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  • Guilherme Turati

Não só do sertanejo vive Seattle

O velho clichê do “não só de sertanejo vive Goiânia” foi algo que me espantou todos esses dias pensando em como começar um texto que justamente tem esse argumento como ideia principal. Então talvez, “Não só de sertanejo vive Seattle”, seja um bom titulo, até porque aparentemente nossa cidade vem sendo chamada assim por alguns.


“Porra, mas por qual motivo esse seria mais um apelido da terra do pequi?”. Pode ser um questionamento interessante e até mesmo confuso, mas para muitos a crescente aparição de bandas de garagem - jovens fazendo seu próprio som, guitarras pesadas e letras sobre angustia, a cidade e a vida como um todo, e também inúmeras gravadoras independentes surgindo a todo momento, remete á aparição de bandas como Nirvana, Alice in Chains e Pearl Jam no grandioso anos 90, justamente, em Seattle.


Assim como no restante do país, o rock em Goiânia foi se estruturando em meados dos anos 80, com o estouro do punk, post punk e heavy metal, e foi tomando maior forma e consistência - e se firmando como um dos novos polos musicais, principalmente nos anos 90 (novamente outra coincidência com a terra-mãe do grunge; isso por que estamos só levando em conta aqui a música) com a fundação do festival Goiânia Noise, que até hoje é considerado um dos maiores festivais de rock independente do país.


Além do Goiânia Noise, a capital ainda conta com diversos multifestivais como o Bananada, que em 2014 foi considerado o principal fator por Goiânia passar a ser projetada como o berçário da música independente.


Em 2012 a banda goiana Black Drawing Chalks fez uma apresentação no palco do festival Lollapalooza, levando para o país inteiro uma mostra de como o som daqui poderia surpreender quem não tinha conhecimento do cenário musical fora do senso comum.


Em 2015 foi a vez de Boogarins marcar sua assinatura no festival, a banda de amigos de infância (e carinhosamente, entre meus amigos, chamados de Uma Espécie de Tame Impala Brasileiro), conquistou uma projeção incrível, com direito á elogios da revista Rolling Stone, que disse que a banda “espalhava um perfume de anos 60 no ar” e que com sua lisergia, o Lolla havia se tornado o Woodstock por algumas horas. Além disso, a banda já se apresentou em grandes palcos como o Rock in Rio Lisboa e o Primavera Sound em Barcelona.


O leque musical não se limita apenas em Boogarins ou no estilo psicodélico, a cidade ainda conta com bandas como Carne Doce - que ficou na lista dos melhores álbuns de 2016, com seu segundo trabalho de estúdio, Violins, Cambriana com seus sons mais doces, “leves” até sons mais pesados que são brilhantemente entregues por nomes como Hellbenders, Girlie Hell (que ja se apresentou com bandas de grande nome como Sepultura e Bad Religion) e Overfuzz.


No ano passado foi lançado o DVD “Goiânia Rock City”, que reuniu 12 bandas do rock goiano atual em 2 dias de show, talvez essa seja uma boa pedida caso você se interesse em conhecer um pouco mais desse lado cobainesco da nossa capital.

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