Júlia Aguiar
Justiça por assata
Protesto
Na tarde de sábado (19), um grupo de pessoas marcharam até a Maternidade Marlene Teixeira pedindo o fim da violência obstétrica e em luto por Assata

Manifestação pedia justiça por Assata. Foto: J.Lee
A Maternidade Marlene Teixeira, localizada em Aparecida de Goiânia, é conhecida pela população como um "açougue", fazendo referência as diversas denúncias de violência obstétrica que já ocorreram no local.
Na tarde do último sábado (19), um grupo de manifestantes marcharam até a sede da maternidade para denunciar mais um caso de violência. Dessa vez, com a mãe Ayah Akili, jovem negra de 24 anos que perdeu sua bebê Assata, que morreu em decorrência à inadimplência médica no local.
Segundo o relato de Ayah, desde o início de sua gestação ela sofreu violência obstétrica, racismo, descaso médico e teve o acesso negado à exames básicos de gravides, como pré-eclampse e de curva glicêmica.
Em outubro de 2021, Ayah chegou na maternidade com hemorragia e na necessidade de uma cesárea emergencial. Na data, ela estava com oito meses de gestação e foi encaminhada para um ultrassom, porém, o médico identificou que a criança já não tinha mais batimentos cardíacos.
Ayah afirma que enquanto estava em processo de parto, para a retirada do corpo, foi tratada com extrema violência pelos profissionais de saúde, que gritavam que ela teria que se levantar sozinha após o procedimento. Além de se negarem a realizar outros exames para confirmar a morte da criança, sob a justificativa de que raramente o diagnóstico de morte era equivocado.
A gestante também denunciou as condições insalubres da maternidade, com baratas e bichos nas alas, falta de material, moscas no centro cirúrgico e sem alimentação adequada para os pacientes. "Não pode tomar água. Não pode comer. Não pode ver acompanhante. O pai espera do lado de fora", afirmou Ayah durante a manifestação.
A Maternidade Marlene Teixeira já é conhecida pelos inúmeros casos de negligência e erros médicos cometidos pela equipe, bem como a forma insalubre pela qual a maternidade é mantida. O G1 denunciou alguns destes casos, como o desaparecimento de um corpo de um bebê em 2019, que acabou sendo incinerado por engano. Outro caso é o de Mara Rubia, que pariu seu bebê dentro do banheiro da maternidade, após horas sem assistência.
O Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego) denunciou em 2018 que a Maternidade Marlene Teixeira estava funcionando sem sala de cirurgia adequada, colocando em risco a vida de pacientes e funcionários.
Confira como foi o ato:
Fotos: Júlia Lee Aguiar