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  • Foto do escritorVictor Hidalgo

UnderRail: Um RPG pós-apocalíptico

Atualizado: 21 de jul. de 2021

Sede de Arte

Jogo se destaca por sua história e jogabilidade desafiadora

UnderRail é um jogo de "Role Playing Game". Foto: Capa de UnderRail/Reprodução


Na minha estreia como colunista cultural do Jornal Metamorfose, busco trazer algo um pouco diferente. Dito isso, vou abordar jogos de desenvolvedores independentes ao redor do mundo (que funcionem no meu computador, é claro) e mostrar que podemos ter um debate que vai além de gameplay e gráficos, mas também, sobre suas histórias e lutas. E para entrar no clima de 2021 quero começar com um jogo que me é muito querido: “UnderRail'' e sua expansão “Expedition”.


UnderRail foi criado por cinco desenvolvedores Sérbios da empresa Stygian Software. Para quem bate o olho, já consegue ver as semelhanças superficiais do jogo com os clássicos da Interplay: Fallout e Fallout 2. Mas, segundo o desenvolvedor chefe, Dejan Radišić, ele se inspirou em System Shock 2 e Neverwinter Nights para as mecânicas do jogo.


Ou seja, apesar de ser um RPG clássico isométrico, suas mecânicas são muito mais profundas do que a dos jogos citados acima. Criar um personagem sem prestar atenção no caminho que quer seguir pode ser a diferença entre morrer um pouco e morrer muito no jogo. Mas estou me adiantando, bem vindos a um mundo de dor.


Antes de começar o jogo você precisa fazer uma escolha muito importante: escolher entre ganhar experiência no jogo da forma clássica (derrotando inimigos e completando missões) ou a minha preferida: pegando lixo conhecido como Oddities (esquisitices). Para jogadores novos a primeira opção é a mais fácil. Mas prefiro a segunda por ser mais divertido e desafiador encontrar essas esquisitices no mundo e ler sobre elas.


Uma coisa que é essencial para mim em qualquer categoria de entretenimento é a atmosfera que ele vai me proporcionar. Muitas vezes, tentam passar um clima que não combina com o que está sendo proposto na história e ambientação. Porém, esse não é o caso de UnderRail. Desde o começo do jogo você sente a pressão que é estar preso debaixo da terra. A sonoplastia te transporta para um mundo que se está tentando fazer o melhor com o que sobrou da humanidade e não está conseguindo.


Eu resolvi tentar criar o personagem mais roubado possível. Então, criei um totalmente focado na árvore de habilidades psiônicas, como se eu fosse um Harry Potter do fim do mundo. Uma atualização recente deixou o jogo mais balanceado nesse quesito, antes, o modo fácil era criar esse mesmo personagem roubado que explodia tudo com sua mente. Mas agora, você tem um limite de habilidades que pode carregar no seu cérebro, te obrigando a não depender apenas desses poderes. Mas ainda assim, eu não senti dificuldade em completar o jogo com essa mudança.


Se você ainda não percebeu, UnderRail se passa em um mundo pós-apocalíptico no qual grandes corporações se cansaram uma da outra e disputaram uma guerra pelo poder. Como eles resolveram isso? Bombardeando a superfície do planeta com bombas nucleares. Isso obrigou a humanidade a se deslocar para debaixo da terra com as corporações sobreviventes. O que levou a um segundo conflito entre elas. Então, dá para considerar que você está vivendo no mundo pós-pós-apocalipse, causado pela ganância de grandes corporações na disputa do monopólio do poder. Te lembram alguma coisa? Pois é.

Encontros hostis podem te pegar despreparado. Na minha personagem em uma das localidades do jogo /Reprodução


Depois do tutorial, a história do jogo começa a se desenrolar. Uma facção conhecida como os Faceless (sem rosto) começam a invadir os túneis em busca de algo que foi roubada deles. Isso vai desenrolar sua jornada para descobrir o que está acontecendo nesse mundo, e o porquê de ter tantas pessoas interessadas nesse objeto roubado.


Uma missão, mesmo que simples, que me marcou bastante no jogo foi uma que encontrei nas portas do Instituto Tchort, um grupo de fanáticos religiosos que buscam tecnologia pelo mundo e que prometem uma vida boa para aqueles que conseguirem fazer parte de sua seita. Não vou entrar em muitos detalhes, nessa missão você tem que levar um homem que pode ser imune a uma certa doença que o instituto está pesquisando para dentro dele, ele perdeu toda sua família na epidemia, mas acabou sobrevivendo. O cientista do instituto promete que vai cuidar dele, dar abrigo, etc. Bom, mais tarde na história, se você concluir essa missão, você encontra esse personagem novamente. E ele não está bem.


Falar muito mais da história do que isso seria dar muitos spoilers, mas vale falar um pouco mais da expansão que saiu um pouco antes da pandemia: Expedition. Ela é acessível a partir da metade do jogo. Você é convocado para uma expedição para uma parte isolada do mundo conhecido como Black Sea. Ninguém quer comentar muito sobre o que está acontecendo lá, só que um grupo de pesquisadores está desenterrando a tecnologia de uma das antigas corporações, e isso acabou irritando os nativos. Você acaba entrando em uma jornada de descobertas, questionamentos filosóficos sobre o que é a vida e descobrindo os mistérios dessa antiga corporação.


O jogo vai muito além de sua jogabilidade punitivista (que, na verdade só está pedindo para você prestar atenção no que está fazendo), ele traz questões filosóficas para serem debatidas de uma forma interativa, pela narrativa do jogo e suas ações. Ele expõe a ganância de corporações corruptas, até que ponto a ciência é considerada ética, quem ganha com a violência e marginalização de pessoas em situação de risco, como somos frutos de um mundo devastado e que estamos fazendo o nosso melhor para sobreviver nele, mas sem abandonar aquilo que acreditamos.


Eu recomendo UnderRail. É o fruto do trabalho de 5 pessoas que amam muitos RPGs clássicos e que conseguiram trazer ao mundo o que acredito ser um dos melhores jogos do gênero. Atualmente o estúdio está trabalhando em uma nova campanha que será vendida separada do jogo, mas a pandemia atrasou um pouco o trabalho deles.


Jogo: UnderRail e sua expansão Expedition

Desenvolvedora: Stygian Software

Preço: Jogo base R$ 27.99 e expansão R$ 19.99

Disponível no PC


Requisitos mínimos do sistema:


SO: Windows XP SP3

Processador: 1.6GHz

Memória: 2 GB de RAM

Placa de vídeo: GPU that supports shader model 2.0

DirectX: Versão 9.0c

Armazenamento: 5 GB de espaço disponível







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