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  • Foto do escritorJúlia Aguiar

Maria de los eteros

Festival Guaporé

Curta-metragem colombiano emociona e tem um único defeito: o filme acaba; corra para assistir online e gratuitamente no 1º Festival Guaporé Internacional de Cinema Ambiental, que acaba no domingo

Filme fica disponível até o dia 11. Foto Eugenio Gómez Barrero/Divulgação


Sereno, sensível, potente e poético. “Maria de los eteros” foi o curta-metragem documental mais bonito que essa jornalista já viu. Você pode pensar que estou exagerando, mas o curta-metragem colombiano - que está disponível até domingo (11), no site do 1º Festival Guaporé Internacional de Cinema Ambiental – traz a história de mulheres ribeirinhas do mangue lutando contra a especulação portuária.


O filme de Eugenio Gómez Borrero, utiliza o resgate da construção de memória coletiva para registrar as tradições daquelas que usam as raízes do mangue colombiano como sustento. “Ele se sente ausente no presente, ontem é a casa que ele deseja”, afirma Eugenio na sinopse do filme.


Para você, querido leitor, que não conhece a Colômbia – infelizmente, assim como eu – poderá sentir até o cheiro das raízes por tamanha sensibilidade da película. Com uma fotografia sensível em tons areiosos, o filme narra poeticamente o dia a dia de algumas mulheres ribeirinhas e suas crias na colheita de mariscos no mangue.


Apesar de um filme quente, a trama é dramática. Com o avanço violento da especulação portuária que acontece na região, muitas famílias acabaram migrando para outros lugares. O neoliberalismo em sua prática mais cruel: apagamento da história com dominação covarde pelo capitalismo selvagem.


Maria de los eteros (a personagem principal) e outras 10 mulheres são as últimas a manter a tradição milenar de colher comida nas correntes do mangue. Cotidianamente elas saem de suas casas para o encontro das canoas que ficam presas em raízes na beira do rio. Elas navegam pelas águas com atenção e respeito, algo tão rico e poderoso que o diretor consegue transpassar em closes belíssimos dos olhares perdidos.


O filme dá uma atenção especial à espiritualidade provinda da negritude ribeirinha, com cenas impactantes de ritos dentro do rio. É além disso, um ato de amor recíproco: a terra lhes dá o que comer, e elas protegem com suas tradições a mata que habita aquele lugar muito antes delas.


As poucas falas do filme são a cereja do bolo, emotivas e motivacionais, demonstram a esperança que tamanha conexão com a Terra proporciona à essas mulheres guerreiras.


Acesse o festival: http://guaporefestival.com.br/
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