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Transporte movido à humilhação

Acordar 1 hora mais cedo que o necessário para dar tempo de chegar no ponto de ônibus. Latas que transportam pessoas, ou sardinhas espremidas? Fumaça preta ao acelerar mais que o permitido no sinal verde. São 7hs da manha, vou chegar atrasada, posso ser demitida, o ônibus não chegou. Vou pagar 3,70. São 4 ônibus só pra ir e voltar, 14 reais e 80 centavos por dia.

O transporte coletivo em Goiânia conta com a aceitação dos usuários de sua humilhação diária para continuar funcionando. Um transporte ruim, caro, ineficiente e acima de tudo: montado em um esquema de corrupção velada pela imprensa tradicional e o comprado judiciário.

Corrupção? Um dos maiores financiadores de campanha política são as empresas de transporte coletivo, até porque é um negócio em que os bilhões são garantidos. Ninguém liga se o transporte tá ruim, se ta caro, só anda quem não tem condição de ter um carro, mas quem é esse tipo de pessoa na cidade de Goiânia? E se o trabalhador se revoltasse? Ah fique tranquilo, o estado e as empresas privadas conseguem conter qualquer manifestação contrária aos interesses do capital.

Como? Gasta-se bilhões em marketing, ou seja, financiam os grandes jornais do estado e dessa forma a informação não consegue ter autonomia. O que acontece? Os jornalistas não conseguem contar de fato o que acontece para o público, que por sua vez, consome ilusões pagas pelo estado, o que os faz acreditar que é normal tudo o que acontece.

Já o judiciário que deveria ter culhões para exercer sua função na sociedade – que no caso é julgar e proteger a soberania popular, já que pagamos caríssimo por ela (um dos salários mais caros por concurso público), prefere não mexer com o coronel e os barões goianos. Afinal, além dos seus 30mil quem sabe não rola um apreço generoso pelo silêncio?

Pacto metropolitano pelo transporte coletivo

Você sabia da existência de um pacto assinado pelos prefeitos da região metropolitana de Goiânia, juntamente com o estado de Goiás e o Fórum das Entidades Empresariais de Goiás, em 2014, que garante a melhoria do transporte coletivo?

A pressão popular decorrente das manifestações de 2013 se resultou em um documento onde o governador do estado de Goiás Marconi Perillo e todas as entidades presentes assinaram um pacto para solucionar a crise no transporte público. Tal qual tinha 2 objetivos claros:

  1. Promover justiça social a partir da desoneração da tarifa, com o custeio pelo poder público dos ônus que decorrem dos benefícios e gratuidades tarifárias, e do ônus de custeio do gerenciamento da CMTC, qual recai nos usuários.

  2. Trazer qualidade para o serviço de transporte público, a partir do reequilíbrio dos contratos de concessão e da retomada de investimento por parte das concessionárias.

Agora eu te pergunto caro leitor, porque cargas d’água isso não está sendo julgado na justiça como descaso e quebra de contrato? Bem, somos reféns dos conglomerados da RMTC - Rede Metropolitana de Transporte Coletivo.

A RMTC é a ponte entre os órgãos governamentais e as instituições privadas para quem ele concedeu as responsabilidades do transporte. E para ‘facilitar’ a organização interna, existem outras 4 instituições que tem funções específicas, como por exemplo a CDTC – Câmera Deliberativa de Transportes Coletivos da Região Metropolitana de Goiânia, onde os municípios são representados por indicação do governador para decidir políticas referentes ao setor juntamente do poder legislativo.

Já a CMTC – Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos é a ‘empresa pública’ que exerce a função de gerenciamento, controle e fiscalização da RMTC. As empresas privadas que exercem de fato o serviço do transporte, com os carros e etc se juntaram em uma concessionária.

A verdade é que a Rápido Araguaia Ltda; HP Transportes Coletivos Ltda; Viação Reunidas Ltda; Cootego e a estatal Metrobus juntamente com o estado usam o transporte público como forma fácil de roubar o próprio povo. Afinal, o transporte público é usado por um grupo específico de pessoas que não possuem um lugar de poder.

É aquela síntese, se o dono da empresa de ônibus anda de Mercedes e você trabalhador anda naquela porcaria que eles chamam de transporte, você paga caro por isso e ainda por cima tentam dificultar sua autonomia de ir e vir, o que acontece? Nada.

Se o povo continua apático, em casa, sem ter como se locomover pela cidade, quais as chances dele se rebelar? Sem rebelião popular, a porta da corrupção fica livre.

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