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  • Lays Vieira

O outro lado da força: Conheça o Fórum Alternativo Mundial da Água

Vocês devem se lembrar que há alguns dias eu escrevi sobre o Fórum Mundial da Água (FMA), mas sobre o que eu ainda não escrevi é o FAMA, o Fórum Alternativo Mundial da Água. Entre os dias 17 e 22 de março, também em Brasília, e simultâneo ao FMA, ocorreu o FAMA. Com o slogan “a água é um direito e não uma mercadoria”, este foi um evento internacional, de cunho democrático, que teve como objetivo reunir organizações e movimentos sociais de todo o mundo que lutam em defesa da água enquanto um direito elementar à vida. A ideia do evento é unificar a luta contra a tentativa das grandes corporações em transformar a água em uma mercadoria, privatizando reservas e fontes naturais, que tentam transformar esse direito em um recurso inalcançável para muitas populações, gerando exclusão social, pobreza e conflitos violentos.


Mas por que realizar tal evento ao mesmo tempo em que ocorre o já conhecido FMA? Não seria melhor unificar em um só evento? Não. A intenção é justamente bater de frente. Pois é meus caros, para quem não sabe o FMA, que ocorre a cada três anos desde de 1997, é um evento organizado pelo Conselho Mundial da Água, com orçamento milionário que atrai dezenas de participantes e legitima políticas de fundo privatista de governos, funcionando como uma espécie de vitrine de negócios. Além de influenciar a opinião pública em direção a uma aceitação da gestão privada dos recursos hídricos.


O Fórum e o Conselho Mundial estão vinculados a grandes multinacionais que defendem a mercantilização da água, práticas de transposição em benefício do agronegócio e da indústria, apropriação de aquíferos como o Guarani e construção de barragens e hidroelétricas sem considerar os impactos ambientais, sociais e culturais, em detrimento de uma gestão democrática da água em prol do bem comum. Em resumo, o FMA é muitas vezes tido como uma alavanca de oportunidades de negócio e, ao contrário de seu discurso, não é democrático ou inclusivo, neutro ou universal.


O FAMA ocorre por que o FMA não teria a legitimidade que propõem para representar os anseios da maioria dos povos em relação a água, não representa os anseios concretos de populações originarias, ribeirinhas e afetadas por barragens, de campesinos, de povos tradicionais, dentre outros diversos grupos afetados pela cada vez mais feroz mercantilização dos recursos hídricos.


Se você se interessou pelo trabalho realizado pelo Fórum Alternativo Mundial da Água, você pode obter maiores informações pelo site: http://fama2018.org/ .

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