado a bolsistas.
Protesto
Na última sexta-feira, estudantes se concentraram na Vila Cultural Cora Coralina, na Setor Central de Goiânia. De lá, subiram até a Praça Cívica entoando “não pago, não pagaria, transporte público não é mercadoria” e uma com um propósito claríssimo: entregar um documento para os burocratas do transporte público.
Sucesso. Sim, a entrega ocorreu perfeitamente. A polícia, por incrível que pareça, não protagonizou seu show de truculência e barbárie. “O recado foi dado”, descreveu uma estudante de Ciências Sociais, ressaltando que, caso o corte da meia passagem aconteça, as coisas “mudaram drasticamente”.
Em outras cidades do Brasil, também houve manifestação contra o transporte público. O coletivo Ato Nacional contra o Transporte Coletivo afirma que “as empresas, após feito o acordo, terão de aumentar a passagem para todo mundo, colocando estudantes contra trabalhadores”.
Poder
Subestimando a inteligência da população, como é habitual nos engravatados que detém o poder, as máfias que controlam o transporte coletivo adoram reproduzir aquela velha máxima de ‘estão fazendo algo pela população’. Mas transparência e honestidade passagem longe deles.
Muito.
Em 2014, novamente nas salas do Palácio Pedro Ludovico, o governo do Estado e empresas do transporte coletivo assinaram o Pacto pelo transporte coletivo na região metropolitana de Goiânia. No documento, ficou claro que deveriam ter alguma melhoria no serviço, mas até agora o que se viu foram ônibus em péssimas condições nas ruas.
Atualmente, de acordo com o Ministério Público de Goiás (MP-GO), há cinco processos na justiça contra as máfias que ganham dinheiro com esse negócio chamado transporte público. A Metrobus, estatal que controla o eixo, também está na mira da justiça.