top of page
  • Marcelo Rocha

O dia que os racistas saíram das redes para as ruas.

Essa semana aconteceu em Charlottesville nos EUA uma Marcha chamada "união da direita" onde vários grupos marcharam a noite com tochas contra negros, LGBTs, judeus e vários outros grupos. Pela manhã supremacistas brancos foram as ruas novamente com vários grupos extremistas, fato que repercutiu no mundo inteiro, principalmente devido ao ataque terrorista que ocorreu onde uma mulher foi assassinada e dezenas ficaram feridos. Fato descartado de muitos que relataram esse ato, principalmente quando falamos do aspecto Brasileiro, onde os "erros do passado" não são tão passado assim, e o que era dito pela maioria que ali marchava são os comentários vistos em qualquer publicação de certos grupos em nosso país. Mas, que passa velado e é chamado de "Democracia", a velha e falsa democracia burguesa que tolera qualquer coisa como liberdade de expressão, que assassina em massa e é salvo por uma nota na imprensa. A cor de quem atira e do corpo que sofre o genocídio diário é impossível de esconder, pois a juventude que mais morre é negra, o número de LGBTs que mais são assassinados é maior entre xs negrxs, o feminicídio negro segundo o mapa da violência denota aumento de 54% nos homicídios enquanto o assassinatos de brancas caiu 9,8%. no mesmo período. Até quando continuarão a dizer que não há racismo ou que ele é velado? As mãos que tapam os olhos são as mãos de quem não quer ver e abre apenas quando os seus narram a história e sentem "dó". A supremacia branca é vista ao olharmos as instâncias de poder seja ela de esquerda ou direita, na política autônoma ou organizada, não fazemos parte dos espaços de poder pois ele é racista, no máximo fazemos parte do discurso da maioria que está por lá. E quando falamos da direita sabemos que esse pensamento é comum, esses dias eu estava lendo o livro "La educación popular en América Latina" onde a autora Adriana Puiggrós cita que "Los pensadores, luchadores y educadores anarquistas argentinos y mexicanos sólo aplicaron dogmas o modelos de la pedagogía venida de Europa, sin tener en cuenta la realidad social Latinoamericana" e usando uma tradução livre e contextualizada por mim, eu citaria que "Os pensadores, lutadores, políticos, líderes e educadores de qualquer outra linha de pensamento a esquerda no Brasil somente aplicaram suas regras e "não regras", vindas da Europa branca e racista sem pensar na existência de pessoas negras, mantendo seus privilégios, e reproduziram aquilo que os colonizadores fizeram: colocando o negro em espaços subalternos". Não é a volta da KKK ou do nazismo porque eles nunca morreram, só perderam a coragem nas ruas e foram pras redes. O que era proibido pra negro hoje é permitido até certo ponto, o racismo que foi um dia velado por pouco tempo tem a cada dia se expandindo e ficando escancarado. Enfim, a luta anti-racista hoje mais do que nunca não é apenas quando um bando de idiotas vai pras ruas mostrando sua face, é quando esses mesmos tentam retirar as matrizes africanas do ensino, quando somos perseguidos no supermercado, quando as "brincadeiras" racistas se tornam normal em nossas redes e qualquer forma de defesa é "racismo reverso". Eles nunca pararam, vocês que tentaram esconder.

Logo do Jornal Metamorfose
bottom of page