- Gabriella Campos
Poema clássico
Afrescos Da Alma

Tão clássicos quanto o conto de Capitu
domingo à tarde Flamengo e Corinthians
mais clássico que isso só Abaporu
de veras, verdades, quem sabe não contradiz
clássicos dos mais, sem lugar pra aprendiz
outros dos bons são as glicínias de Monet
mais clássico que isso
só eu e você.
Rotina
Vez ou outra to aqui, outra vez
Dizendo coisas, histórias, potocas
vez em quando, quase sempre
vou me livrando, me libertando
e deixa eu contar, pra começar
mais das coisas, boas de falar
coisa boa é como a terra
que embrulha, o teto que cobre
a chuva, que cai e alimenta
a terra outra vez, boa terra
amiga, mesmo depois que morre
garante nada, faz parte da história
bom vem do bem, de ser alguém
feliz eu digo, ainda sem vintém
será até quando caminharemos
nas mesmas ruas, sem estruturas
pra suportar nossa amargura
desalento, um atormento
dobrei a esquina, cheguei lá
no local final, lugar algum
protocolos da vida seguida
dia a dia, outra vez, minguava
dobrei a esquina, lugar algum
no carro, de volta pra casa.
Por hoje é só
Outra hora eu conto mais
dos corvos, ou da vida sagaz
deixa eu viver mais um pouco
ou nem um pouco, tanto faz
dia após dia, engrenando melodia
história barulhenta da vida, perdida
sempre sobra tempo para desalento
mas por hoje é só, fica pra outro dia.