JM
Janeiro vermelho como retomada a investida do Boi, da Bala e da Bíblia
Protesto
A última quinta-feira (31) foi marcada por diversos protestos pelo Brasil pela #DemarcaçãoJá
Fotos do ato Nenhuma gota a mais de sangue indígena, que aconteceu em Goiânia. Foto: Júlia Lee
“O indígena é produto de movimentos que não têm interesse em desenvolver o Brasil”, este é o proferimento do deputado Jerônimo Goergen do Partido Progressista pelo Rio Grande do Sul. Segundo dados do Conselho Indigenista Missionário, a atual conjuntura institucional brasileira é a pior em 20 anos quando nos referimos aos povos tradicionais da terra brasilis. Existe uma confusão ideológica estratégica quando debatemos sobre a mais primárias das lutas, a disputa pela terra.
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, veio, neste novo janeiro, evidenciar uma realidade marcada pelo sangue dos povos originários, numa história marcada por conflitos e espoliação. A luta aguerrida pode ser considerada por alguns como apenas redução de danos, na perspectiva de que hoje no Congresso Nacional tramitam mais de 30 projetos de lei emendados a Constituição de caráter eugenista e anti-indígena. A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), conhecida como bancada ruralista, sugere propostas sobre os indígenas não obter direito à terra caso não estivessem em posse dela em 1988. O desenvolvimentismo agropecuário tido por alguns críticos como semi-feudal, hoje é um “motor da economia” que não mede esforços em explorar o maior número de hectares.
“A demarcação de Terras Indígenas representa uma garantia de proteção à floresta e aos povos que dela dependem para viver”, defende a APIB neste janeiro de luta, reafirmando que os povos indígenas não se submeterão ao processo da pós-colonização, um massacre silencioso.
Desde o Governo Temer, o processo de demarcação das terras indígenas vem decaindo, um perfeito espelho do avanço das políticas neoliberais no país, culminando neste 2019, sob a demanda de Jair Bolsonaro, na submissão da FUNAI à uma recente pasta de governo, chamada de “Mulheres, Família e Direitos Sociais”, chefiada pela temida Damares Alves, uma mulher que foi protagonista de um roubo de uma criança indígena.
A agenda de mobilização do #JaneiroVermelho vem se movimentar pela reorganização dos territórios, demanda histórica dos povos originários - vide história do Movimento Zapatista no Chiapas -, uma luta que deve ser permanente. Lutar pela terra é também lutar por soberania alimentar e autonomia dos povos na administração da terra, que na tradição indienista, é sinônimo de liberdade.
#Demarcação já