top of page
  • Foto do escritorMarcus Vinícius Beck

Um single docemente sensual

Música

Guerrilha Armada dos Coelhos Mutantes lança hoje novo single que faz parte do segundo EP da banda

Da esquerda à direita: Danilo Brito (guitarra), Ângela Vitorette (voz), Yorrans Miranda (bateria) e Gabriel Vitorette (baixo e vocal) - Foto: Priscilla Aguiar


Eis um excelente antídoto contra o fascismo emergente nos espaços de poder. “Entrego meu corpo. Solta. Tenho deveres com meus sonhos. Nego suas correntes, louca. Tenho dizeres dos meus sonhos: somos mais resistentes que suas estatísticas. Mais persistentes, desbravo seus analistas”. É, senhoras e senhores: sejam bem-vindos aos versos da nova música da banda goiana Guerrilha dos Coelhos Mutantes.


“Dança com os lobos”, single do segundo EP do grupo, traz uma mistura de ritmos hermeticamente balanceados entre o brasileiríssimo baião e a setentista disc music. Essa fusão é anunciada como um verso do poeta francês Charles Baudelaire pela guitarra dançante de Danilo Brito temperada com acidez pela voz docemente sensual da vocalista Angela Vitorette, uma das marcas mais conhecidas do grupo.


“Vem você dançar comigo. E dizer no meu ouvido. Que tudo isso é um sonho. Vem você, meu bem. Me libertar. Mas acho chato, escracho da rima que faço. Traço modos lindos de sintetizar”. Um tesão! Por favor, não para a música, eu suplico, eu imploro, deixa a canção rolar... “Dessas rajadas de mentiras. Minhas veias entupidas, essa granada me destila. E eu procuro você pra me libertar”.


Aff, como um reles escriba apaixonado por música – a mãe das artes – tenho de explicar uma coisa a você aí que acompanha estas loucuras silábicas: minha percepção musical, conforme já escrevi neste DMRevista, descaralhou-se de vez quando tive meu primeiro contato ao vivo com a Guerrilha. Era no Cabaret Voltaire, na Vila Itatiaia, numa festa organizada pelo coletivo Jornal Metamorfose.


O resto daquele rolê paira nebulosamente em meu cérebro, como uma frase que o escritor luta para pôr no papel em um dia de frio. Caralho, como que pode, até hoje sinto a linha de baixo de Gabriel Vitorette, a voz visceral e sedutora de Ângela Vitorette (aliás, quando ela sobe ao palco parece que os segundos se congelam no ponteiro do relógio) entrando pelos meus tímpanos sonora e etilicamente bêbados.


Após esta retórica quase jornalística, preciso te falar um pouco sobre a história da Guerrilha dos Coelhos Mutantes. Formada em 2007 por Yorrans Miranda (bateria), Renan Dias Rosa (guitarra e vocal) e Gabriel Vitorette (baixo), a banda começou a tocar covers de Ramones e Garotos Pobres em festivais que rolavam nos colégios onde eles estudavam. “Tinha que ter guerrilha no bagulho”, dizia Gabriel.


Com o tempo, a Guerrilha deixou de ser apenas uma brincadeira de brothers para começar vislumbrar maiores objetivos. Ao longo desses anos, várias pessoas entraram e saíram do projeto, mas a ideia central que mantém a essência deles segue de pé: se é foda a sociedade aceitar aquilo que você é, viver de música realmente não é uma alternativa das mais fáceis, não mesmo?


É óbvio que sim! E esse sentimento agressivo e descontente foi transportado para as letras, porém sem perder de vista a pegada cômica e as várias influências – que vão desde o punk, passando por gêneros como baião, funk sessentista, catira, ska, grunge, ritmos caribenhos. Assim, representando o choque entre a cultura goiana e mundial, a banda trouxe regionalismo para o udigrudi goiano.


Em 2017, a Guerrilha (ah sim, esqueci de mencionar neste garrancho que os mais chegados se referem à banda dessa forma) lançou de maneira totalmente independente seu primeiro EP com produção de Amanuel Mastrella. Nesses anos, o grupo passou por diversas formações e atualmente conta com Danilo Brito (guitarra), Ângela Vitorette (vocal, synth, violão e guitarra base), Yorrans Miranda (bateria), Gabriel Vitorette (baixo e vocal).


Como ia falando no começo nesta crítica, Guerrilha Armada vai tocar hoje, às 20h, pela primeira vez o novo single (produzido pela Tremendão Lab) na Casa do Zoto, localizada Avenida Assis Chateaubriand, no Setor Oeste. Não perca a experiência de curtir um dos sons mais autorais e originais que vêm sendo feitos na cena alternativa de Goiânia. Só vamos, meus caro(a)s!

Data: 10 de maio

Horário: A partir das 21 horas

Local: Coletivo Casa do Zoto (Avenida Assis Chateaubriand, número 1620, Setor Oeste)

Valor: Quanto vale o Show (a partir de 5$)


Logo do Jornal Metamorfose
bottom of page