JM
Novo desbunde
Doce Viagem

Fernando Magalhães, guitarrista da banda Barão Vermelho, em show no festival Porão do Rock. Brasília, 2018. Foto: J.L
Lee Aguiar
Meus caros leitores,
Onde está a nova geração do desbunde?
Em 1970, no auge da repressão provocada pelo Ato Institucional número 5 (AI-5), um grupo de jovens que não conseguiam emplacar sua poesia marginal, suja e libertária nas editoras tradicionais, decidiram lançar suas poesias impressas de forma independente. Pô, nada de novo, poetas e liberdade, à margem do sistema editorial.
Mas vem cá, cadê a nova geração do desbunde? Aqueles jovens, libertários, prontos para escarrar toda e qualquer golpe opressivo preso na garganta. Lhe digo que eles existem, só não compreendo porque ainda não são reconhecidos como grandes personalidades da nova cultura marginal.
Sinto falta da revolta, de arte subversiva. Daquele conteúdo que incomoda, te deixa desconfortável, inquieto, pronto para gritar aos ventos tudo aquilo que não é permitido dizer. Vivemos em tempos sombrios, meus caros companheiros.
Na coluna de hoje, trouxe essa foto do grande guitarrista Fernando Magalhães, da banda Barão Vermelho, no melhor show do Porão do Rock em 2018, porque bem, não existe remédio melhor para a caretice que o deboche! DE-BO-CHE.
Como curar os brônquios que sofrem ao buscar pela existência? Sinto o vórtex que percorre os pensamentos. Sofro com as memórias sensoriais que ecoam pelo som de algo novo. A arte de expressar as cores que vibram com o sol, a pura chama de sinuosidade.
Quando vamos ressignificar as ações humanas para sobrevivência da cultura, com organizações autônomas? Indago qual será a reação da vanguarda sobre a realidade.
Na solidão encaro o vazio eminente em um mundo sem amor. Seria minha dúbia alma fruto dos questionamentos de uma realidade inexistente? Esse reflexo que ecoa com o lisérgico timbre da insanidade.
Estaria a loucura nos invocando para a liberdade?
Sinto cheiro de revolta no ar, sintonizem nos canais de comunicação. Não viverei em fuga.