top of page
  • Foto do escritorMarcus Vinícius Beck

Documentário mostra trajetória musical de Alceu Valença

MPB

Filme narra história de cantor quando ele saiu de Pernambuco para tentar fazer sucesso no eixo Rio-São Paulo


Cena do documentário “Alceu Valença – Na embolada do tempo” (Foto: Reprodução/Site In-Edit)


Nem precisa dizer que o nome do cantor e compositor Alceu Valença, 72, está gravado na história da Música Popular Brasileira (MPB). Na década de 1970, o pernambucano fez parte da leva de artistas nordestinos que migrou para o eixo Rio-São Paulo em busca de visibilidade. E, como estamos careca de saber, a turma de Alceu e Geraldo Azevedo conseguiu inserção em vários espaços culturais.


Essa trajetória foi tema do documentário “Alceu Valença – Na embolada do tempo”, exibido na última sexta-feira (14), às 21h15, no CineSesc, em São Paulo. Dirigido por Paola Vieira, o longa-metragem foi apresentado em primeira mão na 11º edição do In-Edit Brasil – Festival Internacional do Documentário Musical – e vai ser exibido no Canal Curta!, no próximo dia 1°.


Em entrevista exclusiva ao Jornal Metamorfose, realizada na cidade de Ribeirão Preto (SP) durante o João Rock, o cantor disse que acompanhou a sessão e participou de debate junto com a diretora do documentário. Questionado sobre qual percepção Valença teve do filme, ele afirmou que não interferiu no rumo narrativo da obra.


“Paola fez um documentário sobre várias fases da minha vida e carreira”, conta ele, acrescentando que esteve presente na sessão de estreia do filme, em São Paulo. “Eu vi ontem em São Paulo (o filme). Mas eu não participei do filme, apenas dei uma entrevista para a Paola e não interferi em nenhum momento no processo de criação do filme, que foi totalmente dela e de sua equipe”, finaliza.


Indagado sobre os ataques promovidos pelo presidente Jair Bolsonaro à classe artística, o cantor pernambucano relatou que nunca ousou dinheiro da Lei Rouanet. “Tentei num filme (“A Luneta do Tempo”) que nem chegou a ser produzido por mim, mas não conseguimos fazer a captação do recurso necessária. Portanto, me considero um artista totalmente independente”.


Sua música, de origem agrestina e sertaneja, floresceu em Pernambuco. Contudo, o pai de Valença, procurador do Estado, impedia que ele seguisse carreira artística. “Mas isso não deu muito certo”, ri. “Ele me impedia de ouvir discos em casa e insistia que eu me formasse advogado”.


Trajetória

Alceu Valença com chapéu de cangaceiro (FOTO: REPRODUÇÃO/ GOVERNO DO MARANHÃO)


Na infância, Alceu Valença viveu numa rua chamada Palmares, no centro de Recife, e chegou a conviver com o maestro de frevo, Nelson Ferreira. O artista era amigo do pai do cantor e dirigia uma companhia de discos chamada Rozenblit. Desde pequeno, ele teve contato com blocos de frevo, maracatu, caboclinho, e tudo isso Valença via do terraço da própria casa.


Aos 17 anos, no entanto, sua mãe lhe chamou para ir à rua Imperatriz e lhe pediu para escolher um instrumento. Valença, então, tinha bem definido qual ia escolher: um violão. Mas em momento algum ele ficara feliz de ter adquirido o instrumento, e pensava consigo que aquela postura da progenitora era uma espécie de pacto, porque as notas dele na escola eram boas.


Valença nunca teve professor de música e tudo o que ele sabe aprendeu por meio do rádio e da televisão. Por conta disso, o cantor diz que sempre fez um som autêntico, e não imitava – como era de costume na época – a música de Beatles, Rolling Stones, Roberto Carlos, Tom Jobim. Era tudo feito à sua maneira.


Orlando Silva, Sílvio Calda, Nelson Gonçalves, Núbia Lafayette, Cauby Peixoto, entre outros, foram cruciais para Valença cair na real e se dar conta de que seu lance era mesmo viver de música. Antes de expressar tal vontade à família, é óbvio que o cantor sofreu uma resistência por parte do pai – ele entrara na faculdade de direito e trabalhou como repórter do Jornal do Brasil.


Nesta época, tinha acabado de escrever sua primeira letra, “Acalanto para Isabela”, cuja intenção era fazer uma homenagem para a filha do primo, que havia acabado de nascer. Mas, conforme relato do próprio Valença ao jornalista Walter Porto, da Folha de São Paulo, a canção não tinha nada a ver com a criança que nasceu.


O reconhecimento por parte do público de fato aconteceu no Festival Abertura no Theatro Municipal, quando tocara a música “Vou Danado pra Catende”, lançada em 1975. Foi uma loucura. Hoje, Alceu Valença é responsável por uma série de músicas que estão gravadas no inconsciente coletivo, inclusive deste jornalista que tem vários momentos marcados por clássicos como “Morena Tropicana”, “Anunciação” e “La Belle de Jour”.


Ficha técnica

“Alceu Valença – Na embolada do tempo”

Direção: Paola Oliveira

Gênero: Documentário

Estreia: 1° de julho, no Canal Curta!

Logo do Jornal Metamorfose
bottom of page