JM
Caça às bruxas? Ou aos direitos das mulheres?
Na última quarta-feira (8/11) foi votado em comissão especial na Câmera dos Deputados a PEC ‘Cavalo de Troia’ (181/2011). Foram 18 votos contra 1. 18 homens votaram sobre os direitos de liberdade e saúde das mulheres.
Antônio Jácome (Podemos-RN), Diego Garcia (PHS-PR), Eros Biondini (PROS-MG), Evandro Gussi (PV-SP), Flavinho (PSB-SP), (PSC-SP), (PSD-SP), João Campos (PRB-GO), Joaquim Passarinho (PSD-PA), Jorge Tadeu Mudalen (DEM-SP), Leonardo Quintão (PMDB-MG), Marcos Soares (DEM-RJ), Pastor Eurico (PHS-PE), Paulo Freire (PR-SP), Alan Rick (DEM-AC), Givllado Carimbão (PHS-AL), Mauro Pereira (PMDB-RS), Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ).
“Aborto não pode ser uma questão de saúde pública” disse um deles. Segundo com a Organização Mundial de Sáude (OMS) cerca de 70 mil mulheres morrem por ano no Brasil em decorrência a abortos ilegais. São cerca de 800 mil abortos clandestinos por ano no país. “Vida, sim, aborto, não!” gritam os homens, vida de quem?
A Santa Inquisição, paradoxo interessante a se fazer frente ao atual contexto político, “celebrou” a caça às bruxas, que nada mais era do que eliminar a concorrência da categoria médica masculina que se efetivou na época frente à sabedoria das curandeiras e benzedeiras. A instituição mulher sempre foi atacada predatoriamente durante a história do Estado fortemente teocrático, e que podemos ter certeza, usa-se de subterfúgios como Jesus e sua suposta evangelização para tratar o corpo da mulher como um laboratório político.
A cada 11 minutos uma mulher é estuprada no Brasil, e obrigar uma mulher a ter esse filho, segundo tratados internacionais assinados por essa “civilização” se equipara a tortura. A PEC 181, do ano de 2015, recém-nomeada como Cavalo de Tróia, originalmente se tratava de um projeto de lei para aumentar a licença maternidade para mães com filhos nascidos pré-maturos. O presente de grego foi uma emenda à letra da lei orquestrada pela bancada cristã para encaixar a concepção de vida com uma simples aproximação de um espermatozoide do corpo da mulher. Esse corpo que serve há milênios de brinquedo do Estado para fazer o que bem entender, mas evidentemente mulheres sempre foram como as águas, quando se unem interpelam vários Eduardos Cunhas, e vão continuar desempenhando o mesmo papel de resistência.