Lee Aguiar
Não vamos nos calar
Atualizado: 6 de out. de 2020
Doce Viagem

Protesto de um ano da morte da vereadora Marielle Franco (Psol) e Anderson, seu motorista. São Paulo, 2019. Foto: J.Lee
É, cá estamos, novamente.
Queride leitor, eu poderia escrever linhas tortas sobre meu vazio existencial, e as relações capitalistas com as vísceras que sangram pelo cu de um Deus cadela, parafraseando o maldito poeta Roberto Piva. Curiosamente, essa foi a primeira frase que publicamos no Jornal Metamorfose, que abria o nosso Manifesto pela Mídia Independente.
Perdemos o medo do absoluto, e eles reconstruíram os limites da tortura diária. O capitalismo é selvagem. As carcaças se movimentam com as incertezas, os banqueiros sobrevoam os corpos deixados a definhar-se na miséria. Será que a distribuição da informação salvaria alguém do que está por vir?
Minha mente é perturbada constantemente pelas cenas que ainda não vivi, com companheires e amantes distorcidas em fogo raivoso que paira pelo ar. Me questiono se há algo a se fazer para impedir o inegável.
Não esquecemos dos nossos mortos. Censurados. Calados à tira roupa. Não esquecemos quem mandou matar Marielle. Não vamos nos calar.
Se algo me pulsa quando o raiar do sol banha meus olhos marejados de futuro, é a voz que ainda sai livre pelas entranhas questionadoras de minha existência. Apoie a mídia independente, e confronte: e se a censura piorar?