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  • Rosângela Aguiar

País arde em chamas. Incêndios como o do Parque da Chapada dos Veadeiros podem ser criminosos

O país arde em chamas. São 237.155 focos de incêndio e em Goiás são 8.411. O pior deles está no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, Patrimônio Natural da Humanidade e Reserva da Biosfera. Desde o dia 10 de outubro 22% dos 240 mil hectares de Cerrado foram consumidos pelo fogo, com um prejuízo incalculável de perda de espécies da fauna e flora do bioma. Após sobrevoo na área atingida, equipe da Polícia Civil de Alto Paraíso com apoio da PM/DF confirmou a suspeita ICMBIO – Instituto Chico Mendes de Conservação à Biodiversidade - de que o incêndio foi criminoso. De acordo com o delegado encarregado do caso, Jose Antônio M. Sena, de Alto Paraíso, foram identificados dois pontos do início do fogo e os indícios de que foi intencional são claros e inquérito já foi instaurado para averiguar.


Todos os anos no período de estiagem o problema se repete. O país arde em chamas, em especial reservas florestais e parques rodeados por fazendeiros e terras agricultáveis. O problema na Chapada dos Veadeiros não é diferente. A área da reserva foi aumentada por decreto presidencial este ano de 65 mil hectares para 240 mil hectares. E foi também este ano, no início de outubro, pouco antes do parque arder em chamas, que, por decreto presidencial, foi dado perdão a 60% das dívidas nas multas de quem cometeu crime ambiental. Crimes muitas vezes cometidos por interesses econômicos de quem não se conforma em ter reservas ambientais e quer tornar estas áreas em carvão, pasto ou em terra agricultável.


O problema do perdão das multas por crime ambiental agrava o problema dos focos de incêndio que este ano já são 237.155 em todo o pais. A Amazônia é o bioma brasileiro mais atingido, com 47,8% dos focos de incêndio, seguido de perto pelo Bioma Cerrado, com 37% dos focos, segundo dados do INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Na sequência vem a quase extinta Mata Atlântica, Caatinga, Pantanal e Pampas. Até o dia 23 de outubro o INPE havia registrado um aumento de 53% do número de focos de incêndio em todo o país em relação ao mesmo período do passado.


No caso do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, que está fechado para visitação em virtude do incêndio, o dano ambiental pode ser irreversível se levarmos em consideração que a unidade abriga 1500 espécies de animais, alguns em risco de extinção como o lobo guará e a onça pintada e onde estão mais de dez mil plantas típicas do Cerrado conhecidas, fora as que ainda não foram catalogadas, já que o Bioma Cerrado ainda possui milhares de espécies da fauna e flora que são desconhecidas pela ciência. O local é um santuário natural que recebe 65 mil visitantes por ano.


Para combater as chamas que começaram, segundo a Policia Civil de Goiás, no dia 10 de outubro e que deve ser criminoso. Em sobrevoo foram identificados dois pontos em que o fogo pode ter começado. Em virtude do tempo seco e ventos fortes, as chamas se alastraram com rapidez e 22% da unidade foram consumidas. Para conter as chamas, 200 brigadistas com ajuda do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal combatem o fogo com ajuda aérea. Segundo o ICMBIO o fogo começou na região de Pouso Alto e próximo ao rio Preto. As cidades vizinhas Alto Paraíso e Cavalcante já decretaram calamidade pública. No boletim do ICMBIO as principais frentes de trabalho do Corpo de Bombeiros e dos brigadistas foram no Córrego dos Ingleses, que é próximo a administração do parque, ao Jardim Maytreia, importante ponto turístico da região. O fogo chegou a atravessar a GO 239 que liga Alto Paraíso ao distrito de São Jorge, dificultando a visibilidade e colocando em risco motoristas que trafegam pela região.

A Policia Civil de Goiás já investiga para saber quem iniciou o fogo e como isto foi feito. Os indícios de que este incêndio, assim como o que devastou parte da área do Parque Estadual Altamiro de Moura Pacheco entre Goiânia e Teresópolis de Goiás e próximo a maior reserva de água da região, foi criminoso e intencional. O mesmo que aconteceu no bambuzal do Parque Areião em Goiânia. Fatos que preocupam ambientalistas e a sociedade em geral, principalmente porque o período de estiagem ainda não terminou e se as reservas florestais continuarem a arder em chamas sentiremos as consequências em um futuro próximo.

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