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  • Rosângela Aguiar

Polícia Civil de Goiás descarta Crime Ambiental em acidente que derramou sangue bovino no Rio Vermel

"Não houve mortandade de peixes. Por enquanto descartamos crime ambiental", diz Luziano Carvalho, delegado da Dema.


No dia 23 de fevereiro o rio que corta a Cidade de Goiás, antiga capital do estado, ficou da cor do seu nome: vermelho. E moradores e turistas que visitavam a cidade ficaram em choque com a coloração das águas, antes límpidas, e com a espuma que tomou conta do curso d'água durante algumas horas. Na madrugada do dia 23 de fevereiro o caminhão de um frigorífico pertencente à empresa de alimentos JBS trafegava pela GO-070 carregado de sangue animal e tombou despejando 10 mil litros do produto no rio. O material estava sendo levado do frigorífico em Mozarlândia para um fábrica de ração animal em São Luiz de Montes Belos quando ocorreu o acidente. A empresa não se responsabiliza, a Secretaria de Meio Ambiente da Cidade de Goiás ainda aguarda explicações e o caso é investigado pela Delegacia Estadual de Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema), de Goiânia, que já descartou, num primeiro momento, crime ambiental..


As primeiras análises não demonstraram "grandes danos" ao meio ambiente, nem pela Vigilância Sanitária Estadual, nem pela Dema. Algumas horas após o acidente a água do Rio Vermelho voltou a ficar clara, uma vez que o produto despejado foi levado pela correnteza. No entanto, vale lembrar que o Rio Vermelho possui 230 quilômetros de extensão e deságua no Rio Araguaia. Ao longo deste percurso até a foz, as águas avermelhadas pelo sangue animal deixou rastros que ainda serão investigados.


Relatório da Delegacia de Meio Ambiente diz que não houve relatos de morte de peixes no Rio Vermelho, mas a investigação prossegue. "Numa análise preliminar podemos dizer que não houve crime ambiental porque não houve dano ambiental como, por exemplo, mortandade de peixes", explica Luziano Carvalho, delegado de Meio Ambiente de Goiás. Ele aguarda os laudos periciais da Polícia Técnico Cientifica de Goiás que indicarão, a partir das análises, a qualidade da água. A Polícia Civil já tem em mãos a nota fiscal do produto que aponta que a carga derramada no Rio Vermelho é bem maior da informada inicialmente, chegando a 30 mil litros de sangue animal.


"Foi realizado um exame de microbiologia pela Vigilância Sanitária, onde ficou constatado que havia muita bactéria na água. O que não significa nada já que a chuva provoca o mesmo resultado porque muita coisa é arrastada para o rio", explicou o secretário de Meio Ambiente da Cidade de Goiás, Pedro Vieira. Esta análise feita pela Vigilância Sanitária confirmou que o sangue não apresentava conservantes tóxicos e não apresentava risco à população ou aos animais. Apesar deste resultado, o secretário pediu novas análises da qualidade da água. O laudo ainda não ficou pronto.


A preocupação da Prefeitura da Cidade de Goiás é com a população ribeirinha e animais que habitam a região da Bacia do Rio Vermelho. Vale ressaltar que o rio não é a principal fonte de abastecimento de água do município e o uso de suas águas já foi liberado para a população.


Em nota a JBS afirma não ser responsável pela carga vendida pelo frigorífico e nem por seu transporte, ou seja, se eximiu de toda e qualquer culpa. E fica a pergunta: E quem será responsabilizado pelo acidente e suas consequências? Peixes podem não ter morrido, mas ingeriram o produto derramado no leito do rio, peixes que serão pescados e consumidos, sem falar que este mesmo sangue, mesmo diluído pela correnteza, foi parar no Rio Araguaia, que compõe importante bacia hidrográfica do estado.


O Rio Vermelho nunca foi vermelho de verdade, somente no dia 23 de fevereiro deste ano. O rio contado em verso e prosa pela poetisa vilaboense Cora Coralina sempre deu impressão de ser vermelho, em especial quando o sol bate em suas águas. E é um rio de grande importância para a região da Cidade de Goiás.


As nascentes do Rio Vermelho ficam a 17 quilômetros da Cidade de Goiás, na Serra Dourada. Se no século XVIII, durante o período de mineração de ouro, até quando ela foi proibida séculos depois, as nascentes já estavam degradadas, hoje o problema reside no desmatamento e na agropecuária. Grandes erosões e assoreamento têm reduzido ano a ano o volume de água do Rio vermelho, que fica um córrego raso no período da seca e com grandes volumes no período de chuvas, causando enchentes como a de 2001 que quase destruiu o Centro Histórico da Cidade de Goiás, tombada Patrimônio Histórico da Humanidade.

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