Lee Aguiar
A chegada do fogo
Doce Viagem

Registro da janela de um apartamento em que vivi em um período de mudança muito grande na minha vida - São Paulo, janeiro de 2019. Foto: Arquivo pessoal/J.Lee
Meus caros leitores,
caso ninguém tenha reparado eu furei a coluna de semana passada. Justificarei de forma simples: eu não tinha nada relevante a dizer. E, de certa forma, respeito profundamente esses momentos de silêncio.
Porém, 2021 acabou de começar. Vocês sabem, soy una bruja maldita, e para mim, o ano novo acontece em 20 de março, com a entrada do sol no signo de Áries. E agora, agora sim, tenho algo a dizer.
Companheires de trincheira, amores subversivos e amantes da revolução, lhes digo: acenda o fogo que existe em você, alimentado no último ano com tanto fervor e ódio! Use-o com sabedoria e espontaneidade, acenda os molotovs de sua imaginação e transponha a realidade em chamas! Use sua força! Precisamos de todos vocês nessa luta.
Acredito fielmente no acaso, mas principalmente, na possibilidade de transformação e transmutação da realidade à partir das ações individuais e coletivas. Se existe um momento propício para o novo, esse momento é, e sempre será, o agora.
Posso soar como uma hippie refugiada dos anos 70, mas gostaria de lembrar que até mesmo naquela época, a revolução e ação direta eram cotidianas no verão do amor. Não esquecemos nossos mortos, nem os torturados, exilados, marginalizados. Nós nos recusamos a esquecer. Eu me recuso a apagar minha memória, e lhe indico que faça o mesmo.
Através dessa foto lhe digo: o cosmos vibra fogo. Não se esqueça.
Até semana que vem.