Marcus Vinícius Beck
Com vocês, o amor sonoro
Botequim Literário do Beck

O irreverente casal Serge Gainsbourg e Jane Birkin na década de 1960. Foto: Reprodução
Três, dois, um... Luz vermelha no estúdio da rádio Botequim Literário. Vai, DJ, bota aquela do cara mais feio de todos os tempos. Óbvio que falo do Serge Gainsbourg (1928-1991), o francês que namorara só beldades na década de 1960... Ops, ilustre leitor (a), a música... Sim, tem de ser aquela em que a maravilhosa cantora inglesa Jane Birkin dá os famosos gemidos... Je vais, je vais et je viens, Entre tes reins, Je vais et je viens... Bota a agulha para riscar, por favor.
Dane-se. Chega desse blá blá blá apaixonado, pois se a vida dói, drinque caubói. Não, pera. A verdade é que a música precisa ser certeira na hora agá. Nada dessa coisa barulhenta que toca nas rádios aí. Não. É preciso dedicar-se para o orgasmo sonoro. Com vocês, uma lista que fiz com o objetivo de elencar algumas músicas para embalar aquele amorzinho gostoso ao cair da noite.
Al Green – Love and Happiness. Do Green a gente poderia ficar horas discutindo qual música é a mais sensual, mas creio que minha escolha foi sensata (sorry, amigo sofredor, a intenção não era ser arrogante, nem nada do tipo). Elegi esta por ser de um suingue, mas dum suingue, aff, daqueles que tornam o ensejo da coisa toda algo pra lá de prazeroso, digno de durabilidade maior que dois meses.
Serge Gainsbourg – Je t´aime Moi Non Plus. Esta canção pode tocar em algum cabaré de beira de estrada ou no mais singelo dos ninhos amorosos. Batata: o tal gemidinho de Jane Birkin ao som do órgão meloso de Gainsbourg deixarão bem explícito qual era a intenção da coisa toda. Acho que nem precisa falar mais nada. Só dar play no youtube, na vitrola ou no toca cd (vai saber de qual geração você é, né?).
Back Door Man – Willie Dixon. Pode ser tanto na voz do bluseiro como na de Jim Morrison. Aliás, opinião pessoal este escrevinhador de quinta e profissa de botequim, o vocalista do The Doors dá show ao emprestar sua voz em barítono para os versos do refrão que denotam sexo anal. Você é quem decide na voz de qual dos dois irá ouvir. O que não pode é deixar tal preciosidade musical de fora, né?
Ibrahian Ferrer – Aquellos Ojos Verdes. E como vamos falar sobre músicas sensuais sem ao menos citar o nome do cantor cubano? Ora, a voz da terra de Fidel Castro cantou maravilhosamente boleros lendários com energia orgástica responsável por fazer com que corpos se amem madrugada a fio.
Tim Maia – Nobody Can Forever. Big Boss! Claro que o síndico não poderia ficar de fora dessa. Pensando bem, aqui conosco tal alcunha nos soa meio miserável. O homem só pode ser chamado de Presidente (sim, com P maiúsculo, inclusive) pra cima. Em 1976, depois de dar um pé na bunda dos desgraçados que faziam parte da seita Racional, Tim ficou sem grana, mulher e trampo. E na tentativa de reconquistá-la, o cara vai lá e grava uma balada daquelas... eita, Tim.
Creio que deve ser por aí mesmo.
Não, me enganei. Logo de cara, ao pôr o ponto final no texto, percebi que esqueci do canadense Leonard Cohen (1934-2006) – o homem era um tremendo poeta e romancista que quis se enveredar para o lado da música na década de 1960. Ora, o resultado não poderia ser diferente: canções com alta carga sentimental e lírica. O disco L.A Woman (1971), da banda de rock The Doors, por exemplo, não poderia ficar de fora da lista de jeito nenhum.
Com certeza, há mais músicas que esqueci. E você, pombinha (o), qual é a sua trilha favorita para o momentos dos momentos? Manda para o cronista.