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  • Foto do escritorMarcus Vinícius Beck

Cineasta português confronta fim em filme exibido no FICA


Filme português confronta fim. Reprodução


Em meio ao calçamento, becos e arquitetura que rementem ao século XVII, a ilustre vilaboense Cora Coralina deu vida aos seus versos. E ganhou reconhecimento com eles. Parêntese... uma rocha é, do ponto de vista químico, um amontoado de minerais. Elementos que se encontram, se juntam e se transformam. Assim como duas pessoas trocando olhares e tendo relações íntimas numa noite de agitação cultural. Ontem, esses encontros foram responsáveis por levar o público ao Teatro São Joaquim, no Centro Histórico da Cidade de Goiânia, para assistir a uma sequência de três filmes temerosos de cineastas português.


Narrado em off, com imagens para lá de chocantes e perturbadoras, o filme Penúmbria, de Eduardo Britto, foi o primeiro a ser exibido na noite. A história fixa as atenções em uma cidade homônima que ‘sumiu’ com seus moradores após 200 anos de convivência absolutamente desagradável. Porém, imagens de solo árido, mar revoltado e clima violento podem ser vistos pelo expectador como um preocupante sinal de alerta. Mesmo sendo uma obra situada no campo da ficção, essa é uma realidade que não está totalmente descartada e vem se mostrando cada vez mais possível de ser atingida.


Assim como seu antecessor, o documentário Dia 32, de André Valentim Almeida, atrai olhares pessimistas e derrotistas ao meio ambiente. A montagem deixa o espectador, em determinado momento, com repulsa e, depois, sono. Este escriba, lamentável e esquisitamente, caiu no ronco em plena sessão. Minutos depois, confesso, levantei-me e saí para tomar um ar. Bem, o que precisa de fato ser ressaltado nesta crítica é a possibilidade, para citar o clássico The End da banda contracultural The Doors, de o fim ser algo próximo.


Cara a cara com esse abismo todo, o narrador criou um acervo de imagens, que vão desde o software Adobe Premiere até o gol do português Renato Sanches na final da Eurocopa de 2016. A intenção com tal iniciativa é manter vivo o registro da catástrofe que se anuncia como a última música em um show de rock. Apesar de o público estar com os olhos vibrados na telona, quase não falando uma palavra sequer e sussurrando coisas aleatórias, os dois curtas-metragens eram lentos, sonolentos e chatos, ainda que a temática principal fosse realmente pertinente.


Mas a tradição do cinema europeu não é deixar o espectador feliz ou radiante. Não, a intenção é incomodar mesmo. E, apesar dos pesares, tanto o primeiro quanto o segundo conseguiram isso.

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