Ikaro MaXx
Anatomia de um Genocídio Programado
Provokeativa

Opositores ao regime estão sendo perseguidos por chamar o Presidente de "genocidas". Arte: Reprodução
Depois de um ano de pandemia – “Parabéns / parabéns / hoje é seu dia / que dia mais feliiiz!” – e três Ministros da Saúde “no saco” o pacto do Governo Bolsonaro com o vírus segue firme e forte rumo ao caos: já sobrepujamos a cifra dos 280 mil mortos pela pandemia do Coronavírus.
Aliás, o poder central está de parabéns pelo auxílio (ou a falta dele) que criou todas as condições para que atingissemos o recorde mundial de mortandade com a invejável marca de 2.842 óbitos nas últimas 24 horas. Grande, grandiosíssimo feito para esse país gigante – e quase paralítico – que corre competitivamente em direção ao atraso e ao abuso de poder, autoritarismo e ignorância. Que país de primeiro mundo não invejaria isso? A “Mother Russia””? A China?
A grande questão agora é a “bomba” que aguarda o próximo “Ministro” (a Hellgina NoArt diria “Sinistro“) da Saúde: quem é que se submeteria voluntariamente aos mandos e desmandos do Capetão do poder central que amarra ideologicamente as operações e estratégias sanitárias e impede o trabalho e o devido contingenciamento de recursos para o combate efetivo, a estruturação para atendimentos hospitalares de urgência, a abertura de novos hospitais de campanha, a capacitação e disponibilização imediata de recursos humanos, materiais e tecnológicos para os atendimentos, a compra da vacina ao invés do fútil investimento em medicação pseudo-preventina já sem comprovação cientifica e o desrespeito às decisões técnicas para a contenção da pandemia?
Depois do último militar – que entendia e poderia até ser “doutor” em estrutura de estoque e logística e só possuía mesmo qualificações para lambe-botas do Presidente, o General Eduardo Pazuello – ser obrigado a deixar o cargo (pois alguém sempre tem que levar a culpa no lugar do inútil e bravatista “Presidente” Jair BolsoCaro) houve a tentativa articulada pelo Centrão e algumas outras forças como o STF de apoiar e sustentar a indicação da Médica Cardiologista Ludhmila Kajjar, nome com competência técnica que poderia “limpar a casa” e mostrar competentemente o serviço de um ministério cientificamente comprometido com o combate eficaz e imediato da pandemia.
Mas, como era o esperado em se tratando do Programa de Promulgação da Morte Generalizada que condiz com o Pacto Armamentista do Combo BolsoVírus: a negociata do cargo se mostrou uma ardilosa sabatina ideológica promovida pelo Presidente junto a seus cúmplices, o filho Zero Três (o mesmo que tem estimulado, junto ao antigo Ministro da “Iducação” e hoje “imprecionantemente” no Banco Central por indicação do “Presidente”, ele também discípulo do astrológo conspirador Olavo de Carvalho, Abraham Weintraub – a contenda digna da Quinta Série com a China e criado entraves diplomáticos relativos a insumos e produção da vacina) e o seu “ex-ministro” Pazuello. Em termos de desastre esse trio aí é imbatível.
Acontece que o número montado ali era claro – eles tinham que performar (e uma performance que quer impressionar e convencer precisa da cumplicidade do público ou de outros atores envolvidos) diante da “candidata ao ministério” que o governo “acertou” em todas as decisões tomadas e tem combatido a pandemia da melhor maneira.
Mas é claro que dessa vez estavam lidando com uma mulher séria, cientista, que está acompanhando tudo da linha de frente e sabe que o mundo em que Bolsonaro vive – e que vem tentando empurrar goela abaixo da população via Fake News, conspirações, lives, memes, chans, obscurantismo de quinta categoria, propaganda, utilizando-se do aparelhamento, recursos e estruturas do Estado para tal – é o mundo da pura Fantasia, ou colocado mais acertadamente, da Grande Mentira.
Bolsonaro teria questionado Ludhmila sua opinião sobre temas como “armas”, “aborto” – um excelente modo de abrir uma conversa que supostamente trataria de resoluções técnicas relativas à Segunda Onda de contaminações pelo Covid-19 – e depois falado sobre a Cloroquina e a ineficiência do uso de máscaras e do lockdown.
“Se você decretar lockdown no Nordeste eu me fodo e perco a eleição“, teria dito o Presidente à Ludhmila. A linha de pensamento é bastante reveladora – Bolsonaro já está em 2022, muito embora aja como se estivesse na Idade da Pedra Fodida ou, na melhor das hipóteses, na Baixa Idade Média.
Em entrevista, Ludmila Hajjar afirmou a CNN ter sofrido ameaça de morte.
Depois de uma “conversa” de três horas com três homens na qual mais teve que ouvir do que obteve espaço independente de fala, Ludhmila recusou o convite constatando o óbvio: Bolsonaro NÃO QUER resolver o problema, Bolsonaro – e o Governo Federal – tem todos os recursos para trabalhar em conjunto com os Estados e municípios, mas ele está operando uma guerra ideológica e está usando o vírus e as mortes como capital político (enquanto acusa seus “inimigos políticos” de fazer o mesmo), Bolsonaro está muito mais preocupado em como a crise sanitária tem afetado a economia (e feito ele, sua família, o exército e seus amiguinhos de crime ficarem menos ricos) do que com a crise humanitária que tem levado milhares à morte, à miséria e ao desconsolo.
Afinal, faça (ou não faça – isso que tem predominado) o que for, nada poderá trazer de volta dos mortos as pessoas, as famílias e apagar a dor no espírito de quem permaneceu vivo.
Assim seu governo tem fechado e boicotado os esforços científicos e políticos advindo dos Estados e municípios da federação e apostado na ineficiência e na falta de celeridade nos processos possíveis: o que, claro, diante do trabalho incansável e sem férias do Vírus leva a um maior acúmulo dos números de infecções, hospitalizações e óbitos.
E não apenas isso.
O Presidente mede e avalia suas ações em relação ao governo não de acordo com medidores objetivos de eficácia de seus programas (Quais programas mesmo? – insira aqui o barulhinho do vento passando numa cidade deserta de filme de bang-bang), mas sim no termômetro de seu público de seguidores, sua plateia digital que o apoia em suas burradas, cagadas e atos trogloditas o chamando de “mito”. E os seus “minions” desaprovaram o nome de Ludhmila Kajjar – talvez porque ser sério, científico e humanitário para eles signifique ser “comunista”?
Se fosse “apenas” isso – desgostar, desaprovar – estava tudo “ok”. Afinal de contas, numa democracia, em tese, ninguém é obrigado a gostar ou a aprovar pessoas ou projetos, e discute-se os melhores caminhos a partir disso.
Mas, lembramos: já não nos encontramos mais num momento de normalidade democrática e a pandemia parece ter dado certa “atualização” a um sufocante Estado de Exceção em que certos seguidores do Presidente veem a si mesmos como “justiceiros” e tem se organizado seguindo a lógica das milícias. E eis aqui um dos maiores perigos.
Após a malsucedida reunião em Brasília, a médica cardiologista Ludhmila Kajjar vem sofrendo frequentes ataques pessoais, perseguições, intimidações, ameaças de morte e até houve a tentativa de invasão do hotel onde ela estava hospedada em Brasília. Em entrevista recente ao canal CNN, Kajjar fez o relato destes absurdos.

A pergunta que há três anos não foi respondida. Essa intervenção está contida na nossa Edição de Guerrilha da peça “BozzonarUbu” – conheça mais a respeito aqui
A lógica das milícias – sejam por parte de profissionais assassinos da força de segurança, bandidos egressos da Polícia Militar ou do Exército, entre os quais existem aqueles que executaram há três anos a Vereadora do PSOL (RJ) Marielle Franco, que na época era adversária política do então Vereador, hoje Deputado Federal (PSL-Rj), Flavio Bolsonaro, que está envolvido num esquema de peculato hereditário já aprendido com o seu pai hoje na Presidência da República (porque roubar em família é muito melhor, né?); seja de forma amadora ou semi-amadora como o exemplo do grupelho fascistóide “Exército dos 300” (que não passavam de 30 zé-ruelas) chefiado pela Sara Winter (que foi presa por ameaçar o Ministro do STF Alexandre de Moraes e a democracia) – está se entranhando na sociedade e destruindo e sugando o corpo civil e político como… sim, como um vírus.
Tempos atrás o Youtuber – e liberal, não podemos esquecer disso: considerá-lo um “subversivo” seria insulto para gente que é subversiva de verdade – Felipe Neto sofreu ameaças e tentativas de invasão a domicílio por parte de minions teleguiados pela familícia – ou Clã – Bolsonaro. E também houve o incidente com o Porta dos Fundos em que foram atirados coquetéis Molotov por um bolsonarista fã de carteirinha.
(O artigo ainda não terminou. Deseja lê-lo na íntegra? Só acessar aqui: https://www.provokeativa.com/2021/03/16/anatomia-de-um-genocidio-programado/)
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Ikaro Max
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