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  • Gabriell Araújo

Os perigos do ‘’Eu Avisei’’

Artigo


A infeliz habilidade do atual presidente de destruir tudo o que toca já nos rendeu grandes atrasos e inúmeras infelicidades. No momento em que escrevi esse texto, ainda faltam 1331 dias para o fim do governo Bolsonaro e já podemos ver diversos eleitores arrependidos por confiarem seus votos a alguém que usa da política para causar tanto mal.


Após tantos cortes, propostas problemáticas, declarações infelizes e uma grande instabilidade dentro do governo, alguns indivíduos da esquerda utilizam de tudo isso para provar que sua posição contrária ao governo está certa; o que em grande parte não é um desacerto.


Entretanto, o prepotente ‘’eu avisei’’, direcionado a todo e qualquer eleitor do atual presidente, se torna um problema a partir do momento em que nem mesmo o proletariado, enganado pela burguesia com pouco acesso à informação, é poupado dessa crítica ácida que mais afasta que atrai.


Entenda, não estou dizendo que devemos preservar a ausência de autocrítica dos eleitores do Bolsonaro, mas devemos sim falar, de uma maneira que não torne o arrependimento em um ódio ainda mais profundo que alimentará outro presidente do mesmo feitio.


A verdade é que, o ‘’eu avisei’’, vai na contramão da conscientização, pois só menospreza grande parte dos eleitores que graças aos retrocessos do governo começaram a acreditar que estavam enganados.


A teoria marxista e o seu conceito de consciência de classe, é capaz de nos mostrar a melhor direção para que possamos lidar com um Brasil tão polarizando quanto o vigente. A classe dos trabalhadores que no capitalismo é a classe explorada e dominada, não se revolta para colocar um fim na dominação burguesa, pois lhe falta consciência de classe. A burguesia modera a superestrutura, fazendo com que a desigualdade social e a exploração não sejam contestadas pelo proletariado.


A partir dessa perspectiva, fica claro que devemos usar uma estratégia para promover a autocrítica dos eleitores do presidente, mas devemos fazer isso simultaneamente a consciência de classe. Dessa forma, e apenas dessa forma, a classe operária poderá identificar e destruir os grilhões que os mantém presos a sombra da burguesia.


Não devemos nos vangloriar por sermos contrários ao presidente desde as eleições. O momento não é propício para o narcisismo. Não podemos perder a oportunidade de conscientizar uma parcela dos 57 milhões de eleitores do Bolsonaro, pois não nos faltam causas pra lutar nem retrocessos para impedir.

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