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  • Foto do escritorMarcus Vinícius Beck

Livros para um Natal mais consciente

Literatura


Separamos oito obras para você presentear amigos ou familiares. Confira:

Pedro Juan Gutierrez, autor do romance Trilogia Suja de Havana (1998). Foto Reprodução


Se não temos como fugir do consumismo desenfreado, nada melhor do que presentear um ente querido da família ou aquele amigo que você tanto curte com livros. São mais certeiros que o primo bolsonarista fã da republiqueta de Curitiba ou o tiozão insuportável do pavê que combate a ‘ideologia de gênero’ no tribunal do Facebook, como me sopra aos ouvidos o cantor e compositor tropicalista Tom Zé. Ora, foi neste ano que as livrarias Cultura e Saraiva (só para lembrar) anunciaram terríveis problemas financeiros e fecharam algumas lojas por conta de seus equivocados modelos de negócios. Então quer um argumento melhor para desembolsar conscientemente alguns vinténs?


Digo mais: escolha comprar livros direto em sebos ou pequenas livrarias, pois as gigantes do mercado livreiro estão dando o calote nas editoras, a quem devem mais de R$ 300 milhões. Portanto, a escolha de comprar obras literárias neste Natal com a finalidade de presentear alguém nunca foi tão necessária. Bem, como estamos careca de saber, a eleição do direitista Jair Bolsonaro será um desafio a partir do dia 1° de janeiro. Portanto, a literatura vai - só ela irá - nos salvar nestes tempos sombrios e incertos que se vislumbram nos horizontes, fazendo com que tenhamos força e repertório para resistir na luta contra o autoritarismo.


Ué, não seriam esses os efeitos da prosa anárquica do doutor Hunter Thompson (1937-2005) e poemas libertários do pai do simbolismo Charles Baudelaire deveriam ter? Óbvio que sim, mas as caças aos escritores ‘subversivos’ pode começar a engatinhar já nos próximos dias. Não é brincadeira, tampouco loucura literária de um jornalista embriagado e pensativo… Claro que não! A coisa tende a ficar cada vez mais triste, mais incerta, mais insegura, mais foda. O que você está esperando? Um livro pode mudar - radicalmente, inclusive - a percepção de uma sociedade. Karl Marx, Arthur Rimbaud, Henry Miller, Ernest Hemingway, William Faulkner, John Steinbeck, Pedro Juan Gutierrez… Leia a porra toda! Sem mais delongas.



A mulher do próximo (1980)





Clássico do chamado Novo Jornalismo, movimento contracultural sessentista que aliou técnicas da literatura realista do século XIX ao discurso jornalístico, o escritor norte-americano Gay Talese mergulhou na “permissividade americana antes da era da Aids”. Talese vai de cabeça na intimidade de seus contemporâneos durante a Revolução Sexual em um país puritano, onde sempre florescem seitas de amor livre e nudismo. A Mulher do próximo é um fundamental para compreendermos a história da sexualidade. Companhia das Letras, 483 páginas, R$ 59,99.


Marighella - o guerrilheiro que mudou o mundo (2012)












Sem dúvida uma ótima referência para quem quer saber um pouco mais sobre a história do Brasil por meio do olhar do herói de esquerda Carlos Marighella (1911-1969). Antes de tudo uma grande reportagem, cujo maior objetivo é aprofundar determinada temática, o livro do jornalista Mário Magalhães não deixa escapar nada da vida do comunista baiano, considerado o maior inimigo da Ditadura Militar (1964-1985) e do Estado Novo (1937-1945). Marighella chegou a ficar no xilindró por anos durante de inspiração fascista do gaúcho Getúlio Vargas (1882-1954). Companhia das Letras, 784 páginas, R$56,60.



Os carbonários (1980)




Escrito pelo jornalista Alfredo Sirkis, a obra é narrada (durante boa parte) em primeira pessoa e conta com contundente trabalho documental sobre os anos de chumbo da Ditadura Militar. Para você ter uma ideia, Sirkis participou do sequestro do embaixador da Bélgica, no Rio de Janeiro, e militou ativamente na Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), conhecendo o líder Carlos Lamarca (1937-1971). Vencedor do Prêmio Jabuti em 1981, e considerada a melhor história sobre o período em que os milicos estiveram no poder, o livro é encontrado em sebos virtuais por um preço bem em conta. Bestbolso, 501 página, R$ 30,27.


Os dez dias que abalaram o mundo (1919)


Genial. Essa é a melhor palavras para definir o livro-reportagem do jornalista norte-americano John Reed (1887-1920). Considerado uma das primeiras obras do chamado Jornalismo Literário (estilo de reportagem que adota características próprias da literatura), o texto mostra com riqueza de detalhes como eram os dias que antecederam a Revolução Russa, de 1917, a primeira que instituiu um governo com preceitos comunistas. Homem de esquerda, após o lançamento da obra, Reed passou a ser cultuado na União Soviética. Foi enterrado em Moscou. Companhia das Letras, 416 páginas, R$ 25,90.


Homens e Ratos (1937)













Expoente do realismo social, o escritor estadunidense John Steinbeck (1902-1968) conta a história de dois trabalhadores braçais durante a Grande Depressão (1929-1939). A principal característica do romance é a linguagem coloquial, fazendo com que críticos do jornal norte-americano The New York Times definissem o livro como “um pequeno grande romance”. "Na verdadeiramente grande literatura, a dor da Vida é transmutada na beleza da Arte", dizem. O romance de Steinbeck chegou a ser proibido em vários distritos policiais por supostamente promover “a eutanásia”, mas isso não impediu o autor de ganhar o Nobel da Literatura em 1962. L&PM, página 187, R$ 17,90.



O livro dos abraços (1989)






Uma obra curta, com textos grandiosos. É assim que esse livro do escritor uruguaio Eduardo Galeano (1940-2015) é descrito por literatos. São histórias que vão de cinco a duas páginas de narração magistral, com frases curtas, líricas e que nos revoltam contra as injustiças sociais. De esquerda, o uruguaio aproveita para tecer duras críticas a sociedade do espetáculo e ao capitalismo, destrinchando a cultura, os mitos e as lendas que perpassam por todos os povos da América Latina. L&PM, página 272, R$ 39,90.

Diário de um jornalista bêbado (1997)



Claro que em uma lista redigida por este jornalista que vos escreve não poderia faltar o romance clássico do doutor Hunter Thompson (1937-2005). Com um texto leve, inteligente, bem-humorado e, às vezes, deprimente, o escritor norte-americano dá vida a um grupo de jornalistas que vivem sob a incerteza financeira. Trata-se do gonzo em San Juan, no caribe, atrás de um emprego. O problema é que o trampo era em um jornal que estava prestes a falir. Resultado: Thompson cria personagens simples, sem frescuras, num contexto… Bem, deixa pra lá. Promessa de boas risadas. L&PM, páginas 256, R$ 22,96.



Sangue nas veias (2012)






Considerado um dos papas do New Journalism (Novo Jornalismo, em tradução literal), o escritor norte-americano Tom Wolfe (1930-2018) retrata como poucos o chamado zeitgeist do Tio Sam em seus romance - e até mesmo reportagens, vide o clássico o O Ácido do Teste do Refresco Elétrico (1968). Neste romance, seu olhar corrosivo leva-nos até Biscayne Bay, na cidade de Miami, onde imigrantes formam uma variada e excêntrica galeria de personagens. Rocco, 607 páginas, R$ 59,90

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