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Vaca Amarela 2018

Com apenas um dia de evento, festival tradicional do meio alternativo da capital coloriu o Martim

Foto: Ilâne Nunes


Voltando às raízes, a 17ª edição do Festival Vaca Amarela aconteceu no centro cultural Martim Cererê. Segundo a organização, a intenção era resgatar a essência independente do festival, já que com a mudança de estilo dos “inferninhos” (boates e pubs) da capital, que hoje em maioria só tocam DJs. “Pra que ter banda se você não tem onde tocar? Os outros festivais só chamam mainstream”, afirma um dos produtores do festival, João Lucas ao Metamorfose.


O produtor cultural que também já foi frontman da banda Johnny Suxxx and the Funking, disse que voltar ao Martim este ano é especial, pelo espaço estar completando 30 anos de existência. “Não pretendo mais tirar o Vaca daqui do Cererê” afirmou. Ele também comentou sobre a arte gráfica do cartaz do festival, feito pelas mãos criativas de um dos mais renomados artistas goianos, Marcelo Solá: “ele é um padrinho do Vaca Amarela, além de ter suas origens no punk e ter toda essa referência em sua obra”.


O Vaca Amarela é muitas vezes criticado por se afirmar como um festival independente, mas receber patrocínio para sua realização, a organização do evento afirma que “sim, tem patrocínio, mas se não tiver o evento não vai continuar acontecendo todo ano. É a continuidade e a visibilidade dada para bandas novas que faz do Vaca Amarela independente”.


Mas, mesmo com toda essa banca de salvador do underground goiano, o festival não foi capaz de pegar de jeito o público no feriado. Segundo a organização, dos 1000 ingressos, 750 já haviam sido vendidos antes do início do evento, então a expectativa era de lotação. Porém, o que se viu foi um Martin relativamente vazio, comparado a outros anos e festivais. Apenas dois dos shows lotaram os teatros: Rubel e Letrux, atrações que não são as bandas médias de Goiânia.


Fotos: Ilâne Nunes e Júlia Lee


Essas, por sua vez, tiveram desempenhos variados. Para quem curte um rock baladinha anos 90’s, o pessoal do Cafeíne Lullabies foi uma boa pedida. Ros e Jors, trouxe uma pegada pop/eletrônico romântico. O Shotgun Wives, mandando bem como sempre.


Terra Cabula trouxe uma pegada de ponto de umbanda e candomblé com riffs de guitarra e músicas sobre empoderamento feminino cantadas por um homem de saia, o vocalista Vinicius Bolivar afirmou ao Metamorfose que "reflito muito sobre o feminismo internamente, tanto que pedi para a nossa guitarrista cantar comigo no refrão. Nunca recebi nenhuma crítica sobre isso". Apesar de tocar pontos de religiões de matrizes africanas em uma sexta-feira (dia de Oxalá, em que culturalmente se usa branco), o vocalista se apresentou vestido inteiramente de preto.


Fotos: Júlia Lee


Vinicius afirmou em entrevista que não pretende ser andrógino, porém faz essa mistura estética entre gêneros. Também disse que apesar do show ser mais compacto ele adorou a energia da galera cantando e dançando os pontos e cantos de terreiro.


Fotos: Júlia Lee


Mas, um dos maiores destaques foi a banda brasiliense YPU – que significa “barulho de rio”, em tupi-guarani. Um som psicodélico que mistura instrumentos que vão do trombonito a batidas eletrônicas, além da pegada despersonalizante estético. O combo vapor + luzes coloridas ofuscaram o rosto dos integrantes da banda, ajudando o som com letras sobre o apego do ego a ecoarem pelo teatro do Martim Cererê, “nesse lugar redondo, a gente recebe o que da, foi muita animação do público goiano”, explica Ayla, integrante da YPU.


Fotos: Ilâne Nunes e Júlia Lee


Já Rubel, fez uma apresentação sincrônica, com destaque para o sax e a versão diferenciada de “quando bate aquela saudade” que transformou a música em um jazz dançante. Segundo o baixista da banda, Pablo Arruda, explica que “toda onda do disco novo é pensando em souls maiores, o primeiro disco é mais sanfona e todo mundo sentado, a gente fez essa mudança pra abraçar festivais e colocar a galera pra dançar”.


Letrux foi sexy, envolvente e empolgante como sempre. Único show do festival em que a galera fez uma fila para entrar no teatro, uma hora antes do horário marcado para o show começar, e como de esperar foi um show animado e com o público extremamente envolvido. Conseguiu fechar maravilhosamente bem o festival.


Fotos: Júlia Lee

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