- Marcelo Rocha
O grito de Baco Exu do Blues
"En tu mira" salvo exceções - que eu desacredito muito - é muito mais que uma canção. Em cada verso, Baco traz aquilo que está preso em gargantas e já fez molhar muito travesseiro, o banco do busão e tantos colos de nossas mulheres negras.
Com versos simples e uma letra profunda ele traz a significância do existir. Certa vez, li um texto de Igor Gomes que ia direto ao encontro daquilo que o rapper traz na canção, como deve ser o existir? O fetichismo da luta e resistência tem adoecido muitos jovens negros através da depressão e tantas outras doenças psicológicas, a cobrança por ser o melhor do melhor, acessar as coisas básicas como superação para ao chegar se superar novamente.
"Baco cadê o ano lírico? E o cd do ano? Eles tão me cobrando, Eu to trabalhando" Os conflitos vindos desde a espiritualidade a fama retiram o estereótipos que perpetuam quanto ao sucesso burguês e a ascensão do negro em espaços de poder e principalmente quando se trata de uma cena que segue se embraquecendo e já criticada em uma de suas letras. O conflito entre não perder a ancestralidade, ou estar no espaço de suposto conforto onde é necessário só fingir que nada existe, e resolver tudo no poder financeiro. A necessidade de largar as masculinidades estereotipadas históricamente sob a população negra que vão além da hipersexualização, não traz força, mas a fraqueza maior. Baco chora e diz pode chorar: