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  • Guilherme Turati

EXT. FOOTBALL FIELD - DAY (Final Scene)

Ainda lembro daquela quarta-feira de pouco mais de 8 anos atrás, onde depois de ver em um site qualquer uma foto da icônica cena onde Brian coloca os óculos, resolvi procurar sobre o famoso “Clube dos Cinco”.


O filme, de acordo com Pauline Kael, é sobre um monte de esteriótipos reclamando de serem vistos assim, que após uma tarde de descoberta pessoal percebem que tudo é muito mais complexo do que aparente ser. É uma reflexão do que somos, o que seremos, o que já fomos e o que queremos ser.


Temos um atleta, que por pressão de ter que ser o maioral acaba fazendo algo horrível para impressionar todas figuras importantes em sua vida; uma garota rica e popular que matou aula para fazer compras, com o propósito de atiçar seus pais que se encontram em meio a um divórcio; um ´cdf´ que está ali por não suportar a pressão de uma nota baixa, o que o fez guardar uma suposta arma em seu armário, pelo motivo de que aquilo o afetaria absurdamente em casa; um marginal com problemas em casa que precisa de constante auto-afirmação por meio de atos e palavras brutas; e um caso perdido, uma garota sem motivo algum por estar ali, apenas não tinha mais nada para fazer, ainda mais tendo os pais que tem.


Podemos ver um padrão, se juntou cinco personalidades totalmente diferentes no dia 24 de março de 1984, foram duas coisas que até hoje nos perseguem e cada vez mais parece piorar: a pressão e um lar abusivo. Isso faz com que o filme se torne ainda mais fácil de se relacionar e tão apelativo para a juventude.


A cena onde Bender descreve sua situação em casa sempre teve um grande impacto em mim, por ter até um certo ponto da minha vida um pai igualmente violento (sei muito bem como é ter uma marca de cigarro no braço), ou como é se sentir deslocado e insatisfeito e se guardar pra você mesmo, assim como Allison em boa parte do filme.


O filme sempre conseguiu conversar comigo em níveis absurdos, coisa que até hoje não sei como colocar em palavras ou explicar, mas Hughes aqui criou um marco, um safe-place, uma voz não só para aquela geração mas também para todas que vieram depois, e tenho certeza que continuará sendo assim por um bom tempo.


A comunicação não se limita somente para aqueles que se sentem incompreendidos ou perdidos, sequelados, mas também para qualquer tipo de pessoa que precisa de um empurrãozinho para compreender a juventude e toda sua carga pesada e avassaladora que carregamos nessa fase de nossas vidas.


Nosso coração morre quando crescemos? Somos todos bizarros? São questionamentos dos quais ainda procuro uma resposta, inclusive, tanto quanto para o que aconteceu na manhã de segunda-feira.

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