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  • Foto do escritorJúlia Aguiar

A censura está piorando

Imprensa

Após Lira transferir os jornalistas para os porões do Congresso, Bolsonaro afirma que é necessário “acabar com os jornais”

Ditadura Civil-Militar impedia notícias de serem publicadas, prendia e torturava jornalistas. Foto: Arquivo Estadão/Reprodução


Em 2020, o Brasil caiu para a 107ª posição na Classificação Mundial da Liberdade de Imprensa, a pesquisa feita pela ONG Repórteres Sem Fronteiras afirma que “o Brasil continua sendo um país particularmente violento para a imprensa, com dezenas de casos de jornalistas assassinados nos últimos anos”.


A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) contabilizou 428 casos de ataques à imprensa no ano passado, incluindo dois assassinatos, segundo relatório divulgado pela entidade no último dia 26, houve aumento da violência contra jornalistas em 105,77% comparado a 2019.


Com eleição do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a censura passou a ser institucionalizada, algo que não acontecia desde a Ditadura Civil-Militar (1964-1985). Como já publicamos anteriormente no Jornal Metamorfose, os ataques à imprensa foram crescendo de acordo com as manipulações políticas do atual governo.


Na avaliação da Federação Nacional dos Jornalistas esse crescimento está diretamente ligado ao bolsonarismo. “Houve um acréscimo não só de ataques gerais, mas de ataques por parte desse grupo que, naturalmente, agride como forma de controle da informação. Eles ocorrem para descredibilizar a imprensa para que parte da população continue se informando nas bolhas bolsonaristas, lugares de propagação de informações falsas”, afirma a presidenta da FENAJ, Maria José Braga, em nota divulgada pela instituição.


Após a posse de dois aliados de Jair Bolsonaro para a presidência da Câmara e Senado, que aconteceu no dia 1 de fevereiro, uma “pacificação” entre os poderes se desenhou ao longo do mês. “Devemos superar os extremismos”, afirmava Rodrigo Pacheco (DEM-MG), atual presidente do Senado no dia da posse.


Já o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em um de seus primeiros despachos decidiu transformar a sala de imprensa dentro do Congresso Nacional em seu gabinete. A sala, desenhada pelo arquiteto comunista Oscar Niemeyer, foi planejada para que a imprensa tivesse maior acesso aos deputados e ao plenário, sendo de fato um espaço privilegiado dentro do Congresso.


Com a mudança, Lira não irá precisar passar pelo Salão Verde para ir a votações pois a antiga sala da imprensa tem acesso exclusivo ao Plenário.


A imprensa credenciada no Congresso foi realocada para os porões, em uma sala menor e sem janelas – o que é preocupante, tendo em vista o aumento de casos de Covid-19 no Brasil e o aumento no número de jornalistas mortos pela doença. O deputado federal já não é uma figura pública que gosta de dar entrevistas e sua assessoria de imprensa não divulga vídeos ou declarações com frequência.


Desde o começo da pandemia, o acesso ao plenário está proibido para jornalistas. As coletivas de imprensa estão sendo realizadas no Salão Verde ou no Salão Negro, qual os jornalistas não terão mais acesso direto após a mudança de sala.


Em nota divulgada no último dia 8, Lira firmou que “a alteração de espaços dentro da Câmara dos Deputados em nada vai interferir na circulação da imprensa, que continuará tendo acesso livre a todas as dependências, como o cafezinho, o plenário, os corredores, os salões e a própria presidência. O objetivo da alteração é aproximar o presidente dos Deputados, como eu falei em toda a minha campanha”.


A eleição dos novos presidentes já era chamada de autoritária durante a campanha, no decorrer de fevereiro o atual presidente da Câmara comprova aos poucos o receio de muitos. Como por exemplo, o avanço do projeto armamentista de Bolsonaro, com novas leis que permitem até 6 armas por pessoa de forma desburocratizada.


Enquanto isso, o Presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido), atacou novamente a imprensa na segunda-feira (15). Em vídeo gravado por apoiadores, enquanto passeava pelas praias de Santa Catarina no feriado de carnaval, Bolsonaro afirmou que: “O certo é tirar de circulação Globo, Folha de S.Paulo, Estadão, O Antagonista. São fábricas de fake news. Agora deixa o povo se libertar, ter liberdade. Logicamente, se alguém extrapolar alguma coisa, tem a Justiça para recorrer. Agora o Facebook vir bloquear a mim (sic) e a população. É inacreditável que isso impere no Brasil. E não há reação da própria mídia”.


Bolsonaro e sua corja de milicos já interferem em vários veículos de comunicação, como a estatal EBC. Em nota divulgada no dia 11, os jornalistas e trabalhadores do canal denunciam as constantes interferências do governo federal no conteúdo produzido, violando a lei da empresa e a Constituição Federal.


“Não podemos servir de instrumento para propaganda e promoção pessoal de presidentes ou de governos, como tem sido atestado em inúmeros relatórios produzidos por seus empregados”, afirma a nota.

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