Marcus Vinícius Beck
Dessa vez será no ambiente digital
Cinema
FICA começou ontem e vai até o próximo dia 21. Programação – totalmente gratuita – reúne curtas e longas do Brasil e exterior, além de oficinas e mesas de debate

Atriz Bruna Linzmayer em roda de conversa sobre cinema feito por mulheres, no último FICA presencial, em 2018. Foto: J.Lee
Começou mais um festival de cinema em tempos de pandemia, e a grande surpresa dessa vez é que vamos assistir gratuita e digitalmente ao tradicional Festival Internacional de Cinema Ambiental (Fica) – evento vitrine do audiovisual goiano. De hoje até o próximo dia 21, o público poderá assistir os 37 filmes selecionados pela curadoria, sendo 24 deles integrantes da Mostra Competitiva Washington Novaes, além de 13 curtas que fazem parte da ABD Cine Goiás. As produções vão concorrer a R$ 132,5 mil em premiações, que variam de R$ 2 a R$ 7 mil.
Assim como nas edições anteriores - vale lembrar que o Fica não foi realizado no ano passado por falta de recurso -, o cronograma de abertura inclui a famosa solenidade do Cine Teatro São Joaquim, na Cidade de Goiás, às 8h30. Se a discussão ecológica aliada ao audiovisual é a principal característica do Fica, nada mais adequado do que prestar uma homenagem ao jornalista Washington Novaes – uma das figuras mais respeitadas da história do jornalismo brasileiro, falecido em 24 de agosto de 2020 – e aos cineastas José Petrillo e Fifi Cunha, cujos nomes batizam a mostra competitiva do festival.
“O público vai ter a oportunidade de ver obras do Brasil e do mundo com diferentes linguagens e propósitos. Têm diretoras e diretores, de várias raças, etnias e realidades. Essa riqueza de olhares é o charme do Fica”, diz ao Jornal Metamorfose o curador Éder dos Santos Silva. Segundo ele, nesta edição, o público terá a oportunidade de assistir a obras feitas em Goiás nas quais ficam evidentes o avanço da produção cinematográfica do Estado. “Foi um privilégio participar de uma curadoria tão especial quanto essa de 2020. Tenham todos ótimas sessões, de suas casas, e que tudo isso passe logo”, afirma.
Além da chance de assistir a obras premiadas, como “Parque Oeste”, da documentarista Fabiana Assis, e estrangeiras, como “Be’ Jambe Et Cela N’aura Pas De Fin”, de Caroline Parietti, o Fica também oferta em sua programação quatro oficinas, sendo duas de cinema e duas de meio ambiente, bem como cinco mesas de debate e duas palestras. As atividades começam já no primeiro dia, com oficina de meio ambiente, ministrada pela indigenista Vincent Carelli, das 9h30 às 11h30. De acordo com Éder, discutir meio ambiente num contexto de crise sanitária é fundamental.
“As relações humanas com o planeta nos trouxeram até aqui, é um assunto cada vez mais vivo. O Fica nunca foi tão necessário, um festival de arte num período em que a classe artística é colocada pra escanteio, um festival de cinema ambiental, em épocas que não estamos sabendo lidar com nossas relações com o planeta e estamos aprendendo da pior forma”, analisa o curador. Mesmo assim, ele continua, não há garantia de que tudo vai retornar ao normal no ano que vem. “O Fica já vinha de um ano sem festival, 2019 ficou sem o evento e isso foi problemático para o setor cultural”.
Éder revela que o processo de análise de um filme para integrar a programação ocorre por meio de recurso técnico, mas possui um caráter subjetivo - ao todo foram três curadores. “Analisamos também se cada quebra de padrão ou inovação tem sentido e fortalece a narrativa, nem toda a quebra é um erro como nem toda quebra é inovação. Analisamos sim como tema escolhido foi abordado, temos que lembrar sempre que o Fica é um festival de cinema e que o uso da linguagem de cinema deve ser prioritário. Tentamos trazer formas interessantes de contar histórias sempre”, diz.
Em tempo: nomes como o do jornalista André Trigueiro, da GloboNews; do cineasta goiano Pedro Novaes; do ambientalista mineiro Ailton Krenak; da secretária de Meio Ambiente de Goiás, Andréa Vulcanis; da especialista em Educação e Gestão Ambiental pelo Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (UnB), Patricia Mazoni; da doutora em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Camila Vieira, vão integrar o roteiro de programação até sexta.
Fica
Quando: hoje até dia 21
Onde: www.fica.go.gov.br
Gratuito
Veja a lista de longas que integram a programação
Resplendor. Direção: Claudia Nunes e Erico Rassi. País: Brasil/ Goiás
Parque Oeste. Direção: Fabiana Assis. País: Brasil/Goiás
Mascarados. Direção: Henrique Borela e Marcela Borela. País: Brasil/Goiás
Castelo Abandonado. Direção: Felipe Carrelli. País: Brasil/Bahia
Pajeú. Direção: Pedro Diogenes. País: Brasil/Ceará
A Jangada de Welles. Direção: Petrus Cariry e Firmino Holanda. País: Brasil/ Ceará
Navios de Terra. Direção: Simone Cortezão. País: Brasil/ Minas Gerais
BE’ JAM BE et cela n’aura pas de fin. Direção: Caroline Parietti & Cyprien Ponson. País: Malásia
Rodents of Unusual Size. Direção: Quinn Costello, Chris Metzler and Jeff Springer. País: Estados Unidos
Vida a bordo. Direção: Emiliano Mazza De Luca. País: Uruguai