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E os 200 mil mortos, é culpa de quem?

Editorial

Governo Bolsonaro recusou oferta de 70 milhões de vacinas contra a Covid-19 em agosto de 2020. Depois de cortes no orçamento de pesquisas, Butantã oficializa resultado da CoronaVac

Ministro da Saúde Eduardo Pazuello em coletiva de imprensa em Brasília. 07.01.21 - Foto: Sérgio Lima/Poder360


Passamos a triste marca dos 200 mil mortos e precisamos urgentemente pontuar ao leitor que existe uma assustadora subnotificação nestes números. Pesquisadores dizem inclusive que a estimativa real deve ser terrivelmente 10 vezes maior – 10 vezes! – que a quantidade oficial de mortos pelo Covid-19 no Brasil, com mais de 7 milhões de infectados.


Ou seja, a maldade dessa turma que nos (des) governa é uma arte.


É uma marca que solidifica nosso posto de País ineficiente em relação ao combate à pandemia. É uma marca que escancara nossa realidade como sociedade cuja morte se tornou projeto e valor ético às mentes mais doentias por trás da miséria política e humana chamada de bolsonarismo.


Como se não bastasse o movimento negacionista promovido pelo próprio Presidente da República, que bradou em março do ano passado que o vírus era “só uma gripezinha”, descobrimos que o Governo Federal teve oportunidade de adquirir 80 milhões de doses de uma vacina contra o coronavírus em agosto, mas recusou.


As vacinas seriam entregues até novembro e a campanha de imunização poderia ter começado em dezembro. Mas, calma, por que vacina? Temos, ora, mais de 4 milhões de comprimidos de cloroquina guardados, mesmo não tendo eficácia comprovada – na verdade já foi provado cientificamente que o medicamento não é recomendado para pacientes portadores do vírus, podendo até causar complicações graves à saúde.


Sim, o governo federal gastou mais de 1,5 milhões de reais em julho de 2020 para produzir um medicamento que não pode ser utilizado por pacientes com coronavírus. Isso, por si só, seria motivo para o presidente da câmara dos deputados, Rodrigo Maia, largar sua covardia de lado e colocar em votação algumas das dezenas de pedidos de impeachment que estão há meses em sua mesa, e foram sumariamente ignorados.


Diante da tertúlia delinquente desse bando, o JM não vê maneira mais adequada para definir a extrema-direita tupiniquim e sua gangue de milicos, evangélicos, viúvas da farda e amantes do coturno senão sistematicamente contradizer o ministro Eduardo Pazuello: fracassados para defini-los, caro Pazuello, é pouco; vocês são genocidas, criminosos, que parecem zombar dos caixões da Covid.


Pazuello, vale ressaltar, dedicou na última quinta-feira (7) boa parte de entrevista coletiva para atacar a imprensa e dizer – com sua dissimulação característica – que não irá admitir mais que jornalistas contextualizem os fatos. Ora ministro, você lamentavelmente não entendeu nada, mas saiba: a equipe do JM continuará fazendo exatamente aquilo que você repudia, isto é, vamos seguir retratando a realidade.


A bem da verdade é que isso não tem a menor importância diante do cenário catastrófico sobre o qual miseravelmente estamos imersos. Além disso, assistimos a inércia paralisante do governador Ronaldo Caiado, de Goiás, que sequer sabe quando começará a campanha de vacinação no Estado. E, do outro lado do balcão, vemos o Bolsonaro que sabe usar talheres, quer dizer, o molfadinha do Palácio dos Bandeirantes surfar na onda do coronavírus para se promover politicamente.


Sabe o que é pior? João Dória talvez seja a nossa esperança de uma vacina.


Óbvio que, com o ímpeto assassino coletivo de sua trupe, o neófito do Planalto se sente encorajado a não mexer uma palha para dar esperança em busca da vacina. Em 28 de dezembro, ele voltou a minimizar a importância dela e jogou a responsabilidade no colo dos laboratórios. Para Bolsonaro, quem tem que correr atrás da Anvisa são as farmacêuticas, e não o governo federal, que transformou a habilidade do Ministério da Saúde em promover campanhas de vacinação em massa numa piada internacional.


Se até a década passada poderíamos nos orgulhar pelas campanhas contra meningite e poliomielite, hoje nos envergonhamos por causa do fracasso eminentemente anunciado do “especialista” em logística que não sabe por onde começar a distribuir as vacinas. Como diz aquela música do Chico Buarque: vai trabalhar, vagabundo.


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