Marcus Vinícius Beck
As cinebiografias que passaram à história
Cinema
Selecionei oito filmes que abordam a vida de estrelas da música nacional e internacional. Confira:

Cena de Bohemian Rhapsody. Foto: Reprodução
A cinebiografia da banda britânica setentista Queen, Bohemian Rhapsody, entrou para o seleto rol das melhores já produzidas na história do cinema. Ao todo, foram arrecadados US$ 596 milhões em bilheterias ao redor do mundo, ultrapassando o filme estadunidense Straight Outta Compton (2015) - responsável por contar a história do grupo de gangsta rap N.W.A. Nos últimos meses o que mais ouviu-se falar por aí, seja na mesa do bar ou durante a pausa no trabalho, foi a tal atuação do ator norte-americano Rami Malek na pele do cantor Freddie Mercury (1946-1991).
É praticamente impossível dissociar a música da sétima arte. Sim, porque mesmo quando o cinema não tinha som sincronizado - no início do século passado -, as orquestradas acompanhavam os filmes para criar o tom necessário às produções cinematográficas. Para os longas-metragens biográficos, porém, há duas estratégias para que a história seja contada com maestria. O que mais ronda a cabeça dos diretores na hora da produção é fazer com que a obra não seja um mero videoclipe de duas horas.
Assim, ao recriar os shows das bandas, é importante que as cenas gerem a imersão ao episódio narrado. Por outro lado, quando os filmes debruçam-se sobre a vida dos músicos, o desafio é inverso: sempre é bom lembrar-se da música que o personagem alvo tocava. Mas, apesar de você tentar reduzir isso a simplismo, alto lá: o drama da vida de um artista pode ser tão alto, mas tão alto, que o efeito dramático poderia parecer, sem muito esforço, o enredo da peça Édipo Rei, escrita pelo dramaturgo Sófocles, na Grécia Antiga.
Bem, já que um dos assuntos mais falados nos últimos meses no mundo pop foi cinebiografia do Queen, preparei uma lista com oito filmes musicais que deram conta dos preceitos elencados nos parágrafos anteriores, e acabaram virando verdadeiras referências nesse gênero. Portanto, meu caro leitor (a), que teve paciência de me acompanhar até aqui, sugiro que confira essas obras clássicas da sétima arte. Sem mais.
Bohemian Rhapsody (2018)

Era de se esperar que esse filme estivesse na lista, né? O longa fez o público entrar dentro dos shows da banda Queen - principalmente naquela apresentação histórica no Live Aid, realizada em 1985. A escolha da grande angular por parte do diretor dá uma ideia de evento grandioso. Óbvio que quem curte a música da banda setentista vai ficar entretido, até porque a atuação de Rami Malek deu o que falar. Antes que eu me esqueça, o longa deixou um pouco de lado a vida pessoal de Mercury e focou no Queen.
The Doors (1991)

Verdadeiro clássico. Lançado em 1991, o filme foi dirigido pelo norte-americano Oliver Stone - o cara que fizera o documentário Ao sul da fronteira (2004), onde ele ouviu líderes da centro-esquerda latino-americana na década de 2000 - e conta com o ator Val Kilmer no papel do cantor e poeta Jim Morrison (1943-1971). Embora o longa seja cultuado por fãs da banda de rock psicodélico The Doors, críticos e integrantes dos Doors acham que o trabalho é focado em situações estereotipadas de Morrison.
Cazuza: o tempo não para (2004)

Impossível uma lista não ter esse filme, não? Pois é… Focado na construção de um dos maiores ídolos do rock nacional, a obra mostra a brasilidade do fundador da banda carioca Barão Vermelho, sua forma de pensar e seu total desapego às normas que regem a sociedade. Assinado por Fernando Bonassi e Victor Navas, o roteiro é baseado no livro Cazuza: Só As Mães São Felizes, escrito pela mãe do cantor e poeta, Lucinha Araújo, e pela jornalista Regina Echeverria. O ator Daniel de Oliveira viveu o músico na telona.
Tim Maia (2014)

Poderia ser tranquilamente classificado como um drama brasileiro, mas o filme aborda com fidelidade a verdadeira face de um dos artistas mais importantes que já passaram pelos nossos palcos. Focado na história do cantor e compositor de funk e soul Tim Maia (1942-1998), o longa mostra a conturbada vida desde a infância até a morte do síndico aos 55 anos, durante um show na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro. Escrito por Mauro Lima e Antônia Pellegrino, a cinebiografia é baseada em Tim Maia: O som e a Fúria (2011), livro de autoria do jornalista Nelson Motta.
Elis (2016)

Focado na vida da maior intérprete da música popular brasileira, o longa-metragem retrata brilhantemente o comportamento da cantora gaúcha Elis Regina (1945-1982) desde o começo da carreira, aos 18 anos, até a morte dela. A atriz mineira Andreia Horta viveu Elis e sua atuação foi bastante elogiada por críticos de cinema dos grandes jornais brasileiros. Escrito por Vera Egito, Luiz Bolognesi e Hugo Prata, o roteiro é a grande sacada do filme, dando à obra um caráter factual interessante.
A fera do rock: Jerry Lee (1989)

Esquecida pelo público e crítica, a cinebiografia do pianista Jerry Lee Lewis pode ser definida como uma explosão de som e imagem. O ator norte-americano Dennis Quaid esteve bem no papel do músico, mostrando-se empolgado em frente ao instrumento que marcou a carreira de um dos pais do rock and roll. A obra narra o envolvimento de Lewis com Myra Gale Lewis, com quem o artista casou-se quando ela tinha apenas 13 anos. Contando com um elenco arrasador, o filme não deve ser esquecido e, certamente, merece um lugar nesta lista.
Johnny e June (2006)

Genial. A vida do cantor country Johnny Cash (1932-2003) foi retratada de forma fiel, evidenciando os problemas que o músico teve por conta do abuso de álcool e drogas ilícitas, além do relacionamento com June Carter, que durou até o final da vida dela, em 2003. Com atuações supremas do ator mexicano Joaquin Phoenix e da atriz norte-americana Reese Witherspoon, o filme é uma boa pedida para quem deseja conhecer melhor a vida de Cash. Witherspoon ganhou o Oscar de melhor atriz.
Não estou lá (2008)

Todos são ele, mas nenhum o é. O cantor, compositor e escritor Bob Dylan tem suas mais diversas facetas retratadas neste filme. Por conta desse contraste, o cantor é interpretado por vários atores (Christian Bale, Cate Blanchett, Heath Ledger, Marcus Carl Franklin, Richard Gere e Ben Whishaw), mas nenhum leva o nome de Dylan ao personagem. Justamente por conta disso a obra é interessante. Vale a pena.