JM
O encaixe em desencaixe – dura visão de tempo incolor
diria-se que era um encontro
mágico,
um estudo energético já avançado
de dois espíritos que se conheciam em liberdade
mútua.
o mundo não estava afável,
nada estava: cada saliva de vozes em rua era coberta de sangue
e
fúria.
meu, seu riso carregando um
fardo maior que lágrimas
incessantes
– peso tão grande ao ponto de
olhos se verem fracos,
peso tão grande ao ponto de sorrir
ser o desespero necessário:
a vida, em momentos de tortura,
é salva pelo deboche.
Deus! – eu gritei, ao léu, ao nada, nenhuma nuvem se mexeu:
tanta divindade conivente com a
cruz que
o povo carrega:
(no terceiro dia, o que
acontecerá?)
por dentro, despenado,
eu agonizado, rugia em casulo que trouxesse sombra:
proteção!
o mundo pega fogo em cega alma no cansaço de rasgar-se e curar-se.
o marrom dos olhos da gente sem uma
gota de glíter:
talvez ali morria a arte tão
profunda cravada em peito e crânio.
a gente sabia, a gente sabia que o presente retornava 50 anos:
tomamos uma sociedade velha
estando tão jovens e a dor vinha
da falta de encaixe,
da ausência de local no qual a voz explode,
contamina indivíduos com a mensagem tão real e forte.
agarrar a luz que existe em teu
abraço,
agarrar a luz que existe em teu
abraço.
Abraço que significa a dor de tantos como a gente: querendo mais,
querendo mais...
um dia passará.
(mas: qual?)