Júlia Aguiar
Conheça o Festival Iyalodês
Cultura
Festival feito por artistas trans tem sua quarta edição em Goiânia, confira a programação e conheça o festival

Akira A.K. Laroyê - Foto: Ro Ro Brasil e Dani Braasil
Criado em 2018, o Festival Iyalodês surge para unir artistas trans do Centro-Oeste, além de criar o mapeamento local da produção artística e ferramentas para mudanças na qualidade de vida de cada artista convidade para o evento.
Iyadolês é resistência e afetividade. Com a proposta de construir uma narrativa não-violenta sobre os corpes trans e travestis, o festival se transforma em uma grande celebração à vida e a arte!
Esse ano, o evento foi contemplado pela Lei Aldir Blanc e será realizado de forma online e gratuita, entre os dias 17, 18 e 19 de junho, pelo canal do Youtube do festival. A programação conta com shows musicais e performances, gravados previamente no teatro do Centro Cultural da UFG, com apoio da produtora Shock Frames e vários voluntáries.
“O festival também tem um apelo racial, espiritual e simbólico, afinal, Iyalodês são figuras femininas que regem e governam. É importante pensar quão fundamental somos dentro de uma produção cultural que nem sabe que existimos”, conta Ro Ro Brasil em entrevista ao Jornal Metamorfose.
Iyalodês surge na necessidade de criar uma rede de produção cultural que fortaleça pessoas trans e travestis, mostrando que todes que produzem e participam do evento são profissionais capacitades para integrar qualquer outra equipe artística.
“A gente criou o evento para ajudar a consolidar essas pessoas no mercado cultural, trazendo efetividade. Além de criar um ciclo de trabalho onde a gente consiga ser pago e ter uma renda mensal”, explica Ro Ro ao JM.
O evento
A abertura do Iyalodês será uma exposição virtual com Céu, Félix Perini, Gustava, Luca Hanie, Ro Ro Brasil, Tereza Morato e Thomas Argos. Com curadoria e montagem da artista Âmbar Pictórica, a abertura também terá uma roda de conversa de artistas falando sobre seus trabalhos e processos criativos.
No sábado, o Festival terá uma aula com a multiartista e antropóloga Iêda Figueiró, mestra pela Universidade Federal de Goiás. A aula online será sobre o processo de construção histórica da transfobia no Brasil e qualquer pessoa pode participar.
Já no domingo, terceiro dia do evento, teremos um ciclo de formação com Caiene Reinier Laroyê, estudante de engenharia ambiental (UFG) e uma das mães da casa Laroyê. A formação será sobre a vivência de travestilidade preta, narrativas contracoloniais e vivências políticas que ocorrem dentro da casa Laroyê, que acolhe pessoas LGBTQIA+.
Durante o evento teremos shows e apresentações de Alexa (apresentação musical), Âmbar (performance), Akira A.K. (apresentação musical), Anarkotrans (apresentação musical), Caju (discotecagem) e Luda Bulhões (performance).
Além disso, será lançado do filme-manifesto, uma proposta visual-experiencial, que foi idealizada por Ro Ro Brasil. Cerca de 18 pessoas trans e travestis que fazem parte do evento e o filme parte do retrato de cada pessoa. Trazendo a subjetividade de não querer falar nada, Ro Ro mostra quem são as pessoas que integram o evento, tanto de forma estética quanto suas próprias realidades.
Memória
O símbolo do festival é uma gilete, que representa um símbolo histórico de resistência na época da Ditadura Empresarial-Civil-Militar (1964-1985), quando ocorreu a Operação Tarântula.
Durante esse período as travestis se cortavam com gilete para fugir dos policiais, que por sua vez, tinham medo de contrair AIDS pelo ar (informação que não procede, procure mais informações sobre a doença e seus tratamentos no link). “A travesti se cortando com gilete para fugir da ditadura é um símbolo que representa o Brasil e a América Latina, como resistência e principalmente, como memória histórica”, afirma Ro Ro.
Programação

Primeiro dia:
18h - Ato de abertura da 4ª edição do Iyalodes com Âmbar (live no Instagram)
19h - Abertura da exposição “Orô” com artistas participantes (via Google meet)
20h - Show de Alexa V. (Youtube)
21h - Setlist Indose (Youtube)
Segundo dia:
17h - Ciclo de formação laroyê 2# com Caiene Reinier Laroyê (Via Google meet)
20h - Performance "para driblar a morte" de Âmbar
21h - Show de Akira A.K. (YouTube)
Terceiro dia:
17h - 18h Pensamentos sobre a construção da transfobia na cultura brasileira com Iêda Figueiró (via Google Meet, link na bio)
19h Performance Luda Bulhões
20h Show Anarkotrans
Saiba mais: https://instagram.com/iyalodes.gyn?igshid=YmMyMTA2M2Y=