JM
Ainda tenho sede de vida
Doce Viagem
Passam os dias e continuo varando madrugadas, com a insônia me atacando a alma e me perturbando a mente. Porra, o que seria de mim sem meu vício diário? Entre momentos de tragadas me lembro que preciso cuidar de meu pobre pulmão, que sofre há anos com a falta de vergonha na cara de minha ansiedade maldita. Sinto a revolta do mundo no abismo de sangue tinto que banha o rio das almas mortas pelo descaso público.
Muita das vezes sou consumida pela raiva, nunca entendi realmente essas pessoas que se dizem "calmas", "a violência não é a solução", ou pior: gente apática. Como sentir apatia ao sentir o cheiro de morte no ar? Às vezes me pergunto como deve ser... Você não? Imagine eu, sem raiva. Apática. Sem dor e peso na consciência... Mas não as julgo, elas vivem bem melhor do essa iniciante no mundo das letras e palavras que vós escreve. Sei, que assim olhando pensas, que esse desespero é moda em 76. Medo. Covardes. Pausa. Parágrafo. Me sinto num mar de possibilidades infinitas, e o marulhar de minha mente borbulha toda a merda existencial que gira na órbita da parede da memória. Foram-se os gloriosos dias, e me sinto uma merda comigo mesma. Foi-se a liberdade. Opa, peraí mermão. Foi-se mesmo? Tem certeza de que já foi livre? De uma coisa tenho certeza, liberdade se conquista todo dia, sempre um pouco mais. O foda é que a sede é infinita, e tem pessoas que não querem dividir a liberdade com você. Mas sou uma mulher de fé, acredito que só és verdadeiramente livre, quando todos são livres, e eu, espero ansiosamente o dia da liberdade. Sei que ele virá, outro dia há de nascer. Alí, nos primeiros raios da manhã do novo dia, daquele que não sabemos, do amanhã prometido, saberemos. Só saberemos. Vivo com sede. Vivo. Sinto. Vibro. Sinto sua falta e até minha também. Sinto falta de mim mesma, Ou dos personagens, sabe se lá. Às vezes acredito fielmente que enlouqueci, até me lembrar que o que vivemos atualmente já é esquizofrênico por si só, então o que seria loucura?