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  • Foto do escritorMarcus Vinícius Beck

O desenho do art déco

Atualizado: 10 de jan. de 2021

Artes visuais

Estudante publica livro infantil sobre a necessidade de se preservar os monumentos art déco de Goiânia. Ao JM, ela fala sobre a importância desses prédios para a cidade

Desenho de monumento art déco da capital goianiense que integra obra ‘Goiânia e Art Déco’ - Foto: Goiânia Art Déco Festival/ Facebook


Os prédios em estilo arquitetônico art déco são cartões-postais de Goiânia para qualquer pessoa de fora que bater perna pelo Centro da nossa cidade, e por isso devemos preservá-los e admirá-los sempre que possível. É o que propõe a estudante de arquitetura e urbanismo da Universidade Federal de Goiás (UFG), Isabel Rodrigues, 24, com a obra “Goiânia e o Art Déco”, a ser lançada em agosto próximo.


A premissa do livro é interessante: uma capivara chamada Carmen descobre a história de sua cidade. Curiosa que só, ela estava passeando pela Praça Cívica e se deu conta que havia ali edifícios diferentes dos outros que já tinha visto. Sua mãe lhe contou que as edificações têm essa textura por causa do art déco, e então decidiu pesquisar mais sobre o assunto, mergulhando na formação de Goiânia e seus monumentos.


“Eu criei a Carmen quando estava morando na França. Em todos os monumentos que eu visitava, eu desenhava ela conhecendo também. Voltando para Goiânia, decidi que a Carmen deveria visitar os patrimônios goianos. Foi daí que surgiu a ideia do livro, com a intenção de mostrar que nossos patrimônios têm seu próprio valor e que são tão importantes quanto qualquer outro monumento no exterior”, diz Isabel ao JM.


Pensado para ser um livro infantil com animações, a obra conta com um conteúdo lúdico e divertido que cai como uma luva de pelica para as crianças descobrirem a grandeza do patrimônio goianiense. Isabel quer que elas se sintam pertencentes à cidade e à história ao apreciar as obras e, com isso, que os monumentos estejam presentes em suas memórias desde a infância, sendo valorizados e preservados.


Goiânia, vale ressaltar, é conhecida internacionalmente pela sua arquitetura, com direito a reportagem publicada pelo New York Times, em 2017. No entanto, o que fazer para que esses monumentos sejam valorizados se falamos pouco sobre isso? A artista, que fez cursos de história em quadrinho, aquarela e figura humana nas Belas Artes de Paris, sugere: “Para cuidar e preservar do Centro Histórico de Goiânia no seu conjunto arquitetônico e urbanístico é preciso educar e incentivar a população a criar laços afetivos com ele”.


Ela afirma que existem estudos ricos sobre a importância do art déco goianiense, porém reconhece que esses conhecimentos ficam inacessíveis à maioria. “Ele ainda é restrito a um grupo seleto de pessoas, que estão no meio da arquitetura ou se interessam pelo tema. Minha intenção é que esse assunto chegue com mais força nas escolas, por meio da educação patrimonial”, explica a artista, que considera essencial a afirmação da identidade da cidade ser trabalhada desde as escolas.


“Os patrimônios são uma forma concreta de se dialogar com o passado, com a nossa história. A partir do entendimento de sua importância, tem-se a preservação do patrimônio”, argumenta Isabel, que no momento está finalizando seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e cujo tema dialoga com o livro “Goiânia e o Art Déco”. O nome da pesquisa é “Art Déco Para Crianças: Conhecimento e Valorização do Patrimônio Arquitetônico de Goiânia”.


A quem interessar possa: Isabel Rodrigues foi convidada pelo artista plástico Gutto Lemes para participar do festival Goiânia Art Déco, previsto para ser realizado em agosto. De acordo com Lemes, foi firmada parceria com a União Brasileira de Escritores (UBE-GO) e o evento vai contar com a participação de 22 poetas goianienses. “Cada um dará uma poesia dedicada aos 22 bens tombados art déco”, informa.


“Eu acompanhei as duas últimas edições do festival, acredito que é um evento muito importante para a valorização do patrimônio arquitetônico de Goiânia. Então, estou muito honrada de ter sido convidada. Espero que meu livro possa contribuir para o enriquecimento desse cenário em Goiânia”, arremata Isabel, que chegou a ser aluna em curso de ilustrações de paisagem e digital do artista visual Will Weston na Escola de Belas Artes de Bruxelas, na Bélgica.


Estilo arquitetônico conhecido como “estilo anos 20”, o art déco liga-se na origem ao art nouveau. Apesar de seu enraizamento francês, os padrões do déco se expandiram por toda a Europa e pelos Estados Unidos, impregnando o music hall, o cinema de Hollywood, a arquitetura, a moda, os bibelôs, as jóias, fantasias e demais áreas. No Rio de Janeiro, há escadarias e decorações de calçamento nesse estilo. Mas Goiânia conta com 22 monumentos tombados pelo Iphan.

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