JM
Companheira me ajude que eu não posso andar só, eu sozinha ando bem mas com você ando melhor
‘Se cuida seu machista, a América Latina vai ser toda feminista’ gritavam as mulheres no último sábado (25) no protesto contra a violência contra mulher que aconteceu no centro de Goiânia. Os levantes feministas contra todo tipo de violência contra mulher nos faz ter o mínimo de esperança por um mundo mais igual e seguro, revolução é feita de organização e as mulheres estão cada dia mais fortes pois estão unidas.
Nós mulheres lutamos pois a América Latina é o lugar mais violento do mundo para as mulheres fora de um contexto de guerra, segundo a ONU. A desigualdade de gêneros que é decorrente de um continente extremamente religioso e patriarcal, o que continua sendo uma ameaça à vida e aos direitos das mulheres. PEC’s como a 181 são apenas um mero exemplo de como isso acontece no Brasil, onde homens querem obrigar mulheres a gestarem filhos que são fruto de estupro, ou bebês que são acéfalos.
Nossa violência é diária, é o abuso sexual velado, a cultura do estupro, a desvalorização do trabalho feminino, o medo. Coisas que juntam todas as mulheres latino-americanas.
São 11 mulheres estupradas a cada 8 minutos no Brasil, e nossa atitude deve continuar a ser incisiva. Fala-se muito em naturalização do estupro na sociedade, mas acredito que essa atitude se dá no que se refere às mulheres, é preciso evidenciar e responsabilizar os homens que sabem bem o que estão fazendo, e isso acontece pela relação de poder construída historicamente.
Ni una a menos, é nós por nós, se precisarmos construir tudo do zero, nós faremos isso. O medo é nossa companhia diária, então não temos medo de se refazer e retomar a sociedade agora patriarcal sob uma ótica feminista e precisamente anticolonial, justamente quando falamos do local América Latina, um continente colonizado pelo eurocentrismo de dominação falocêntrica.
É tempo de tomar responsabilidade por nossas ações, e ter ciência que as trevas sempre nos acompanharam, desde o leite de nossas mães. Então é melhor falar, tendo em vista que não esperavam que sobrevivêssemos.
Fotos: Júlia Aguiar