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  • Foto do escritorMarcus Vinícius Beck

A vida de Janis Joplin

Livro

Em memória aos quase 50 anos da morte de Janis, biografia ‘Janis Joplin – Sua Vida, Sua Música’ reconstrói trajetória da rainha do rock. Redigido em tom intimista, obra mergulha na personalidade rebelde da cantora


Janis Joplin marcou a contracultura com voz potente carregada em lirismo - Foto: Reprodução



Janis Joplin – sem exagero – é uma rainha. E digo mais: é a verdadeira musa da contracultura. Responsável por alguns dos mais famosos e importantes discos da história do rock, Janis (como ela é invariavelmente chamada pelos fãs) era um vulcão harmônico no palco, com sua voz aguda, com seu estilo apaixonante e com sua verve existencial descaralhante numa sociedade, aquela do Tio Sam, regida pela sinfonia armamentista. No entanto, se você acredita que minha verborragia na abertura desta matéria é desprovida de objetividade, sugiro que bote - e alto - no alto-falante “Combination of the Two”, da banda Big Brother and the Holding Company, da qual Janis fez parte.


Botou? Então, agora, veja quem foi Janis... Nascida a 19 de janeiro de 1943, ela tornou-se uma estrela da contracultura dos anos 1960 com o disco “Cheap Thrills”, de 1968. Além do timbre potente de sua voz (que, de acordo com a biografia “Enterrada Viva”, publicada em 1985, fora degradado por causa do uso – e abuso – de álcool e drogas), a cantora foi alçada ao status de gênia pelas suas interpretações. Assim como a magistral Billie Holiday, cantora da qual era fã, ela vivia intensamente o sofrimento eternizado em composições como “Summertime” e “Try (Just Little Bit Harder)”. Em sua vida, para dar um xô na lamúria, a cantora encontrava conforto apenas nas doses de uísque Southern Comfort.


Em vida, Janis lançou apenas quatro LPs (“Big Brother And The Holding Company”, 1967, “Cheap Thrills, lançado em 1968, “I Got Dem I´Kozmic Blues Again Mama!”, de 1969, e o álbum póstumo “Pearl”, de 1971), mas essas obras ainda hoje estão no topo da lista de qualquer pessoa que se disponha a reunir os melhores discos da história do rock. “Janis Joplin permanece no coração de nossa música e de nossa cultura. Ao recordarmos momentos decisivos da história do rock nos anos 1960, em geral ela está lá: o Festival Pop de Monterey; a vibrante cena de Haight-Ashbury, em San Francisco; as ruas, os clubes e os estúdios da fria cidade de Nova York”, escreve a jornalista Holly George-Warren, em Janis Joplin – Sua Vida, Sua Música.



Na biografia, Warren traça um retrato de uma das vozes mais icônicas do rock e mostra que a cantora travou uma luta contra o patriarcado norte-americano em sua vida. “Janis nunca traiu sua visão. Ela não tinha medo de ultrapassar limites – musicais, culturais e sexuais. Abertamente bissexual numa época em que isso era ilegal, não tinha medo da cadeia nem de ser julgada. Da mesma forma, quando críticos e fãs ficaram indignados por sua ousadia em largar o papel de “garota cantora” da banda que ela sentia a estar atrasando, Janis simplesmente foi em frente”, revela a jornalista, no primeiro capítulo.


Em seu último ano de vida, Janis foi em busca de novos parceiros. Nas páginas de “Janis Joplin – Sua Vida, Sua Música”, Warren destrincha a tentativa “desesperada para escapar da Farsa do Sábado à Noite por meio de algum vínculo amoroso” e o leitor vai mergulhando nas histórias reportadas na definitiva biografia da cantora. Janis, como se vê na obra, desejava ser fiel a si mesma. Contudo, é inevitável o questionamento: fiel a qual Janis? Aquela que assumiu a sua ambição enquanto artista, e que tinha a pretensão de entregar-se por completo à sua música e à sua carreira? Ou a Janis que fora condicionada pelo próprio pai a crer que a felicidade não duraria, e a qual ela tentava encontrar? São perguntas que permeiam toda a obra.


Entre as curiosidades mais interessantes da biografia, eis a que, quiçá, seja a mais inusitada: em um show realizado em 19 de dezembro de 1969, cuja lotação estava no máximo, Janis dedicou o espetáculo ao time de futebol americano New York Jets. Fazia pouco tempo que a cantora passara a noite com o jogador Namath, do Jets. “Janis Joplin – Sua Vida, Sua Música”, definitivamente, chega para ocupar o posto de biografia definitiva da rainha da contracultura. Morta em decorrência de overdose a 4 de outubro de 1970, Janis Joplin ocupa um lugar que só é destinado aos gênios. "Sua Vida, Sua Música” escancara isso.


Ficha Técnica

‘Janis Joplin – Sua Vida, Sua Música’

Autor: George-Warren Holly

Editora: Seoman

Páginas: 432

Preço: R$ 69,90


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