- Rosângela Aguiar
Amazônia perde mais de 1500 quilômetros quadrados em apenas um mês
Meio ambiente
Falta de políticas públicas e ações de combate ao desmatamento e queimadas causaram a maior perda histórica de área na Amazônia

Sobrevoo na região da Amacro (Amazonas, Acre e Rondônia), em uma área com cerca de 8.000 hectares de desmatamento, a maior em 2022. Foto: Nilmar Lage/Greenpeace
Com uma velocidade de 2.651,2 hectares por dia derrubados na Amazônia Legal, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), por meio do Programa DETER-B, alerta para o avanço do desmatamento no bioma e também no Cerrado. Somente no mês de agosto deste ano foram registrados 1.551 Km2 de área desmatada na Amazônia, a segunda maior área acumulada com alertas de desmatamento acompanhada pelo DETER, perdendo apenas para 2019, com 1.714 km2. Um aumento de 81% em relação a 2021, sendo as piores situações nos estados do Pará, Mato Grosso e Amazonas.
E o Cerrado, considerado o berço das águas brasileiras, perde 1335,2 hectares por dia segundo a plataforma MAP Biomas e o acumulado nos últimos três anos já soma 22.775,62 quilômetros quadrados de desmatamento (período 2019/2021). Os dados são do período da gestão do presidente Jair Bolsonaro que vem desmontando os institutos que trabalham na preservação do meio ambiente, como IBAMA e Instituto Chico Mendes.
Os dados divulgados pelo INPE chamam a atenção pela intensidade com que vem ocorrendo desmatamentos e queimadas nos dois principais e maiores biomas do país: Amazônia e Cerrado, um considerado o pulmão do mundo e o outro o berço das águas brasileiras. E o Cerrado vem sentindo as consequências a muito tempo, tanto que, segundo o site EcoDebate, a conversão de áreas nativas para pastagens e agricultura já tornou o clima na região 1°C mais quente e 10% mais seco. E isto tem impactos futuros justamente na produção agropecuária na região do Cerrado.
A perda de vegetação nativa na Amazônia e no Cerrado afeta direta e indiretamente todos os outros biomas, uma vez que causa alteração no regime das chuvas, na vazão de rios e córregos, em períodos maiores de estiagem e de chuvas intensas, o que, em ambos casos prejudicam a população e a própria economia. Se o Cerrado perde a vegetação savânica e campestre, aumenta a dificuldade de absorção das águas da chuva que abastecem os lençóis freáticos da região, que, por sua vez, alimentam os rios do Pantanal e o rio São Francisco.
Esses dados foram divulgados em um artigo publicado na revista científica Global Change Biology e envolveu no estudo pesquisadores da UnB (Universidade de Brasília), em colaboração com IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), UFRA (Universidade Federal Rural da Amazônia) e o Woodwell Climate Research Center.
Queimadas
Outro alerta dado pelo INPE é em relação ao aumento no número de queimadas no período de janeiro a primeira semana de setembro de 2022.
Foram detectados 110.883 focos, sendo a maioria no Mato Grosso, Pará e Amazonas, sendo que os dois primeiros estão incluídos nos dois principais biomas brasileiros - Amazônia Legal e Cerrado.
Sejam naturais ou provocadas pela ação humana, a queimada desencadeia um processo erosivo, além de outras formas de degradação do solo, aumenta a liberação de dióxido de carbono (CO2) e destrói habitats naturais, causando diversos desastres ambientais em cadeia. Perda de floresta nativa, biodiversidade de fauna e flora.