top of page
  • Júlia Aguiar e Lays Vieira

Intervenção chega à UFG

Atualizado: 12 de jan. de 2022

Educação

Bolsonaro nomeia menos votada pela comunidade acadêmica como reitora da Universidade Federal de Goiás

Foto: Carlos Siqueira/UFG


O presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro (PL) tem um projeto muito claro para a educação pública no Brasil: a privatização e disputa ideológica. Uma de suas táticas ao longo desses últimos três anos de mandato foi desrespeitar a autonomia universitária, garantida pela Constituição Federal de 1988, no artigo 207, como um direito fundamental para o funcionamento das universidades e instituições federais de ensino.


Nesta terça-feira (11), o presidente nomeou a professora de comunicação Angelita Pereira de Lima como nova reitora da Universidade Federal de Goiás (UFG). A nomeação causou desconforto na comunidade acadêmica, pelo fato de Angelita ter sido a menos votada dentro da listra tríplice enviada ao Ministério da Educação.


A lei determina que o presidente deve nomear um dos três selecionados na lista tríplice e a tradição é que o primeiro nome seja o nomeado. A lista é composta pelos professores mais votados pela comunidade acadêmica, na UFG, a atual vice-reitora Sandramara Matias Chaves foi a mais votada. Em segundo lugar a professora Karla Emmanuela Ribeiro Hora e por último, Angelita.


“O ato de Bolsonaro e seu ministro da Educação desrespeita a vontade da maioria dos professores, estudantes e trabalhadores técnico-administrativos da instituição e despreza a autonomia universitária”, afirma à nota de repúdio publicada pela Adufg.


Porém, diferente de outras universidades que também sofreram com intervenção, na UFG, Angelita é uma professora que critica duramente o regime bolsonarista e é conhecida por defender e estudar Direitos Humanos. Ou seja, o tiro saiu pela culatra.


Outras universidades


Bolsonaro já interveio na reitoria de 16 universidades: UFFS (Universidade Federal da Fronteira Sul), UFC (Universidade Federal do Ceará), UFVJM (Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri), UFRB (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia), UFTM (Universidade Federal do Triângulo Mineiro), UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), Cefet (Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro), UFPB (Universidade Federal da Paraíba), IFSC (Instituto Federal de Santa Catarina), IFMA (Instituto Federal do Maranhão), UFRGs (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), UNIFESSPA (Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará), IFRN (Instituto Federal Rio Grande do Norte), UNIRIO (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro), UFERSA (Universidade Federal Rural do Semi-Árido) e UFG (Universidade Federal de Goiás).


No dia 11 de julho de 2019, em café da manhã com deputados federais da bancada evangélica, o presidente afirmou que “coisas absurdas têm acontecido por causa da autonomia das universidades”.

“Ali virou terra deles, eles é que mandam. Tanto é que as listas tríplices que chegam pra nós muitas vezes não temos como fugir, é do PT, do PCdoB ou do PSOL. Agora o que puder fugir, logicamente pode ter um voto só, mas nós estamos optando por essa pessoa”, declarou Jair na ocasião.


Segundo relatório elaborado por pesquisadores brasileiros e, publicado em setembro de 2020 pelo instituto Global Public Policy Institute (GPPi): os ataques e ameaças de violência contra pesquisadores relacionados ao tema que estudam; abertura de processos disciplinares contra professores que incomodam os novos reitores e ameaças e cortes orçamentários a projetos não alinhados ideologicamente, colocam em risco a liberdade acadêmica no Brasil.


Para Fernando Cunha, presidente do Sindicato dos Professores da Universidade Federal da Paraíba (ADUFPB), Jair Bolsonaro não tem nenhum respeito pela democracia. “O que me preocupa é o princípio da autonomia universitária sobre o processo didático pedagógico de cada instituição, para que não fiquem presas aos interesses de determinados governos e empresas para produzir conhecimento. É um ataque à autonomia e democracia da universidade”, conta Cunha em entrevista ao Jornal Metamorfose.

Logo do Jornal Metamorfose
bottom of page