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Nem um centímetro a mais para o fascismo

Provokeativa

Já estamos para além da asfixia

Manifestação em São Paulo pede fim ao genocídio. 29.05.21 - Foto: Larissa Rodrigues (@riot_lari)


Que o leitor não se assuste, mas, de fato, estamos em meio a uma guerra.


Uma guerra com ambiência, táticas e meios diversos. Uma guerra difusa que se trava não apenas nas ruas, mas nos símbolos, na linguagem, nos valores (impostos compulsoriamente por certo modelo já falido) e na disputa espiritual pela hegemonia das consciências. Ela se dá no dia-a-dia em todas as esferas da vida cotidiana: seja no núcleo familiar, seja numa repartição pública, no ambiente de trabalho, nas mídias e nas já tão saturadas redes sociais.


Não vemos os tanques ocupando as ruas… ao menos ainda. Pode ser até uma questão de tempo até que isso ocorra de fato ou não. É preciso estar atento e forte, os alarmes já estão soando. A coisa vai ficar ainda mais feia!


Nossos inimigos “não dormem” (“trabalhe enquanto eles dormem” - aliás, eles querem te convencer disso enquanto quem não dorme é exatamente você: garanto que eles não perdem suas preciosas oito horas de sono enquanto tem quem faça o serviço!) e agem sistematicamente para apagar os mínimos resíduos de possibilidade de resistência.


Desde o início da pandemia os campos mais progressistas e da esquerda vem tentado alertar e conscientizar o grande “público” - convenhamos: é bizarro como a era da cibernetização avançada tem destruído e degenerado a noção de “povo” em um agregado numérico que chamam de “público” ou “clientela” - e forçar as autoridades a conter o mal pandêmico que tem causado devastações humanas ao redor do globo (sim, do globo, não da terra plana).


Acontece que os grupos empoderados que ocupam as instituições públicas mais importantes no modelo vigente de sociedade em que vivemos literalmente vivem num "Brasil Paralelo". O trocadilho é mais do que casual – a escolha deste nome para uma produtora não é em nada inocente ou aleatória.


O "delírio" brasileiro parece ter se tornado algo sui generis em toda História da Civilização Ocidental. Nunca se viu fenômenos tão bizarros e contraditórios acontecendo em tão pouco tempo no mesmo lugar. E não que a civilização como antes conhecíamos fosse algo às mil maravilhas.


Muito pelo contrário, e seus vários críticos, dos mais refinados aos mais radicais e decadentistas, pareciam concordar em algum plano, por mais variados seus ângulos de observação a respeito dos procedimentos e manifestação do valor tão crucial da Civilização.


O poeta Roberto Piva, por exemplo, criticava bastante a "sucata", o "entulho", esse amontoado sem sentido de coisas, objetos. fachadas, máquinas. Já Ortega y Gasset, importante filósofo espanhol, falou da mentalidade precária das massas e de seu potencial fascista e autoritário. Nietzsche, filósofo “pop” mais incompreendido que entendido de fato, criticou, dentre outras tantas coisas da modernidade, não apenas o espírito de rebanho, mas a moral dos fracos e o ressentimento como base desse espírito. Herbert Marcuse, filósofo e cientista social alemão, em sua obra Eros e Civilização, criticou o modelo da repressão sexual sustentada pela civilização em nome do imperativo do trabalho e da produtividade a todo custo. O filósofo anarquista norte-americano John Zerzan, que já fora um dos nomes do anarcoprimitivismo, atacava a civilização como um todo como um mal generalizado que já começara a destruir nossa inocência com a aquisição da linguagem simbólica e a divisão de trabalho, das funções sociais, com a criação de interpretações oficiais das mensagens do mundo dos espíritos e os privilégios de casta. O filósofo coreano de língua alemã Byung Chul-Han, que recentemente tem se destacado por sua produção intelectual crítica, ao tripudiar e alertar sobre a falência do neoliberalismo, comenta sobre como nos tornamos escravos da sociedade da alta performance e da autoexploração sob a fachada de "liberdade".


(Poderíamos continuar avançando aqui elencando importantes críticos e críticas à civilização se não já tivéssemos exposto alguma variação em termos de amostragem.)


Todavia, ao confrontarmos a realidade brasileira dos anos 2020 - na realidade, de antes, com o Golpe e tudo - me parece que eles poderiam entrar em acordo quanto a algo muito básico: jamais o regresso à barbárie poderia ser algum tipo desejável de "solução".


Afinal de contas qual justificativa tem um presidente em uma democracia republicana – a não ser se o tal sujeito for na verdade um déspota “não-esclarecido”, nepotista aficionado em conspirações, o que parece ser mesmo o caso – para, em meio a uma grave crise sanitária, na realidade a maior da história moderna, fechar os ouvidos como um burro para as contribuições da ciência e criar todos os tipos possíveis e impossíveis de controvérsias e impedimentos para estragar caminhos diplomáticos e planejamentos diretivos e operatórios que poderiam levar o país a ser um exemplo de sucesso na campanha de vacinação de sua população?


Em Goiânia, a manifestação do #29M pedia vacina para todes e justiça para os 450 mil mortos (subnotificados, pois calcula-se que o número real seja 3x maior que o notificado, sendo em torno de 1 milhão e meio de mortos). Foto: Marcos Aleotti

Muito se difundiu nas redes por esses dias um pequeno vídeo do Papa argentino Francisco ao ser indagado sobre o Brasil no qual, em tom de brincadeira, ele diz que "O Brasil não tem solução: muita cachaça e pouca oração".


Os mais desatentos até poderiam dizer que o tal Papa até tentou ser poeta (em português do Brasil, ao menos – em que muitas tiradinhas espirituosas se passam por poemas nas redes sociais), mas que acertou fundo no meme, que já se tornou produto de exportação nacional junto com a Pitú, a 51, as commodities e as malícias vergonhosas do "Menino Neymar."


O que passou despercebido pelo "Velho Chico" da Igreja - ou talvez nem tanto, embora tenha faltado no quesito empatia - foi que Bolsonaro já tenta também, ao seu modo, exportar a deterioração espiritual e cognitiva por meio da guerra híbrida de narrativas e conflito cultural que vem operando desde seus tempos de Deputado e enquanto esteve em campanha para as "Eleições" de 2018. E aqui ele tenta implantar o seu case de sucesso.

Não seria forçoso concluir que o sucesso de seu empreendimento seria a invenção do que chamei de “brasilicídio” - uma morte por asfixia que é tão cruel e insidiosa quanto a própria morte pelo Covid-19, uma bárbara catástrofe espiritual, econômica, moral em níveis alarmantes com a normalização absoluta e apática da agressão, do genocídio sanitário, do expurgo das vozes dissidentes e da ingerência com a coisa pública.


Enquanto discípulo pasticheiro de Hitler, Mussolini e dos igualmente asquerosos Olavo de Carvalho, o “guru” do bolsonarismo, e Carlos Alberto Brilhante Ustra, o vil carrasco da linha-dura dos porões da ditadura, a ambição de Bolsonaro é superar os seus “mestres” e angariar para si o título de “o ser mais desprezível e perverso que já pisou nesse planeta”. Ou ao menos, nesse país.


De uns anos pra cá - principalmente das gestões de Dilma Rousseff adiante - as ruas não eram mais exclusivamente o campo de atuação e reivindicação dos espectros de esquerda: sejam eles moderados, progressistas, radicais e mesmo revolucionários.


Ao mesmo tempo que se foi desaparelhando a direita das instituições do poder, com a ascensão e a vitória eleitoral da esquerda nacionalmente e em alguns Estados, ela se viu em crise de abstinência da droga-Poder e descobriu a potência das manifestações que antes tanto criticavam como "coisa de estudante (e) vagabundo".


E se descobriu nas redes sociais e nos chans legítimos espaços para campanhas eternas de desinformação, deseducação intelectual e sentimental e o recrutamento de milícias por meio da gestão do irracional não plenamente elaborado.


Foi aí que uma guinada se operou e foi alavancada, principalmente desde as Jornadas de 2013 (um dos fenômenos que ainda hoje confundem até os mais experientes estudiosos, historiadores e agentes políticos) um novo tipo de extrema Direita. Mais atualizada e se gerindo nos interstícios das mídias nascentes que as gerações mais novas manobram com maestria.


O que começou em São Paulo a crescer devido à brutalidade e arbitrariedade policial contra o movimento do Passe Livre que lutava contra o já abusivo aumento de R$0,20 na passagem dos transportes urbanos (um símbolo, apenas, de algo mais profundo) acabou rebentando e se tornando um movimento de massas sem cabeças nos quais as mensagens mais confusas e contraditórias eram emitidas pela sociedade (até cartazes pedindo por "Intervenção Militar" e "Retorno do AI-5" que já se tornaram Greatest Shits nos protestos de hoje da direita). E, um dos meus favoritos: “Xô comunistas!” (Como se já tivesse havido qualquer governo “comunista” nesse país – em que comunismo os banqueiros e empresários ganharam tanto quanto os anos de governo de Lula e do PT?)


Manifestações que criaram, em seu confuso borbulhar de paradoxos visíveis, aberrações políticas como o “manifestante antipolítica” que, agarrado à sua vontade política de independência e confundindo as ruas com os fóruns da internet, fizeram de tudo para expulsar dos protestos as organizações partidárias e movimentos sociais: principalmente se fossem da “esquerda”.


Chegou-se ao absurdo de praticarem atos agressivos como linchamentos de quaisquer indivíduos que passassem por perto de seus “protestos” usando uma inocente camiseta ou qualquer peça de roupa ou acessório na cor vermelha. Ou mesmo que tentassem algum tipo de “diálogo”. (Nas redes um dos memes que “viralizou” foi justamente de um manifestante com a camiseta da seleção brasileira ostentando um taco de beisebol – ou um tacape daqueles tipo “homem da caverna” em outra versão – que continha a singela inscrição “Diálogo” talhada nele. Bastante ilustrativo do nível da coisa.)


Os anos passaram, a direita continuou ocupando quase que majoritariamente as ruas e expandindo-se nas redes, o golpe se operou e desde a presidência ingrata de Michel Temer o Brasil tem se projetado no mundo como o “país do futuro medieval”.


A tal PEC 241/16 do Teto de Gastos que impôs ao orçamento federal o congelamento de gastos em áreas tão essenciais como saúde, educação e programas sociais durante 20 anos literalmente fez o Brasil não “paralisar”, mas dar um salto para o passado. O que foi muito comemorado pelos canalhas de plantão. E com a eleição de Bolsonaro a coisa, que já era bem ruim, vamos dizer assim, tornou-se ainda muito pior!


A obsessão do presidente e de setores entre os seus seguidores com cavaleiros templários, Santa Inquisição, Opus Dei e a influência do tal movimento do Tradicionalismo (assim mesmo com ‘T’ maiúsculo’) do qual são expoentes gente da laia de Steve Bannon (um dos responsáveis pela eleição de Donald “Fascista” Trump em 2016 nos EUA) e Aleksandr Dugin, conselheiro do presidente-tirano russo Wladimir Putin, apenas abre uma fenda pela qual emergem todos os velhos fantasmas da política em uma terra que nunca velou propriamente os mortos de seus massacres, guerras civis cotidianas, as vítimas da ditadura civil-miltar e que continua a não elaborar o luto pelos mortos escalantes do Coronavírus.


Injustiças com as quais a única justificação ecoante – seja nos lábios de Bolsonaro, dos seus filhos, de seu escalão de ministros ou do seu vice-Presidente General Hamilton Mourão – é essa elaboradíssima fala consoladora: “tudo bandido”.


Simples assim.


Precisamos escancarar os passos que foram dados em prol do autoritarismo careta e arrogante, que pulsa ódio pelas liberdades e, pior, quer o controle sobre a realidade. Vídeo do JM sobre censura e o avanço da institucionalização do fascismo.


Desde o começo da pandemia, enquanto os números ainda não tinham essa expressividade tão mórbida e quase nada sabíamos a respeito do comportamento viral, ele vem minimizando o surto e contando a história da conspiração chinesa.


E diante de todas as possibilidades de negociatas com a Pfizer, com o Instituto Butantã e demais centros de desenvolvimento da vacina, e mesmo a comercialização dos insumos para a sua produção por meio do governo chinês, Bolsonaro e seus ministros simplesmente fizeram-se de cegos, surdos e loucos! Boicotaram todo e qualquer esforço para a cura do mal que já tomava proporções nefandas.


Seu filho Zero Três, o ex-“Memeinistru da Iducassaum” Abraham Weintraub e o ex-chanceler “Nazismo é de esquerda” Ernesto Araújo espalharam as mais surtadas fake news e conspirações além de xingamentos a um dos maiores parceiros comerciais do país criando imbróglios diplomáticos que mais pareciam birras de jardim de infância. Males que não só arranharam, mas ajudaram a destruir a reputação do país transformando-o em pária internacional – e que, para serem revertidos integralmente, ainda custarão muitos anos, talvez mesmo décadas de esforços.


Enquanto isso acontece, a meta é enxugar o Estado brasileiro seguindo a lógica anarcocapitalista de agenda neoliberal e necropolítica de Bolsonaro-Paulo Guedes, que não apenas tenta traficar por meio da compra de congressistas e decretos as reformas privatistas, mas, sobretudo transformar a máquina estatal em apêndice e prótese de suas próprias empresas por meio das licitações e dos favorecimentos contratuais, de modo a aprofundar ainda mais o patrimonialismo que guia a franquia Bolsonaro de Poder Miliciano. Transformando o Palácio do Planalto – e a federação - num puxadinho do Condomínio Vivendas da Barra e das empresas apoiadoras de suas campanhas.


Com o Estado raquitizado desligando-se de suas responsabilidades de prover a saúde público com as vacinas e o atendimento ambulatório adequado e estruturar civilizadamente as condições de vida – e não apenas a mera sobrevivência – de sua população, por meio do fortalecimento e incremento das instituições privadas – tentou-se até fazer passar projetos nos quais a iniciativa privada poderia “comprar” vacinas e furar a fila de espera - a população desassistida e sem seus direitos respeitados vê-se à míngua tendo que ou esperar chegar sua vez na fila ou se digladiar internamente para conseguir (se tiver sorte!) ao menos um das doses prometidas e disponibilizadas. Porque, claro, Bolsonaro e o Ministério da Saúde não compraram vacinas para todos!


Em seu depoimento cheio de murmúrios mal articulados e mentiras, o ex-Ministro General Eduardo Pazuello chegou a dizer que não entrara no consórcio para a aquisição de doses da vacina da Covax Facility porque eram “caras”. Enquanto isso as farras no cartão corporativo e o tal “orçamento paralelo” para comprar favores no Congresso continuaram acontecendo como se não houvesse sequer pandemia.


Ora, todo mundo sabe – e a CPI no Senado só tem evidenciado cada vez mais – que a culpa deste massacre e dessa imoralidade possui nome, sobrenome e endereço: Jair Messias Bolsonaro, o “mito”, o “imbroxável” (cof! cof!) presidente da República.


Todo mundo vai morrer um dia”, “quer dizer que só se morre de Covid no Brasil?” e “Não sou coveiro!” é assim que Bolsonaro evasivamente responde quando cobrado de suas devidas responsabilidades, rindo e zombando da cara de todos.


O pacote todo operado nada mais é do que as coordenadas mortíferas desta guerra de que falei no início deste artigo.


Assista ao vídeo da Antimídia sobre como barrar o fascismo no Brasil


Com a CPI do Covid-19 acontecendo e o derretimento cada vez mais acelerado de sua imagem como gestor público impossibilitando a sua pretensa reeleição, Bolsonaro está desesperado, acuado, esperneando e ameaçando dar um autogolpe e já “prevendo” que haverá fraude eleitoral em 2022, se ele não ganhar – e se não forem cédulas de papel! - que fique bem claro!


Suas tentativas de demonstração de apoio cada vez mais bizarras, seja aparecendo andando a cavalo, nadando em direção aos seus apoiadores aglomerados ou fazendo “motociata” sem máscara em plena pandemia, convocando até o seu fiel ex-Ministro Eduardo Pazuello, logo após ter deposto no Senado e mentido na CPI, para juntar-se a ele para tentar minimizar os efeitos do desastre e continuar espalhando o vírus e a desinformação estão levando ainda a maiores contaminações e ao colapso nos hospitais. Uma vulgar demonstração de poder e adesão que tem ajudado o país a cavar a própria cova.


Enquanto isso, na Colômbia recentemente ou mesmo no Chile, Bolívia e outros lugares, a população já tem demonstrando em passeatas nas ruas que acordou para a mentira e a falência do modelo neoliberal e que “se um povo tá indo às ruas em plena pandemia para protestar, é porque o governo mata muito mais do que o vírus!”.


E é exatamente ESTA a lição que precisamos aprender com a solidariedade latino-americana.

Eles querem nos convencer de que já perdemos. Que não temos mais nenhuma chance, que “tá tudo dominado”. É preciso ou ser muito ingênuo ou muito burro para se acreditar em quaisquer palavras ou intenções desses sacripantas que se reúnem usando ternos caríssimos, mas discutem qualquer coisa menos as vidas que precisam ser salvas.


E sim, um povo estupificado por seus governantes, sem auxílio digno para moradia e víveres, atirado aos leões da miséria e ao desespero do dia-a-dia, é um povo que morre calado.


Afinal, o que mais ainda podemos esperar perder? Mesmo nossa saúde mental, essa coisa tão básica para uma vida minimamente aceitável, esses canalhas têm usado para alfinetar seus dentes e arrotar alto em jantares, viagens e privilégios que todos nós temos pagado. Até agora.


Não podemos ceder sequer mais um centímetro, um mílimetrozinho que seja, a mais para o avanço e a normalização e transformação em rotina destes abusos que estamos sofrendo. Eles nunca quiseram salvar as vidas, o plano sempre foi o morticínio geral. Bolsonaro sequer escondeu isso – e como que viemos parar neste pesadelo no qual todo dia a coisa só não é a mesma porque vai piorando mais?


Os grandes atos de sábado (29 de maio) que aconteceram em praticamente todo o país – e também pelo mundo, em solidariedade ao genocídio que ocorre aqui - já começaram a esboçar nas ruas não apenas o descontentamento com os rumos bárbaros da guerra de Bolsonaro em nome da morte e do poder. Mas, apontam com efusividade e consciência sanitária para a recusa em continuarmos esperando pela morte seja em que forma que ela se apresente até a tal eleição – isso se houver – em 2022.


Desaconselhadas pela direção dos partidos mais expressivos na esquerda e no campo progressivo, as marchas aconteceram com o engajamento de movimentos, segmentos da sociedade e indivíduos independentes que já estão cansados de apenas lamentar seus mortos e esperar por saídas institucionais proporcionadas pelas vias de uma democracia periclitante.


Cansamos de ficarmos com a bunda presa na cadeira, de ficarmos rolando os feeds das redes sociais prenhes de notícias trágicas e números escabrosos, bem como das mentiras partilhadas de que vivemos num paraíso em que os comunistas foram expulsos e a corrupção “acabou”.


O Brasil paralelo dos bolsonaristas não é apenas colocado em cheque com a retomada das ruas pelas esquerdas, mas torna-se cada vez mais uma imagem que não cola à realidade.


A oportunidade aberta agora é de irmos às ruas gritar contra o genocídio, a estupidificação desta guerra cultural e a inoperância de gestores que são apaixonados pelo poder e quer que seu povo continue se sacrificando para que a realidade se transforme numa soma de infernos em que cada dia é ainda mais exasperante e desesperador do que o anterior.


Claro, tudo feito com consciência, de modo com que não se piore ainda mais o quadro assustador: distanciamento social mínimo de 1,5m entre os participantes, máscaras que PFF2 (e no caso de usar de pano que se use também uma máscara cirúrgica junto), álcool em gel e idéias na cabeça.


Por isso, digo-te, caro/a leitor(a): Levante-se! Resista! Recuse ser assassinado ou ter que escolher entre morrer de fome ou de coronavírus. Está mais do que na hora de sairmos juntos – não de “mãos dadas”, mas caminhando lado a lado numa distância segura - deste pesadelo.


Não somos nós que temos que ter medo. Não somos nós que temos que ficar ansiosos e angustiados sem nem conseguir fechar nossos olhos e sonharmos com algo mais doce e alegre. São eles que devem ter medo de nós e não conseguir mais dormir à noite!


É Bolsonaro que tem se cagar inteiro – e de quebra, no fim disso, pagar na cadeia por tudo o que tem nos feito passar.

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