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  • Foto do escritorJM

A passagem mais cara do Brasil

Em Caos – Crônicas Políticas, Pasolini (escritor italiano do século XX) pergunta ao leitor que, se por acaso do destino os jovens tomassem o poder, o que eles fariam? Destruiriam a polícia? Claro que não, pois perderiam imediatamente o domínio estatal. Desmilitarizar seria uma possível solução distópica para o autor.


O que faria uma polícia desmilitarizada senão reconhecer a própria função e existência cidadã, quiçá esse universo teria uma linha histórica voltada na adaptação dos famosos porcos fardados à sociedade e a união das classes para começar uma luta contra o imperialismo externo que tenta controlar o povo e os recursos brasileiros. Porém, contudo, entretanto, travessão na outra linha.


Temos uma comunidade acanhada e medrosa, com revolta interna voltada para o abuso cotidiano para com os nossos e não contra o inimigo. Temos um povo cego e censurado, e é claro que o exemplo mais sintomático de uma sociedade oprimida pode ser retratado em um exemplo comum de retirada dos direitos básicos: a liberdade do ir e vir. Transporte público é uma ferramenta usada pelos humanos para facilitar o transporte pelas vias públicas, ele é coletivo pois assim mais ecológico e sustentável, ele é de graça pois pagamos impostos aos representantes do povo para sustentarem os direitos básicos e comuns ao povo. Certo?


É caro leitor, bem-vindo ao teatro existencial.


Guarulhos, 7 de fevereiro, protesto contra o aumento da passagem. 4,70 – uma das passagens mais caras do brasil. Caos, polícia e mentiras. Cansaço e desgaste político. Pelegagem. Nada novo sob o sol da ‘esquerda’ não é mesmo?


Fotos: @serdesaturno


Deixamos a polícia amedrontar, damos o poder de controle ao estado que usa do aparato sangrento para manter a população em cárcere, calados. Somos impedidos de livremente mostrar o descontentamento do povo na rua, a polícia se acha no direito de prender e bater em cidadãos que nada fazem além de exercem um direito garantido por lei. Mas pera lá, se a polícia pode bater em pessoas inocentes na rua, se ela tem o direito de matar e oprimir, policiais fardados sem identificação em protestos legítimos – lhe pergunto, estamos seguros?


Hermanos, porque lutamos se não sabemos como lutar? Tentativa e erro. Transmutação.. Mas veja bem, até quando iremos deixar passar os absurdos da agenda neoliberal dos governos do nosso país sem resistência? As pessoas aceitam caladas, algumas nem se quer percebem que são oprimidas diariamente. Outras sabem que 4,70 não da pra pagar mas mesmo assim preferem acreditar que o aumento da passagem trará melhorias no transporte, que de público nada tem. Mas e se a população boicotasse todas as industrias insustentáveis, corruptas, escravagistas...¿


Uma própria revolução dos cocos à lá brasileira. Como nossos camaradas da ilha Bougainville (que fica ali na região da Austrália) que simplesmente usaram da abundância do coco na região para fazer armas e ferramentas de combate, assim resistindo ao exército da indústria que dominava a ilha.


Continuo a dizer que, para bom entendedor, meia palavra basta. Até breve amigos.

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