Lays Vieira
Um país ainda colonial
Cinema
Noite do penúltimo dia do Cine BH é encerrada com debate sobre raça, colonialismo e opressão

Roda de Conversa "Tem Diferença" - Foto: Reprodução/Universo Produção
Na noite do último sábado (2), a 15º Cine BH apresentou a mesa redonda "Tem Diferença", buscando pensar como os espaços também se relacionam com posicionamentos políticos e são permeados de contrastes e violências. Aqui o foco foi a questão racial tão marcante na conformação da sociedade brasileira e o racismo ainda fortemente presente.
A mesa contou com a presença dos diretores Felipe Canêdo e Fr4ad (do filme "Um de vermelho e um de amarelo"), o diretor Matheus Moura (Ditadura roxa), a educadora Luana Costa e a ativista Lucimara. A mediação ficou por conta, novamente, de Paula Kimo, curadora da mostra Cidade em Movimento.
Dando continuidade as reflexões através do cinema, a mesa procurou, por um lado, apresentar a luta antirracista em Belo Horizonte; e, por outro lado, filmes que estimulam os contrastes que operam na cidade. Esse intuito é facilmente perceptível na obra de Canêdo e Fr4ad, que se desenrola por meio de dublagens de pessoas comuns na rua e faz uma forte alusão ao momento de polarização política pela qual passamos.
Já o potente filme de Matheus Moura, um realismo fantástico distópico, onde o mundo vive uma segregação de duas cores. O diretor faz um recorte, abordando o ambiente escolar como metáfora para discutir colonialismo racial. Outro ponto forte da obra do diretor é buscar o resgate cultural de bairros da capital mineira.
Ainda no ambiente escolar, Lucimara vai se voltar a potência dos afetos. Nesses tempos sombrios, Lucimara e a equipe responsável pelo filme "A única coisa que entendo como norte é a liberdade", fizeram questão de abordar como se dá e qual a importância da afetividade da escola e do educador.
Além disso, as perseguições políticas contra professores e os rumos que a educação vem tomando é marcante do início ao fim na roda de conversa. Como demonstrado por Luana, todos os filmes se envolvem pela educação. Consequentemente, o audiovisual pode ser entendido como uma ferramenta educacional e de fomentação crítica.
Mas, nem só de racismo, colonializmo e supressão de direitos viveu essa mesa, ela também foi marcada por resistências.Um exemplo, foi o debate levantado sobre os corpos marginalizados e estigmatizados, como é o corpo negro no Brasil, como esses corpos transitam pelo espaço urbano e o que de político podemos tirar disso.
Foram-se mais um dia e uma noite que não só levanta questões candentes, como evidência problemas ao mesmo tempo que coloca a arte como uma potência a ação e a mudança.
Assista: