Felipe Paze
Este país está condenado
Opinião
Em artigo, o agitador cultural e artista Felipe Paz reflete sobre o genocídio em curso na Terra

Sônia Guajajara em protesto contra o genocídio da população indígena. São Paulo, 27 de abril de 2019. Foto: Mídia Ninja/Reprodução
Está condenado a um regime ignorante e genocida, a uma política corrupta da pior espécie, tem a que rouba, que é péssima, mas a pior estirpe da política é essa que mata. Que não se importa pela morte de sua nação e com o objetivo de se fazer crescer a economia, faz desaparecer, com descaso, grande parte da população.
“Irá sobrar comida agora!”, “Não vai faltar emprego!” dizem alguns. Isto também é chamado de Necropolítica e já foi praticada em outros regimes totalitaristas neste planeta exuberante que chamamos carinhosamente de nosso lar. Do qual sequer cuidamos como deveríamos para manter a nossa sobrevivência e de outros seres que aqui habitam.
A Terra pede respeito e recebe plástico e pasto, roubo e morte. Nós somos o Vírus do Planeta Terra.
Ainda sobre o nosso grande e não mais impávido país, estamos observando o colapso da nossa nação, percebemos visivelmente as formas e os meios que estão sendo utilizados para este plano de necropolítica, que condena milhares de brasileires à morte. O que não aprendemos na escola, estamos aprendendo e vivendo na vida e em nosso dia a dia.
Poderíamos ter estudado conhecimentos como consciência de classe, ideologia de gênero, conhecimentos sobre nossa ancestralidade, sobre o racismo e a real história sobre a invasão portuguesa nas terras indígenas pertencente a milhares de famílias brasileiras que já moravam aqui e que inclusive cuidaram e cuidam mais desta Terra do que jamais cuidaremos, principalmente como estamos cuidando agora.
Nossa Amazônia é servida como em um rodízio de churrascaria por todo o país, dentro do gado que pisa, come e sangra no verde da nossa bandeira.
"Sabemos que eles não suportam a poesia, então escrevo para que no compartilhar das minhas emoções possamos nos unir e resistir"
Analiso e tenho a tristeza de perceber que nosso país está mais vermelho do que nunca e que aquela frase reaça “nosso país jamais será vermelho”, está terrivelmente enganada, sinceramente, também não queria que ela estivesse certa, nunca quis que ele fosse. Mas como não ser?
O amarelo ouro fede a sangue derramado, sangue da flora, da fauna e de indígenas que lutam pelo cuidado desta terra e que morrem pela ação do garimpo e do agronegócio.
O verde, ai o verde, que pai Oxóssi nos perdoe pelo mal cuidado, nossos bosques nem tem mais vida, tem morte. O verde é trocado diariamente por notas verdes, por dinheiro, por poder, por negócios, por sujos esquemas…
Disse um velho sábio, que quando entendermos que não podemos respirar o dinheiro, iremos perceber o quanto a riqueza está no oxigênio. Este que já nos falta nos hospitais.
Penso que só nos sobra o azul, deste céu formoso e límpido, isso eu acredito que não podem mexer, está muito acima das mãos dos genocidas, mas infelizmente, não a minha esperança, ela está ferida e é colocada à prova todos os dias, já não sei mais como mantê-la viva.
Minha esperança está morta.
Mas as cinzas, ah as cinzas, é depois do fogo que meu cerrado cresce, é através das chamas que minha esperança irá retornar, mais forte, mais unida, luminosa e ainda mais sábia. Eu aguardo.
Acreditem!
05.05.2021