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Cicloativistas se reúnem em manifestação contra a remoção das ciclovias
“Vai ter ciclovia, na Paulista e na periferia”; “Menos motor mais amor” e “Eu quero o fim da Polícia Militar” eram os gritos dos manifestantes durante o ato, que encerrou em frente à Prefeitura de São Paulo com direito a faixas com a frase "faixas salvam vidas"

O cicloativismo em São Paulo teve origem no ano 2000, os ciclistas lutam pelo direito de usar a bicicleta como meio de transporte ocupando as vias públicas com segurança. De acordo com o Artigo 201 do Código de Trânsito: o carro deve manter um metro e meio da distância lateral do ciclista/bicicleta. Segundo o Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito no Estado de São Paulo (Infosig) no ano de 2017 foram 37 ciclistas e 395 pedestres que perderam a vida no trânsito de São Paulo.
Na última sexta-feira (31), a Praça do Ciclista foi ocupada pelo movimento Vá de Bike, cicloativistas que organizaram uma manifestação contra a remoção das ciclovias. Os ciclistas saíram por volta das 20 horas em sentido da Av. 9 de Julho, a Polícia Militar (PM) esteve presente na manifestação para bloquear a passagem dos carros.
Bruno Covas, atual prefeito de SP, declarou que as ciclovias existentes foram 'espalhadas como orégano na cidade', porém as faixas foram estudadas com grupos de cicloativistas que recebem o nome de Câmara Temática da Bicicleta, com 22 representantes ocupando cadeiras, de zonas, ONG’s e instituições. Em agosto, o prefeito anunciou o plano de construir um anel cicloviário em avenidas, entre elas: Marginais Tietê, Pinheiros, Bandeirantes, Tancredo Neves, Juntas Provisórias e Salim Farah Maluf.
Segundo Roberson Miguel, cicloativista do Ciclo ZN, "o prefeito extraiu parte de um decreto que já existe, que é o Plano Municipal de Mobilidade (PlanMob). Covas decidiu em algumas audiências públicas no ano passado como seria o sistema cicloviário na cidade de São Paulo, todas as ciclovias que existem hoje fazem parte deste projeto, agora ele extraiu parte desse plano que vai até 2028, e mostrou somente algumas opções que ele gostaria que fosse feito", declara Roberson em entrevista para o Metamorfose.
O Movimento Massa Crítica SP esteve presente no ato, eles também são chamados de "bicicletadas" nas capitais do Brasil, Portugal e Moçambique. O "massa crítica" é um grupo de ciclistas que se encontram sempre na última sexta-feira do mês, com o principal intuito de divulgar a bicicleta como um meio de transporte.
Já o Vá de Bike é um portal online que publica matérias sobre mobilidade urbana, além de dar dicas para quem quer começar a pedalar nas ruas, realizam cobertura de ações e eventos, publicam notícias e reflexões sobre o uso da bicicleta nas grandes cidades. O Metamorfose entrevistou uma repórter colaborativa do Vá de Bike, Silvia Ballan, também fundadora do site silviaenina.org, blog que surgiu dos mais de 10 anos na garupa da bicicleta levando a filha para escola.
"Estamos tentando um diálogo, porém estamos regredindo cada vez mais, eles estão fazendo da cabeça deles qualquer declaração que foi feito um acordo com os cicloativistas, e não é verdade. O que a gente quer é muito simples: é que continue as ciclovias e que elas sejam interligadas as que já existem, e que não sejam apagadas, estamos reunindo aqui hoje justamente por isso, elas estão sendo apagadas e não interligadas", conta Silvia Ballan.
Sobre a ciclovia da Vergueiro, ela brinca: perigo! “Na descida é super perigoso e na subida também, ninguém te vê”, conta Silvia.
Regiane, que tem 33 anos e faz parte do grupo Pedala Zona Leste, reclama que “a Ciclovia na Zona Leste é precária, todo percurso da Radial Leste não tem manutenção, porque não tem políticas públicas para ZL”, ela andou 21 km da sua casa (Zona Leste até a Praça do Ciclista, Consolação). Sobre o percurso ela diz que pegou algumas vias que dificultaram a viagem.
‘’O Perigo é constante, a segurança que temos está sendo retirada. Nem para as mortes eles estão olhando, o que tiver de manifestação vamos estar presente na luta para representar’’, diz Sandro Galego, morador da Região da Mooca.
Existem diversas empresas privadas que estão colocando bicicletas na cidade, porém por outro lado nada é feito para melhorar as condições para os ciclistas, argumentam os manifestantes presentes no ato. Os cicloativistas acreditam que as empresas não estão presentes no movimento, estão em busca de outro viés, a do capital, e não da sustentabilidade como estão acostumados a ‘vender’.
“Em algum momento não terá como crescer a ciclovia, a gente tem que mexer na visão do motorista, porque ou você tira uma via e coloca os ciclistas; ou se tira árvores e nenhum ciclista quer que isso aconteça, vai ter que ter essa consciência coletiva de que o trânsito tem que ser alterado. Os cicloativistas nunca pediram ciclovias, sempre pedimos redução de velocidade e compartilhamento das vias, ciclovia é legal e bacana para incluir mais gente, é também uma proteção para aqueles que não tem segurança de circular nas vias. Porém, lógico que se a cidade interferir que você não pode circular naquele via é outra questão”, questiona Roberson Miguel, Cicloativista do ciclo ZN, da Zona Norte.